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Hoje talvez vocês estranhem o tipo de post que vou escrever. Talvez eu seja um pouco agressiva. Jájá vocês entendem o porquê.

Essa semana saiu uma notícia um pouco “chocante”, vocês devem ter visto. Na Folha de São Paulo foi publicado um informativo acerca dos brasileiros e os jogos online, principalmente os famosos HUEHUEBR. Pra quem não sabe o que é isso, o HUEHUEBR é uma referência aos brasileiros que jogam em jogos com pessoas de outros países, principalmente servidores norte-americanos. O termo se refere à risada dos brasileiros, o clássico “huehuehue”, e ao fato de brasileiros utilizarem o termo “BR?” para procurarem outros brasileiros em meio a tantos estrangeiros. O debate apresentado no artigo na Folha nos dá a errada conclusão de que jogadores brasileiros são verdadeiros retardados em jogos do tipo.

Eu realmente considerei o artigo muito ruim de informações, e com análises bastante superficiais. A questão é que quando se tratam de jogadores de games virtuais, pessoas de linha mais conservadora estão com canetas a postos para dizer todos os clichês jornalísticos que crucificam os jogos online. Talvez nem seja o caso do autor desse artigo, mas quando entramos num debate sobre os jogos virtuais em qualquer canto do mundo,  é comum desenterrarem o velho discurso sobre todas os fantasmas que os jogos carregam. É jogador que se matou por causa de jogo, que matou outras pessoas, que ficou estressadinho porque perdeu e põe fogo na casa, que é viciado a ponto de largar emprego/escola/família pra jogar, etc…

Embora eu esteja utilizando da ironia para descrever minha real indignação, esse assunto seria mais engraçado se não fosse trágico. Há uma idéia errada de que jogos online são formadores de pessoas desequilibradas. Quando o autor coloca os brasileiros em subdivisões como “mendigos virtuais”, “assaltantes”, “pedintes criativos” e etc, o leitor acaba entendendo como se nós brasileiros TODOS fizéssemos parte de uma regra dentro dos jogos, e não os “L3L3K’s” da vida como exceções. Quando eu li o artigo, me pareceu que todos os brasileiros agissem daquela forma, e embora nós saibamos que isso é uma grande mentira, quem não é tão familiarizado com o assunto pode levar isso como algo generalizado.

E mais: Se nós fossemos realmente assim, eu não estaria aqui hoje, já que eu e acredito que vários de vocês são jogadores maduros o suficiente pra não sair fazendo arrastão por aí né…

Uma coisa boa pode ser tirada do texto da Folha: É interessante ver que algumas ações podem trazer uma fama bem negativa de um povo. O autor mostra a indignação dos estrangeiros em relação ao público brasileiro, o que tenho certeza que muita gente já viu por aqui dentro do WoW. Agora, não podemos nos esquecer que nós também somos alvos de trollagem de lá fora. Já fui em Localizador de Raides que li “Ah não, tem brasileiros no grupo, ponham pra kicar”. Já fui em campos de batalha que nos mandaram subir em árvores atrás de bananas. Já fui em masmorras que o norte-americano via o servidor brasileiro, xingava alguma coisa e saía… e como nós devemos lidar com isso?

Me entristece ver que nosso país, com tantas qualidades, com um povo tão acolhedor e com uma cultura tão única tenha que sofrer calada diante desse tipo de situação. Se revidamos as provocações, aí que as trollagens em cima dos brasileiros pioram. Trolls existem dos dois lados, e assim como existem brasileiros que se revoltam com as provocações dos estrangeiros, existem brasileiros que vestem a camisa e aproveitam para provocar mais ainda. Agora, um estrangeiro que diz que “brasileiros são o submundo dos games on-line, a personificação do que é ser troll, o mais infame e odiado tipo de jogador” como está no artigo da Folha, também não merece ser louvado pelas suas ações.

Resumindo, para mim esse tipo de resposta estrangeira aos “HUEHUEBR” não passa de mais uma incorporação de preconceitos em relação aos nosso povo. Para mim um jogador ser ridicularizado e excluído por ser brasileiro, seja ele um “Gibe moni plox” ou não, é preconceito. Afinal quem coloca esse tipo de características de povo ladrão, mendigo e pedintes “criativos” com certeza não fomos nós. Lembremos também que o próprio símbolo do “HUEHUEBR” é preconceituoso: um rapaz na maioria das vezes negro (às vezes também representado com o corpo de um macaco) desdentado e retardado. Acho que estão tentando colocar esse assunto num palco todo iluminado, quando na verdade a cortina se fecha cada vez mais para as nossas participações e para as nossas respostas a esse tipo de desrespeito. Enquanto não houver punição também para o jogador que julga o outro pela sua nacionalidade, não há como conseguirmos um debate imparcial acerca do assunto.

E cá entre nós, tá pra nascer o “L3L3K” que me represente.

E vocês, consideram que todos nós somos culpados pelas ações desses poucos brasileiros depravados, ou acham que o estrangeiro também tem culpa nesse processo?

Pra quem não viu o link lá em cima, a matéria da Folha está neste link aqui.

Muito obrigada, e até mais! /kiss

Lembrando que agora vocês podem me enviar dicas de assunto pra coluna de quinta pelo email [email protected]. Espero suas contribuições! 🙂