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Este é o 14º artigo de 23 posts da série Renegada.

 

Halie não conseguiu ouvir o nome dos outros dois ressuscitados, mas prestou atenção quando Lorde Vincent Godfrey abriu os olhos e levantou-se num pulo, sem entender o que estava acontecendo.

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– Eu… eu vivo novamente… – murmurou o novo morto-vivo. Então ele encarou Sylvana e encolheu-se num gesto defensivo. – O que é isso?

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– Você vive para me servir, Godfrey – disse a Dama Sombria, sorrindo ternamente. – Juntos, esmagaremos os worgens revoltosos e reclamaremos Guilnéas para os Renegados.

Um orc mal encarado que permanecia ao seu lado pigarreou alto.

– Para a Horda, a senhora quis dizer – corrigiu ele.

– Oh – Sylvana revirou os olhos –, é claro.

Os outros dois recém-ressuscitados permaneciam em pé, um de cada lado de Godfrey. Não pareciam estar entendendo a conversa, pois até aquele momento não haviam reagido a nenhuma das palavras da Rainha, apenas olhavam para as próprias mãos e tocavam seus próprios rostos com uma expressão de incredibilidade. Godfrey observou-os demoradamente e então soltou um riso seco.

– Não sou insensível à ironia do que me tornei, Grande Dama Sylvana – ele confessou. – Mas, como eu sempre disse… antes morto do que worgen. Ou, nesse caso, antes morto-vivo do que worgen.

Sylvana sorriu-lhe com o canto da boca.

– Prepare os seus homens – ordenou. – A Frente de Libertação de Guilnéas se aglomera na Muralha Greymane e logo chegarão os reforços inimigos, vindos de Ventobravo. Não temos um minuto sequer a perder – ela apontou para trás com a mão. – Tudo o que você precisar, poderá encontrar no depósito de suprimentos. Agora, vá.

Godfrey ajoelhou-se e assentiu com a cabeça.

– Como quiser, Rainha Banshee.

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Halie permaneceu quieta enquanto observava Godfrey murmurar algo para os outros dois recém-transformados e, logo em seguida, caminhar à frente deles até o depósito que Sylvana havia indicado. A própria Dama Sombria moveu as rédeas de seu cavalo e trotou para longe da vala em que os novos Renegados haviam sido ressuscitados, abrigando-se da chuva sob uma estrutura de madeira precariamente construída no centro do acampamento, sempre rodeada por suas val’kyren e uma escolta de patrulheiras que a acompanhava onde quer que fosse.

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A Rainha Banshee fez um gesto para que Halie se aproximasse.

– O dia de hoje marca um novo começo para os Renegados e o fim da Aliança em Lordaeron – disse ela, parecendo satisfeita consigo mesma. – Bem, Halie, preciso que você faça uma coisinha… Enquanto eu e Godfrey cuidamos dos preparativos para nosso ataque a Guilnéas, quero que você lidere uma investida contra Lenhâmbar, diretamente a leste daqui.

– O quê? – Halie perguntou. – Eu?

Sylvana revirou os olhos.

– Os magos de Lenhâmbar, que eram de Dalaran, ergueram uma barreira mágica que os esconde de nossas vistas – prosseguiu ela, ignorando a pergunta. – Eles estão escondidos em um tipo de… nicho dimensional, esperando as ordens da Aliança para iniciar o ataque. Precisamos impedi-los, atacando antes.

– Entendi – Halie balançou a cabeça. – Então nós vamos para Lenhâmbar e… o quê?

– Bem, se você tiver a imensa sorte de encontrá-los sem esforço, pode atacar – Sylvana ajeitou o capuz na cabeça. – Se não, acho que procurar por alguma informação que nos permita localizá-los é um bom começo.

Um resmungo rápido seguiu-se à ordem da Rainha, e todos se viraram na direção de uma das val’kyren.

– Sim, Dália? – disse Sylvana.

Halie olhou-a com impaciência.

– Esses magos de Lenhâmbar usaram magia suja para nos manter afastados – falou Dália, batendo as asas com vigor. – Eu vi, senhora. Eles criaram servos elementais para vigiar o território. E são servos obstinados, todos protegidos por feitiços de imunização que não consegui anular. Halie, nós conhecemos seu poder… Acabe com o máximo deles que você puder e colete seus núcleos. Preciso disso para elaborar um método para destruirmos todos de uma vez.

Halie assentiu, um tanto desconfiada pela gentileza da val’kyr. Fez uma rápida vênia para a Rainha e partiu imediatamente. Não pediu uma montaria, uma vez que Lenhâmbar ficava logo ao lado. Na realidade, nessas situações até preferia ir caminhando, para tentar chamar menos atenção. Ao aproximar-se de seu destino, no entanto, foi obrigada a parar no meio da estrada para pensar no que fazer. Logo à sua frente, uma barreira quase invisível separava uma parte da estrada do resto da paisagem. Era iluminada por uma leve luz azulada e, se fosse observada de longe, era possível notar que formava uma espécie de bolha em volta de uma área determinada.

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Deu alguns passos para a frente e estreitou os olhos, tentando enxergar melhor o que poderia existir do outro lado da barreira. A princípio, conseguiu distinguir as silhuetas dos guardiões elementais de que Dália falara, e eram em número muito maior do que imaginara. Escondeu-se atrás de uma pedra e calculou suas opções.

Após alguns minutos, percebeu que poderia passar por cima da pequena cerca de madeira ao invés de seguir pela estrada, o que possibilitava evitar dois servos logo no começo. Mas eu vou precisar sair daqui de algum jeito, lembrou a si mesma, então decidiu que os abateria naquele momento.

Conseguiu enfrentá-los juntos com muita dificuldade, uma vez que as criaturas possuíam certa resistência às suas magias. Depois de passar por apuros na entrada, Halie entendeu que o certo a fazer seria esgueirar-se pelos cantos, tentando passar despercebida em meio à multidão de servos que patrulhava todo o caminho.

Obteve sucesso até deparar-se com o alto muro de pedra polida que cercava a vila de Lenhâmbar. Halie tomou coragem e chamou a atenção dos dois servos que guardavam a única entrada, atraindo-os para uma parte menos vigiada, e mais uma vez precisou arranjar forças para combatê-los ao mesmo tempo.

Aguardou até a hora certa para adentrar a vila, e logo correu para esconder-se atrás do primeiro arbusto que encontrou. Observou a pequena praça, e notou que havia um servo elemental guardando cada porta. Assustou-se momentaneamente com a vigilância pesada, pensando que algum deles com certeza devia ter visto quando passou correndo pelo portal da vila. Por que não estão me atacando?

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Foi necessário meio minuto para que conseguisse entender qual era o ponto fraco do incrível sistema armado pelos magos para proteger seus segredos. Os servos elementais só protegiam uma área determinada e ignoravam tudo o que ocorria fora de sua zona específica, o que dava à Halie uma imensa vantagem, uma vez que precisava apenas evitar os servos de forma isolada, não precisando se preocupar com qualquer alarde.

É isso, ou então eu estou prestes a cometer um ato suicida. Contou até três e saiu de trás do seu precário esconderijo, mostrando-se abertamente em meio aos inimigos. Fechou os olhos com força por um momento, aguardando algum grito, ataque ou qualquer outra coisa, mas nada aconteceu.

Caminhou com cautela até a maior das estruturas, que ficava logo na entrada da vila. O servo elemental que protegia a porta só percebeu a presença indesejada quando já estava sendo assaltado e mal teve chance de contra-atacar.

Halie adentrou a casa e revistou cada canto que encontrou. Ergueu cadeiras, procurou debaixo de toalhas e folheou livros, tateou cada estante e procurou esconderijos por trás dos quadros, mas, ao final de sua busca, ainda não havia encontrado alguma coisa que servisse para o propósito de Sylvana.

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Bateu as mãos nas pernas, cansada, e virou-se para ir embora. Só então percebeu, ao passar o olhar de relance na parede do corredor, que não havia revistado uma das salas, que tinha a porta meio oculta num ponto cego da parede. Aproximou-se devagar e entrou no que parecia ser um salão de jantar sem uso. Demorou três segundos para olhar para a frente, e quando o fez, viu a figura de um servo elemental correndo em sua direção.

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Enquanto o combatia, Halie passou o olhar pelo cômodo. Sabia que aquele servo não estaria ali por acaso, certamente havia algo que necessitava de vigilância em algum lugar. Assim que conseguiu abatê-lo, seu olhar recaiu sobre um pequeno pedestal na parte mais distante da sala, exatamente atrás do local onde o servo estivera imóvel antes de ela entrar. Um pequeno livro azul, envolto por runas mágicas, pairava no ar logo acima.

Agachou-se sobre o guardião e procurou rapidamente por seu núcleo, depois pulou por cima dele e correu até lá. Esticou a mão e segurou o livro, mas suas tentativas de abri-lo foram todas inúteis, visto que a capa nem se movia, independentemente dos esforços que Halie empregava. Vencida, guardou-o junto dos núcleos e correu para fora da casa, passando ao lado de todos os servos elementais que precisara matar quando chegara em Lenhâmbar.

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Sylvana encarou, incrédula, o livro dos magos. Correu os dedos por sua lateral, observando as pequenas runas mágicas que dançavam em torno de suas mãos.

– O Códice de Lenhâmbar – disse ela. – Você conseguiu o Códice de Lenhâmbar. Perfeito!

– Halie? – chamou Dália. – Você conseguiu coletar os núcleos? – a val’kyr abriu amplamente suas asas ao receber a bolsinha das mãos de Halie e encostou em seu ombro gentilmente. – Oh, ótimo trabalho! Os elogios com os quais a Rainha Banshee agracia você pelo jeito têm razão de ser.

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Halie sorriu timidamente, sem saber muito bem como deveria reagir à demonstração de gentileza de uma val’kyr. Afastou-se e caminhou na direção de Sylvana novamente.

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– Muito astutos, selaram o códice magicamente – murmurou a Dama Sombria, ainda examinando o livro. Ficou alguns instantes em silêncio e, de repente, soltou uma gargalhada sinistra que chamou atenção de todos que estavam por perto. – É uma pena que não tenham previsto que os antigos magos de Dalaran se transformariam em Renegados.

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