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Estava lá eu, noob de tudo em Ventobravo e ainda de birra com minha primeira personagem, a recém-criada guerreira, pois tinha cortes de cabelos estranhos e sua roupa, no nível 10 começava a não combinar (ainda não haviam inventado a transmogrificação). Perguntei então ao meu marido (o responsável por me viciar no jogo), qual personagem “mais divertido”  eu poderia fazer. Quando ele sugeriu, com um sorriso maléfico, que eu fizesse uma warlock (se o jogo fosse traduzido para o português na época, certamente eu não iria querer fazer uma bruxa, pela minha escassa coragem para assuntos do além).

Pois bem, fiz a warlock, uma humana. Fiz as missões iniciais sem pet, pois na época não ganhávamos o Diabrete de cara, tinha que ralar e fazer missões para conseguir treinar a habilidade de evocá-lo. E foi justamente quando fiz isto à primeira vez, que me sobreveio o terror – sim, eu estava evocando uma criatura das trevas, num porão sombrio, com um símbolo macabro aos meus pés. Gritei para o meu marido, que entre gargalhadas me explicava o que eu estava fazendo. Logo eu, que fecho os olhos até para fantasmas do desenho do Scooby-doo. Resultado, deletei a bruxa e criei uma druida.

Mas hoje criei coragem e vou falar de uma referência de gelar a coluna. Aproveitando o clima de Carnaval, vou trazer uma mocinha (será?) de cinta-liga e lingeries de couro, chicote e que fica o tempo todo dando beijos estalados (para não dizer açoitados). Sim, ela, a sedutora Súcubo!

Bom, por que somente ela e não os outros “capetinhas” do bruxo? Primeiro porque estamos no WoWGirl e para o bem ou para o mal, a Súcubo tem o Girl Power! E depois que nossa amiga é, na realidade, uma grande brincadeira com um ser quase tão popular em determinados países e folclores, quanto o lobisomem, por exemplo.

Imagem retirada do fan art Blizzard

A Súcubo ou Succubus é uma mulher que seduz e domina os homens nos sonhos – e existe a versão masculina dela que se chama Íncubo, que invade os sonhos das mulheres. O mito da “mulher demônio” remonta aos mais distantes tempos da Europa antiga, sendo identificado na Grécia e Roma, ainda sem uma conotação maniqueísta. Vai tomando forma e aparece mais nítido, agora num sentido maligno, na mitologia Suméria e Judaica, sendo a mais famosa representante da classe, a renomada e mal afamada Lilith. Tida como a primeira mulher, conforme identificada na cabala, por textos e tradições orais.  Nem sempre o nome Lilith é traduzido, por questões até mesmo de tradições, sendo representado por lâmina, ser noturno, ser maligno ou animal. Na cultura medieval, os Súcubos são tão presentes, que ganharam até uma forma de serem identificada e os males que provocavam, na célebre obra de caças às bruxas, conhecido como Malleus Maleficarum ou o Martelo das Bruxas.

A aparência e representação dela variam muito conforme o tempo, local e intencionalidade. Representada como mulher normal, apenas mais sensual ou como um ser disforme, está no imaginário atual como uma mulher muito bonita e com roupas sensuais. Porém, guardando alguns detalhes bizarros, como asas de morcego e patas de bode. Frequentemente são associadas a vampiras, por terem como característica principal, sugar a energia vital das suas vítimas.

Na cultura Pop, as “mulheres demônio” estão presentes em obras como livros, filmes e videogames. Vou fazer apenas algumas citações.

Em filmes destaco dois com a temática:

Garota Infernal: Apesar de não agir exatamente como a Súcubo tradicional, nos sonhos, a Megan Fox encarna uma jovem sedutora, que apronta “capetices” com os colegas da sua cidade. Não é um filme nota 10, mas vai te dar uma noção de como uma Súcubo agiria nos dias de hoje.

O bebê de Rosemary: Assustador. Filme clássico de Roman Polansky, lançado em 1968. Nele temos a participação de um Íncubos tradicional, que fertiliza sua vítima com interesse em trazer para a carne um diabinho (no sentido literal do termo).

Nos videogames, temos:

Darkstalkers: a Série Vampires ou Darkstalkers traz a Morrigan e a Lilith (olha ela aí de novo), como personagens em jogos de sua franquia, representando a classe, com uma jogabilidade similar ao do Street-fighter – as meninas quebravam tudo com seu visual Súcubo tradicional, com asinhas de morcegos e tudo o mais.

Castlevania: Um dos meu favoritos! Prefiro deixar vocês verem um pequeno trecho da Súcubo em ação.

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Nos livros

Bom, existem várias obras que figuras de Súcubos e Íncubos aparecem, sendo parte da trama principal ou lateral, como por exemplo, a série da história do mago Mérlin, da inglesa Mary Stewart, que conta como nosso querido mago foi concebido por um Íncubo. Porém, gostaria de destacar a obra de um brasileiro.

A Batalha do Apocalipse, do escritor Eduardo Spohr, narra a história de um anjo renegado, que tem que enfrentar uma batalha épica ao longo do tempo e do espaço. Durante suas andanças, que vão da Grécia a Roma antiga, passa pela Europa medieval e no Brasil atual, Ablon, a personagem central da trama, encontra a bruxa Shamira, com quem vive grandes aventuras, que incluem uma jornada ao inferno, onde encontram ninguém menos que Lilith, aqui representada como a Rainha das Súcubos. Trata-se de uma obra de fantasia, de alguém que utilizou, brilhantemente, uma narrativa de RPG para contar uma história de forma espetacular. Leitura fluida e magnética, que nos prende e nos transporta imediatamente para o meio da trama.

Por fim, um “apelo” à Blizzard: Já que os bruxos possuem um talento que muda a aparência dos demônios, poderiam criar um glifo que alterasse a aparência da Súcubo das bruxinhas, transformando-a em um lindo Íncubo no estilo “Clube das Mulheres”!  Se isso acontecer, eu animo a voltar jogar com uma Bruxa!

…E parece que não estou sozinha “nesse apelo”, encontrei um Anão, no fórum da Blizzard, que também gostaria de andar por Azeroth com um “Íncubo Bonitão”. O post dele me rendeu boas gargalhadas.

http://us.battle.net/wow/pt/forum/topic/7709112452?page=1

Por “Íncubos Bonitões” em Azeroth  \o/