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Dareon desencostou a corneta dos lábios e a deixou cair no colo. Na realidade, não importava onde ela estaria depois, porque o que se seguiria era óbvio. Prendeu a respiração, aguardando o ataque iminente de uma horda de banshess furiosas, que com toda a certeza se lançariam contra ele como lobos raivosos atrás de suas presas. De qualquer forma, não tinha saída dali. Quanto tempo demoraria até Tobias chegar? E, se chegasse, daria ele conta de subjugar todas aquelas criaturas odiáveis?
Tentou pensar positivo, mas desistiu após alguns segundos. Tinha os olhos apertados e lidava com os momentos de pânico que insistiam em assaltar sua mente, fotografias de um período que já havia desistido de lembrar. Conseguia visualizar a si mesmo perdido entre a mata fechada, os dentes afiados à mostra, sangue pingando dos lábios e o olhar com uma fúria desmedida; viu-se também apoiando as quatro patas no chão para correr atrás de um cervo, e logo atrás um bando incontável de lobos seguindo sua direção. Entre clarões e sons de gritos (os gritos, é claro, vinham da sua cabeça – ou de sua própria boca, não tinha muita certeza), pôde finalmente ver-se menino, correndo atrás de passarinhos acompanhado de pequenos e antigos amigos dos quais não sabia mais os nomes. Provavelmente estão mortos.
Se isso é a morte, pensou Dareon, apertando as patas com tanta força que chegava a enterrar as garras nos pulsos, acho muito melancólica. Pensava que veria sua família, as noites que passava em festas em tavernas sem nem saber o nome do vilarejo onde estava, todas as bebidas tomadas e as danças que lhe impeliam a convidar as mais belas moças de Azeroth (ou ao menos as que estivessem por perto no momento) a visitar seus aposentos. Era no que gostaria de pensar antes de morrer, mas nada disso lhe vinha à mente. Só lhe vinham tragédias, momentos tristes e assustadores que tinha certeza ter esquecido para sempre e, por algum motivo, ficaram guardados em uma parte muito sombria de sua mente para atacarem num momento nada oportuno.
Envolto em ideias terríveis, Dareon ousou abrir os olhos numa fresta que mal era suficiente para deixar entrar luz – não que houvesse muita, aquele lugar era tão escuro quanto uma caverna. Um cenário apropriado, refletiu, e logo em seguida percebeu que não estava sendo atacado. Estaria morto? Não também, podia sentir muito bem as feridas que havia causado nas próprias patas, o sangue quase negro molhando os pelos eriçados. De repente, seus ouvidos se apuraram e ele conseguiu ouvir o zumbido constante que se intensificava cada vez mais – e era pior, muito pior do que os de insetos ou de qualquer outra coisa.
Naquele momento, permaneceu parado, quieto como um arbusto. Aquele som vinha das banshees, com certeza absoluta. Estavam alvoroçadas, voando alto, as garras estendidas à frente como se representassem a morte. Também havia os barulhos vindos de dentro da cabana, gritos das patrulheiras que agora deviam estar correndo feito loucas para manter o artefato seguro.
Dareon sentiu vontade de rir. Elas ainda não sabiam de onde viera o som da corneta. Na realidade, de fato era um chamado estranho – poderia ter vindo de qualquer lugar. Coisa de elfos, concluiu, mais agradecido do que jamais estivera em toda a sua vida. Felizmente, seu esconderijo ajudava um pouco na confusão. A fenda na árvore era muito bem colocada e as sombras causadas pela abundância de árvores diminuiam ainda mais a visibilidade. Dareon repentinamente sentiu-se um gênio. Mas aquilo não duraria muito tempo. As banshees não demorariam a encontra-lo – e quando o encontrassem…
Um outro barulho se misturou ao ruído que já ouvia. A princípio, Dareon pensou que eram as patrulheiras se aproximando (me descobriram, me descobriram, me descobriram!), mas logo depois notou que o som vinha de outro lugar. Além de tudo, era algo diferente, um urro distante que se intensificava cada vez mais. Pensou que pareciam gritos… E, bem, definitivamente eram gritos. Não de medo, não de ordens, não de terror; eram gritos de fúria.
– AAAAAAWGHRRRRRR! – uma sinfonia de rosnados se aproximava, e Dareon finalmente pôde distinguir o cheiro de seus irmãos. O chão tremeu quando passaram por ele, todos agrupados e ferozes como as boas feras que eram.
Estou salvo, pensou, e imediatamente se pôs de pé para saltar no meio da matilha. Acompanhou os amigos nos uivos e nas rosnadas e, com os dentes à mostra, correu na direção da cabana e partiu para cima das patrulheiras sombrias.
Antes que pudesse atacar, cinco garras afiadas pousaram em seu ombro. Dareon olhou para trás, furioso, preparado para cravar os dentes em quem quer que fosse que o estivesse segurando. Quase o fez, mas felizmente conseguiu identificar Tobias Brumanto, que o olhava com ar de superioridade. Os demais worgens foram passando à sua frente e iniciando a batalha com as lacaias de Sylvana. Tobias meneou a cabeça de leve e o fez recuar.
– O que houve? – quis saber Dareon.
Tobias parou em frente à árvore em que Dareon se escondera até alguns momentos antes e disse:
– Deixe que nós lutemos. Vá recuperar a foice.
Dareon não soube o que dizer. Enquanto pensava na grandiosidade da tarefa, a luta se desenvolvia à sua frente. Tobias fez um sinal de impaciência e apontou na direção da cabana com uma garra afiada.
– Vá! – gritou, e Dareon achou por bem obedecer a ordem.
Dareon puxou o ar e se embrenhou no meio da batalha. Tirara as adagas da cintura e gritava “estou passando, estou passando!”, mas obviamente, aquele era um plano anteriormente traçado e todos já sabiam que quem pegaria a foice seria ele. Era isso ou o grupo de Tobias tinha um senso absolutamente espetacular para emergências, porque, espantosamente, os outros worgens faziam todo o possível para abrir-lhe espaço e protege-lo dos ataques das patrulheiras e das banshees. Antes que conseguisse entrar, viu-se no centro de uma muralha de cinco worgens que se fecharam à sua volta para impedir que qualquer flecha o atingisse e que qualquer banshee chegasse perto, as garras todas à frente como uma cerca de espinhos e os dentes assustadores à mostra, numa tentativa de espantar qualquer patrulheira que ousasse se aproximar.
– Certo… – murmurou quando finalmente conseguiu se livrar da proteção excessiva e foi jogado dentro da cabana. Não estava acostumado a ser o centro das atenções dessa forma.
Duas patrulheiras sombrias saíram de suas posições ao lado do batente da porta de entrada. Dareon mostrou as presas e eriçou o pelo, pronto para pular sobre as inimigas que já lhe apontavam duas adagas cada uma. Antes de ter a chance, no entanto, um worgen entrou e as atirou na parede.
– Pegue! – berrou ele, e então Dareon notou o pequeno baú pousado num canto da sala.
Os sons da batalha martelavam em sua cabeça quando deu os dois passos finais até a foice e a retirou com cuidado de dentro da caixa. Sequer esperara para ver o resto da luta que se desenvolvera logo atrás. Quando se virou para a porta novamente, o artefato nas mãos, Dareon viu os corpos das duas patrulheiras largados no chão em posições estranhas sob os enormes pés do worgen.
O olhar deste era exultante. De onde estava, Dareon conseguia ver Tobias Brumanto, ainda parado ao longe, encarando a porta da cabana com apreensão. O worgen ergueu uma das patas e lhe fez um sinal positivo.
– Guarde-a em segurança! – disse ele. – Não a solte por nada. Saia daqui e vá direto para Tal’doren, não pare e não olhe para trás. Nós o seguiremos e o manteremos em segurança. Vá!
Dareon colocou a foice sob o colete e saltou porta afora como um raio. Correu como nunca correra em toda sua vida, deixando para trás Findamata, worgens e patrulheiras. E as banshees, lembrou, agradecido. Se prestaram atenção nele ou se sabiam que a foice estava em seu poder, Dareon não queria saber. Ainda conseguiu ouvir Tobias Brumanto gritando ordens para recuar e, não muito tempo depois, o chão começou a vibrar num ritmo diferente do seu e ele soube que o reforço vinha atrás.
Rapidamente se juntaram a ele e Dareon respirou aliviado. Tobias correu ao seu lado desde que o alcançou até chegarem à Tal’doren, lançando-lhe breves sorrisos de aprovação. Os outros worgens comemoravam e sua chegada foi tão celebrada que Dareon chegou a se cansar de tanta bajulação.
– Eu sabia que podíamos contar com você! – disse Lorde Darius Crowley, puxando-o para perto. – Bom trabalho, Dareon! Bom trabalho!
Ah, sim, Dareon pensou, sorrindo internamente. Foi um ótimo trabalho. Mas aquilo tudo com certeza estava longe de terminar e ele não precisava de todo o mérito só para si. Tobias Brumanto e seus worgens haviam feito uma operação incrível e mereciam todo o louvor que pudessem receber. Que comemorem esse momento de vitória, refletiu, lembrando-se de todas as tragédias pelas quais aquele povo já havia passado. Estão ficando cada vez mais raros.
Respondeu Lorde Crowley com um sorriso simpático e deixou-o conversando com Tobias para obter os detalhes da batalha. Recostou-se à um canto sossegado de Tal’doren e fechou os olhos por um momento. Quanto a mim… Só quero ficar longe de banshees pelo resto da vida.