Acho que muitos de vocês já me conhecem, especialmente se frequentam o WoWGirl há um bom tempo – mas eu sinto que nunca fomos devidamente apresentados, especialmente depois de tantas mudanças e acontecimentos nos últimos tempos. Então oi, prazer, eu sou a Eikani! Pode me chamar de Flávia também, que é meu nome no servidor IRL, eu atendo do mesmo jeito.
Tô aqui hoje pra, além de falar um pouco mais de mim, conversar sobre o WoWGirl. Muita gente notou que tudo anda mais lento por aqui há alguns meses, eu recebi alguns emails e mensagens perguntando se tava tudo bem, e a verdade é que não, não tava. Nem tá 100% ainda, mas vai ficar. E eu, que nunca falei muito de mim, que nunca me senti confortável pra compartilhar nada mais pessoal aqui no site, tive vontade de escrever isso pra vocês agora, quando devia estar gravando o vídeo do que tem pra fazer essa semana no WoW (que vai sair, só mais tarde do que eu queria).
O WoWGirl sempre foi algo enorme. Não só em tamanho, em conteúdo, em números, mas principalmente, em significado. Sempre foi um manifesto do que o amor por um jogo e por uma comunidade poderia fazer: criar e compilar um conteúdo de qualidade e credibilidade pra ajudar, acolher, ensinar e informar, feito e disponibilizado de forma que o único ganho na história toda fosse amor. Sempre foi algo no qual eu acreditei muito (mais que a Lorie em varios momentos, inclusive), e sempre foi algo que vi como sendo muito maior que eu. Quando assumi o site, todos os meus esforços foram concentrados pra fazer ele crescer em números, em conteúdo, e se tornar um espaço que fosse cada vez mais a casa de todo mundo, um cantinho seguro e feliz pra qualquer pessoa que se sinta pertencente à essa comunidade. E eu fiz isso. Juntei mais gente disposta a trabalhar por esse amor, que entraram nessa comigo e que me ajudaram não só a melhorar e democratizar o WoWGirl, como também fizeram nascer o Cristal de Mana, o Girls of the Storm, o Overwatchers e o Diablo Brasil.
Mas como eu sempre digo pra quem convive comigo, a vida acontece. E por ‘a vida acontece’, quero dizer que nem sempre – ou, na maioria das vezes – tudo dá certo o tempo todo. Os dois últimos anos foram MUITO complicados na minha vida pessoal, incluindo mudanças não planejadas, períodos longos onde era extremamente difícil fazer qualquer coisa que envolvesse sair de casa ou até mesmo da cama, e, com o crescimento do site, me vi envolvida em responsabilidades que me fizeram ter que deixar de produzir conteúdo – de escrever, de fazer vídeos, de contar histórias e até mesmo de jogar. Tudo isso me sufocou de uma forma que só de lembrar dói, e me vi questionando qual o sentido disso tudo. Porque lutar por algo que existe por amor, mas só anda trazendo angústia e me fazendo mal? Como lidar com tanta expectativa, especialmente a minha, e com a vontade de sair mostrando pro mundo como isso aqui é lindo, enquanto eu me sentia isolada, excluída e que ninguém fazia questão de me conhecer ou saber do meu trabalho?
Foi muito difícil lidar com isso tudo. Ainda é muito difícil lidar com isso tudo, e confesso que mais de uma vez minha vontade era de simplesmente tirar tudo do ar, fingir que nada disso existiu e seguir minha vida, mas de novo o tal sentimento de que eu tinha nas mãos algo muito maior que eu apareceu, e me impediu de fazer isso. Mas comecei a pensar que, justamente essa ideia de ‘algo maior que eu’, que me fez trabalhar tanto, lutar tanto e cuidar tanto das outras pessoas fez também com que eu começasse a achar que eu não fazia mais parte disso. Que eu, Eikani, não pertencia mais a esse lugar – meu site, minha comunidade, meu mundo dentro do jogo. Olhava pros meus posts antigos, pra tudo que eu fazia, e só conseguia me perguntar onde foi que eu tinha me perdido, E quanto mais eu pensava, mais eu via que nada disso tinha se perdido – eu só deixei um monte de coisa que não deveria ter importância serem mais importantes que eu, que MEU site, MINHA comunidade, MEU mundo dentro do jogo. E que tudo isso ainda tava aqui dentro de mim, esperando pra poder voltar a aparecer, pra poder voltar a me fazer feliz. E é nessa busca que eu estou agora: de resgatar a felicidade e o amor que sempre foram o motivo de eu estar aqui, de trabalhar tanto por zero retorno financeiro, de encarar gente tóxica e que vive falando do que não sabe por pura maldade. Mas eu seria injusta se não dissesse que estar aqui também me traz uma enxurrada de carinho, gratidão e pessoas incríveis. E é essa segunda parte que me manteve por aqui, e manteve os sites todos no ar.
Tornar o WoWGirl meu emprego e emprego pra quem acreditou nele comigo sempre foi meu sonho e em parte foi o tamanho dessa vontade que causou todo esse caos de agora. Hoje consigo ver tudo de um jeito mais centrado, conhecendo meus limites e colocando as minhas expectativas de um jeito realista em relação a eles, além de também entender quais são meus limites em relação às outras pessoas, e ao que posso oferecer. Isso é algo no qual eu ainda acredito, mas que sei que não aconteceria da forma como eu achava que seria, não se eu não estiver inteira e com minha cabeça e energia no lugar certo.
Mas Eikani, porque você não disse nada dessas coisas antes?
Eu nunca me senti confortável compartilhando nenhuma das minhas dificuldades pessoais no geral, nem com pessoas próximas. Aqui no site, então, por ter essa ideia de ‘eu sou só uma pecinha da engrenagem’, esse sentimento de desconforto era ainda maior – e provavelmente vai continuar sendo, mas agora eu REALMENTE senti que precisava falar com vocês, que tem me dado tanto amor nesses tempos complicados. E eu finalmente entendi e assumi do jeito certo que, se eu não estiver bem, se eu não mantiver tudo rodando, não importa quantas pessoas estejam à minha volta, as coisas por aqui não andam. Eu tomava isso como um peso, e não como um sinal de que aqui é minha casa, que eu posso fazer o que eu quiser porque o WoWGirl virou o meu Vaca Druida de hoje (pra quem não sabe, o Vaca Druida foi onde eu comecei a fazer conteúdo de WoW, e lá vocês podem ver um pouco mais de quem eu, Flávia, sou, e do que quero mostrar pra vocês por aqui).
E o que vai acontecer com o WoWGirl? E a equipe do site?
O WoWGirl vai continuar aqui, pra sempre, ou enquanto eu continuar por aqui. Não existe mais equipe fixa, e nem existe previsão de voltar a ter por vários motivos diferentes, mas algumas das meninas podem eventualmente postar no site quando sentirem vontade e quiserem dividir algo. A pressão e a expectativa de algo ‘grande’ minou o ânimo de todo mundo, e eu (e mais gente também, como a Arganthe), que a gente precisava de um respiro, de um fôlego pra poder voltar a ver sentido nisso tudo. Então parei, respirei, e agora que as forças estão voltando eu tô aqui dividindo isso com vocês e vendo pra onde isso vai levar a gente – que não sei muito bem ainda o que vai ser, mas sei que vai ser bem mais leve e feliz, sem deixar de ajudar, informar e entreter vocês.
Tenho me sentido muito feliz fazendo os vídeos do canal do youtube do WoWGirl – os resumos, vídeos de respostas e lore – mas cada vez mais a vontade de escrever anda aparecendo. Não prometo nada além de que tudo que eu fizer e tudo que aparecer aqui vai ser feito com muito amor e carinho, mas espero estar cada vez mais presente e continuar fazendo parte da melhor forma possível do jogo de vocês.
E o podcast? E o gameplay?
Como não é algo que depende só de mim, eles vão aparecer sempre que as meninas que estão neles comigo tiverem disponibilidade e ânimo – logo, não garanto peridiocidade fixa. Como sempre disse, embora muita gente convenientemente ignore essa informação, tudo que fazemos é voluntário, e o que recebemos de anúncios e dos Patreons que ainda nos apoiam vai direto para as despesas de servidor. Se um dia algo mudar, e aparecer algum patrocínio ou subsídio talvez seja possível garantir um prazo certo, porque vamos combinar – é feito por amor mas demanda tempo e é trabalho, e todo mundo precisa pagar contas de casa, se alimentar e viver. Eu amo esses conteúdos tanto quanto vocês – e até mais, porque é IMENSAMENTE divertido fazer os dois, mas como eu já disse, não depende só de mim.
“Eikani, quero fazer algo pra ajudar. O que posso fazer?”
- Você pode continuar acessando os sites, curtindo as postagens nas nossas redes sociais, assistindo os vídeos, dando sugestões, compartilhando o conteúdo daqui, seja novo ou antigo, e mostrando os sites pros seus amigos. Pode mandar comentários e emails com amor, sugestões de temas e melhoria do conteúdo, dúvidas que você tem, mas lembrando sempre que os recursos que tenho hoje são limitados. Vou fazer tudo que eu puder, mas ainda sou só eu.
- Não existe previsão pro site voltar a ter equipe, como eu disse, mas as portas (e as páginas) continuam abertas, como sempre estiveram, pra conteúdo convidado. Eu acredito, sempre acreditei que informação boa deve ser dividida, e caso você queira mandar algo pra ser postado, pode me mandar um alou no [email protected] pra saber mais sobre como isso pode funcionar.
- Se quiser e puder ser Patreon do site ou fazer uma doação sua ajuda será muitíssimo bem vinda – logo mais vai rolar um ajuste nas recompensas, níveis e também vou criar um Apoia.se pra suporte em português/reais de forma que quem contribua, mesmo que apenas com a intenção de ajudar a manter tudo funcionando e atualizado (que é o que espero que seja o motivo do suporte) veja o valor que esse apoio tem, e reconheço que há algum tempo, por tudo que eu já disse, não consigo demonstrar isso da forma que gostaria e que sinto que devo fazer. Quero conseguir ficar por conta de gerar conteúdo, tanto da Blizzard quanto de outros universos, e quanto mais suporte existir, maior a chance disso acontecer, e de que eu consiga remunerar qualquer pessoa que por acaso trabalhe por aqui.
- O atendimento na lojinha do WoWGirl vai ser normalizado, e peço perdão à todos que demorei a responder e que sentiram que não receberam a devida atenção. Tá tudo bem agora, e quando for possível, trago coisas novas pra lá também 🙂
- Se você acreditar nesse projeto, e achar que pode ajudar de alguma forma que não mencionei aqui, escreve pro [email protected] falando mais de você e do que você acha que pode fazer pra contribuir.
Desculpem o textão e não desistam de mim, porque eu não vou desistir de vocês. Se quiserem falar direto comigo ou tiverem qualquer dúvida podem deixar um comentário aqui, me chamar no twitter ou mandar uma mensagem no facebook. Posso demorar a responder (porque sou a pessoa que responde no coração e tira visualização de notificações enquanto dorme e esquece delas quase que pra sempre), mas faço o possível pra responder sempre.
Com amor,
Eikani