- [Roleplay] Renegada – parte 1
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Halie ergueu a cabeça e observou o nascimento de uma nova legião de Renegados. Assim que a luz azulada que emanava dos raios de Dália se esgotou, os recém-transformados começaram a erguer-se, um a um, e esboçar as mais variadas reações à mudança.
Alguns permaneciam largados ao chão, talvez decidindo se deveriam abrir os olhos ou não, enquanto outros gritavam, olhando-se uns aos outros, não acreditando naquela terrível realidade que assolara seu povo. Halie obrigou-se a parar de prestar atenção e distanciou-se da deprimente cena que já havia presenciado vezes demais para o seu próprio bem.
Calmamente, Dália flutuou de volta para perto das catapultas e chamou o resto do exército de volta à posição inicial. Halie aproveitou para correr até ela e avisar que voltaria à Linha de Frente dos Renegados para falar com a Rainha.
Deixou Lenhâmbar para trás com pressa, correndo de volta ao Comando o mais rápido que podia. A visão da transformação dor mortos-vivos a deixava sempre depressiva, fazendo com que se lembrasse de como ocorrera a sua própria ressurreição e pensando nos fragmentos de sua vida anterior de que ainda se recordava.
Amigos. Eu tive amigos, sempre lembrava a si mesma. Que rostos tinham? Quais eram seus nomes? Ellis lhe fazia tanta falta que ainda podia sentir seu coração ficar apertado quando se lembrava dela, por mais morto que estivesse.
Precisou recompor-se antes de se aproximar da Grande Dama Sombria e fazer uma vênia em respeito. Sylvana parou de conversar com uma patrulheira assim que a viu e prontamente esticou a mão carinhosamente em sua direção.
– Olha quem está aqui! – disse, puxando Halie para perto. – Oh, querida… Se eu não tivesse testemunhado o que você fez com meus próprios olhos, confesso que não teria acreditado, Halie.
Sylvana sorriu por um momento. Halie olhou para o chão, encabulada, criando uma nota mental para aprender a se comportar em situações como aquela mais tarde. Ainda não havia se acostumado com tantos elogios.
– Agora – continuou a Rainha Banshee –, com os magos de Lenhâmbar do nosso lado, só resta uma coisa a fazer antes que retomemos Guilnéas e enviemos aqueles cães da Aliança choramingando de volta para Ventobravo. Mas não se preocupe, Halie, a hora da vitória se aproxima!
A Dama Sombria bateu as palmas rapidamente antes de abrir seu melhor sorriso e anunciar o novo plano:
– Godfrey elaborou um plano sensacional para dizimar nossos inimigos – Sylvana deu uma risadinha e arrumou o capuz na cabeça, em seguida apontou com o dedo para um morto-vivo à sua frente. – Vou enviar você para o campo com ele para dar cabo de uma vez por todas da escória da Aliança que está se infiltrando nas nossas terras. É nossa marcha final, Halie. Começaremos assim que estiver pronta.
Halie seguiu com os olhos a direção em que Sylvana havia apontado e encarou os três Renegados envoltos em tecido negro que haviam se posicionado logo atrás. Um deles abaixou brevemente a máscara que cobria seu rosto e baixou a cabeça levemente para cumprimentá-la.
– Pois bem, Halie – começou ele. – Os ataques à nossa linha de frente são apenas…
– Oh, desculpe – Halie interrompeu-o. – Quem é você?
O Renegado pareceu realmente ofendido. Afastou a máscara de pano completamente e então respondeu:
– Lorde Godfrey, oras! Quem mais poderia ser? – puxou a máscara para cima novamente e chacoalhou o dedo rapidamente. – Não finja que não me reconhece, mocinha. Bem, como eu estava dizendo, os ataques à nossa linha de frente são apenas distrações. Com nossa atenção voltada para o massacre worgen, a Aliança conseguiu arrancar o vilarejo de Lenhardente das mãos de nossas tropas.
Godfrey abaixou-se para alcançar alguns pedaços de madeira no chão, que logo depois Halie percebeu se tratar de uma pilha de tochas.
– O lugar precisa ser purificado – prosseguiu Godfrey. – Com essas tochas, incendiaremos o vilarejo até o chão, e nossos inimigos terão que se esconder sob as cinzas!
– Oh, mas nossos inimigos estão ficando mais inteligentes – disse outro Renegado do grupo enquanto ajudava Godfrey com as tochas. – Estão se adaptando às nossas táticas… Sabe o que mais me chamou a atenção nesse ataque à Lenhardente? A composição racial da tropa atacante. Nenhum humano faz parte dela.
Como se uma piada interna houvesse acabado de ser contada, todos riram abertamente da informação. Halie deu um sorrisinho de canto e torceu para que alguém explicasse o motivo da diversão.
– Eles temem ser reanimados como Renegados, Walden! – disse Godfrey. – E com razão.
Lorde Walden concordou com a cabeça. Halie havia entendido agora a razão de não enviarem humanos na luta contra os Renegados, mas ainda não encontrava motivos para rir.
Todos temos medo da morte, quis dizer. Mas não disse, e apenas continuou escutando a discussão:
– Esses humanos merecem algumas lições de medo – concluiu Walden. – Vamos mostrar a eles o que fazemos com os cadáveres que não podemos usar.
Godfrey entregou uma tocha para cada um e reservou uma para si. Trocou mais algumas palavras com a Dama Sombria e então retornou para o lado de Halie, estalando os dedos com pressa.
– Vamos andando, chega de perder tempo – disse, empurrando-a para a frente pelos ombros. Lorde Walden e o outro morto-vivo que os acompanhava seguiam logo atrás. – Lenhardente fica à sudoeste daqui, vamos rápido. Vamos, vamos.
Halie olhou-o por um instante e então acelerou o passo, fazendo questão de caminhar sempre um pouco à frente do trio.
Durante todos os anos de sua morte, Halie jamais esqueceu-se das palavras que ouvira no curto caminho até Lenhardente. Conseguia escutar algumas partes da conversa dos três Renegados e, a partir daquele dia, jurou para si mesma que jamais se tornaria um ser parecido com aquilo no que os três haviam se transformado.
– Raiva é a única emoção que me resta – disse Lorde Walden a certo ponto, concluindo uma outra frase qualquer. – A vingança será nossa!
– Sinto-me ligeiramente aturdido – Godfrey reclamou logo depois. – Acho que não estou me adaptando à essa… condição. Mas ha-ha! “Acabou, Godfrey…” foi o que ele me disse antes de eu pular do despenhadeiro. Há! NADA TERMINOU, GREYMANE! EU VOLTEI À VIDA!
Halie alarmou-se diante da espontânea declaração, mas prosseguiu seu caminho sem olhar para trás.
– Oh, haja paciência, Ashbury! – continuou Godfrey, dando sequência à sua compulsão por mudanças de assunto repentinas. – Cubra-se! Os ossos da sua perna estão aparecendo… Por favor, aja como o Barão que diz ser.
Halie virou a cabeça sutilmente para trás para constatar que todos os três possuíam partes de ossos aparecendo para fora das roupas. O tal Barão Ashbury era o que menos deixava transparecer sua condição de morto-vivo, na realidade, tendo em vista que havia uma espécie de magia cobrindo-o por inteiro. Conforme andava, Halie reparou ainda, deixava um rastro etéreo que fazia uma comprida causa negra no ar e logo desaparecia.
– Não fui eu que causei essa agonia desgraçada à mim mesmo, Godfrey – resmungou Ashbury, envolto em sua cortina sombria. – Foi uma dádiva, lembra-se? Agora faça a gentileza de aproveitar a dádiva e cale a boca.
– Estou enlouquecendo – Lorde Walden gritou repentinamente. – Não consigo manter minha cabeça em ordem…
– Sim, deveriam ter queimado aquele cadáver maldito – Ashbury falou em tom casual.
Do que é que eles estão falando?, Halie perguntava a si mesma, tentando se convencer de que toda aquela divagação fazia algum sentido.
– Que cadáver? – questionou Godfrey, mas logo esqueceu a pergunta e mudou o rumo da conversa novamente. – Sabemos que Guilnéas foi um sonho impossível, não é? Só um homem de verdadeira visão poderia realizá-lo. Mas Greymane? Nunca.
– Ser um Renegado até tem suas vantagens – murmurou Ashbury. – Vejamos… Eu posso praticamente viver debaixo d’água. Consigo ficar submerso por um tempo 233% maior do que qualquer mortal cheio de carne. Isso aí, pode contar, 233%…
Lorde Walden deu risada.
– Sou mais do que um Renegado – disse. – Mais do que um homem… Sou uma coisa nova! Algo… Diferente…
Desta vez, Halie apressou-se o máximo que podia, tentando de todas as formas não ouvir mais aquela discussão maluca. Cada um parecia falar sobre um tema diferente, e nenhum deles se entendia, mas todos agiam como se estivessem conversando adequadamente.
– Ah! – continuou Ashbury, para a infelicidade de Halie. – E eu agora consigo me livrar de efeitos controladores de mente… PORQUE EU NÃO TENHO UM CÉREBRO! Oh, mas de fato, talvez a melhor parte seja que, agora, tenho vontade de comer a carne de outros humanoides. Comer os cadáveres em decomposição deles me confere outros poderes, sim! DE-LI-CI-O-SO!
Halie estava quase correndo, mas os três seguiam-na na mesma velocidade. Já podia enxergar o vilarejo de Lenhardente à frente, rodeado de catapultas e explosões de fumaça esverdeada.
Comer carne de humanoides. Viver debaixo d’água.
Halie tinha as mãos apertadas ao lado do corpo, a boca crispada em sinal de frustração. Eu não sou isso, repetia incansavelmente para si mesma. Enquanto se aproximavam, Lorde Godfrey ainda tinha mais reclamações a fazer a respeito do Greymane ao qual tanto se referia.
– Nunca sonhei que nosso rei nos trairia como ele fez – disse. – Em pensar que ele manteve esse segredo enquanto nos governava… Oh, repugnante!
– Resuma a conversa – pediu Ashbury. – Não estou no clima para lamúrias e divagações.
Godfrey começara a responder, mas Halie parou abruptamente e esticou o braço na direção de Lenhardente.
– Lá está o vilarejo – informou.
Os três olharam para onde indicava e o Barão Ashbury meneou a cabeça em desaprovação.
– Isso é totalmente culpa do Godfrey – concluiu. Halie revirou os olhos, sem paciência para ouvir mais frases sem sentido.
– O que faremos, então? – insistiu.
Godfrey acendeu as tochas e as entregou novamente.
– Entramos lá e queimamos tudo, é isso.
– Oh – o Barão de Ashbury ergueu a mão de repente. – Quase me esqueci! A Dama Sombria nos designou para mais uma dessas missões sem importância. Vocês sabem… se houver soldados ainda vivos, precisamos resgatá-los. Bem, eles com certeza são inúteis agora, mas nós fazemos o que a Rainha manda, não é, então vamos acabar com essa bobagem de uma vez…
Halie encarou-o, indignada. Uma missão sem importância, lembrou-se. As palavras ecoaram em sua mente, fazendo com que sentisse repugnância daquela atitude. Então é isso o que devemos pensar?
Decidiu não argumentar. Odiava-os profundamente naquele momento, mas preferiu apenas dar as costas novamente ao grupo e prosseguiu caminhando à frente, com o olhar determinado preso à visão da entrada do vilarejo de Lenhardente.