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Este é o 46º artigo de 46 posts da série Entre Homens e Lobos.

Lorna era só sorrisos quando Dareon retornou de sua missão, acompanhado de algumas dúzias de aldeões da Vila da Pedra Incandescente resgatados.

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– Esse povo só retornou ao nosso convívio por causa de você – disse ela, a voz embargada. – Não sei nem como… Como…

Dareon chacoalhou a cabeça.

– Não precisa – retrucou ele. – Você sabe que eu faço isso porque me importo.

– Não tenho nem palavras para lhe agradecer, você foi tão…

– Pare de me bajular – Dareon riu. – Agora venha aqui e me diga como andam as coisas. Alguma novidade durante minha ausência?

Lorna caminhou com ele até um canto das cocheiras em que não havia tantos aldeões aglomerados e, quando pararam perto de uma cerca, Dareon aguardou pela resposta que demorou a vir.

– E então? – incentivou ele, percebendo a apreensão de Lorna, que torcia as mãos incansavelmente.

– Bem… – ela chutou uma pedra para longe, procurando ganhar tempo. – Chegou a hora, Dareon.

Dareon assentiu, muito sério.

– Que hora?

Lorna revirou os olhos e deixou escapar uma risada fraca.

A hora, Dareon! – ela repetiu. – De lutar!

– Oh! – Dareon riu junto. Para quem está lutando há tanto tempo, o que é mais uma batalha?, pensou. – É claro! Lutar! Contra… Contra ela, você diz?

Lorna confirmou com a cabeça.

– Sim – disse baixinho. – Nós arregimentamos todos os guilneanos disponíveis e agora só nos resta… Encarar o inimigo. Não temos mais nada pelo que esperar, entende?

É claro que Dareon entendia.

– Então vamos à forra contra Sylvana e sua matilha de Renegados de uma vez por todas – resumiu ele, pensativo.

– O Liam liderará o ataque a partir destes portões – Lorna apontou na direção da entrada de Guilnéas que era visível das cocheiras, o mais próximo de onde estavam agora. – O Rei Greymane e meu pai conduzirão as investidas contra os demais distritos.

– Parece um bom plano – Dareon deu de ombros. – Vocês se reuniram, então?

– Oh, não – Lorna respondeu rápido. – Eles estão realmente ocupados com os preparativos. Eu enviei um mensageiro para informá-los da sua missão de resgate dos últimos aldeões da Vila da Pedra Incandescente e eles chegaram à conclusão de que, tirando isso, não havia mais nada a ser feito por aqui. Tivesse você sucesso ou não, não poderíamos perder mais tempo…

– Felizmente, tudo deu certo – Dareon sorriu, ainda que meio soturnamente. – E então eles retornaram seu mensageiro informando que iniciariam os preparativos para a batalha, é isso?

Lorna confirmou.

– Você terá um papel crucial na ofensiva – disse ela. – Me dê licença por um segundo, sim?

Antes que Dareon pudesse responder, Lorna correra até a outra cerca das cocheiras e passara alguns segundos procurando por algo. Logo em seguida, retornara tão rápido quanto desaparecera, abrindo caminho aqui e ali entre os aldeões e um enorme florete pendendo de suas mãos. Tinha uma expressão tão resoluta no rosto que Dareon se sentiu encorajado.

– Toma aqui – disse ela, ofegante, estendendo o florete da direção de Dareon.

Dareon segurou a arma em suas enormes patas e a encarou com um olhar inquisitivo.

– Leve esse florete com você – Lorna explicou. – Use-o para inspirar nossos guerreiros em campo. Agora vamos nos preparar, sim? Liam chegará a qualquer momento e temos muito para organizar por aqui.

Enquanto Lorna já começava a conversar com vigias e ordenar a formação de grupos entre os aldeões, Dareon suspirou, encarando o florete que Lorna lhe entregara. Instintivamente, virou-se para o lado da estrada em que Guilnéas se localizava e ergueu os olhos para fitar o contorno da cidade, fracamente distinguível em meio à neblina forte que a cobria.

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Assim que começou a ouvir o barulho de cascos de cavalos batendo no chão de pedra atrás de si – obviamente, Liam chegando com seus homens para se posicionar –, Dareon soube que aquilo seria grande. Por mais que estivesse lutando pela libertação de seu povo há algum tempo, estava certo de que nenhum confronto que tivera até então chegaria aos pés do que estava prestes a acontecer.

Aquele não seria qualquer combate entre guilneanos e mortos-vivos. Aquela seria a Batalha por Guilnéas.