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Essa semana a Yuuko fez um texto brilhante no Girls of the Storm que veio muito a calhar sobre o que eu gostaria de conversar aqui hoje. Veio mais a calhar ainda porque eu passei por uma experiência bem chata alguns dias atrás com o que podemos chamar de “jogador tóxico” da comunidade de games, e me ajudou a perceber que por mais que a atitude de alguns jogadores faça você querer esfregar a cara dela na parede com chapisco discutir com eles até mostrar o quão errado é ser um jogador inconsequente, é preciso parar, respirar e ver que discutir só vai te fazer perder tempo e se estressar. E por isso, com as dicas preciosas da Yuuko sobre como lidar com jogadores tóxicos, quero falar com você que é um desses jogadores que só quer atrapalhar ou agir de forma ofensiva dentro dos jogos.

Primeiro: O que caracteriza um jogador tóxico?

Já jogou com alguém que, por diversão, resolveu atrapalhar seu jogo? Aquele healer que decidiu não te curar, ou ficar AFK durante a partida, ou decidiu xingar você e todos os seus familiares do nada, só porque achou em você uma grande oportunidade para ser babaca. Jogadores tóxicos são todos aqueles que estão no jogo para infernizar a vida de outros jogadores, podendo eles se divertirem com isso ou só fazerem isso porque querem. Dentro das ofensas comumente feitas por esses jogadores,há muitos casos envolvendo machismo, misoginia, racismo e xenofobia. Muitos deles também desobedecem as regras dos jogos simplesmente porque querem, e não acrescentam NADA de bom aos jogos onde estão presentes.

1. Miga, apenas pare

É importante saber que estar dentro de um jogo com comunidade online não significa que você pode sair se divertindo à custa dos outros. Inclusive, fazer isso só vai fazer com que as pessoas que prezam por um jogo justo e divertido sem humilhação ou sem atrapalhar os demais jogadores se afastem de você, e pior, vai fazer com que sua atitude incentive que jogadores com as mesmas atitudes que a sua acabem se aproximando de você. Se você quer ser parte de um grupo de babuínos bobocas balbuciando em bando, fique à vontade! Mas saiba que você será mal visto pelos outros jogadores (inclusive por profissionais e bons jogadores) pelas suas atitudes.

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“Babuínos bobocas balbuciando em bando”

Em jogos como World of Warcraft, Starcraft e Heroes of the Storm onde o jogo em grupo é muito incentivado, é difícil que grupos que queiram um jogo saudável convide um jogador que preza pelo “huehueBR”ismo e tenha um comportamento altamente destrutivo no grupo. E nem adianta chorar porque aquele core recusou seu apply ou porque determinado jogador bom te colocou no ignore, porque você colheu o que plantou.

2. Você não está ganhando nada com uma atitude considerada “tóxica”

Nada mesmo, amigo. Se seu grupo inteiro perdeu o campo de batalha porque você decidiu que seria mais legal parar de bater e ficar rindo do seu healer morrer pros inimigos, além de pontos de honra e dominação, você perdeu crédito, tempo de jogo e vários possíveis amigos. Pode ser que as pessoas nem se lembrem de você depois de um tempo, mas pode ter certeza que se lembrarem, farão questão de avisar a todos os outros integrantes do grupo o quão idiota você é. Mesmo se um amigo querido seu vir essa atitude e não dizer nada para não causar discussão, ele jamais irá te indicar para qualquer grupo de raid ou Campo de Batalha Ranqueado.

E claro, sempre há como a Blizzard te punir. Felizmente há na maioria dos jogos da empresa a função de reportar jogador por assédio, mal comportamento e trapaça. E isso pode te render alguns dias de banimento, viu? E acredite, se você receber constantes reports de jogadores que se irritaram com seu comportamento, a chance de você ser notado pelos GMs do jogo é alta. E se ainda assim a Blizzard não te punir, os outros jogadores o farão. Vão expulsar você da vida deles como se você fosse um parasita chato que fica causando coceira. Vão te expulsar de guildas, do Real ID, de grupos de comunidade no Facebook, seus posts no fórum serão ignorados, e você vai cair em tanto descrédito com a comunidade de jogadores que quando você se arrepender de todo esse comportamento, já vai ser tarde demais. E aí amigo, só parando de jogar e indo pra outro jogo onde ninguém te conheça para ter realmente um recomeço limpo.

3. Idade não é pretexto para ser ter atitudes infantis

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Eu observo muitos dos veículos de comunicação da comunidade de jogadores, o Facebook e o fórum (que são os principais) principalmente. Não só nos jogos da Blizzard, mas em outros jogos também, a quantidade de menores de 18 anos aumentou muito, e não vejo problema nisso se a idade dos pequenos for compatível com a idade mínima dos games, ou pelo menos haver um controle por parte dos pais das atitudes do filho na internet. E bem, a internet é o que chamamos de “terra sem lei”, não é? E as crianças principalmente são altamente influenciáveis, principalmente por jogadores que dêem atenção à elas ou se mostrem dignos de serem seguidos. O comportamento desses jogadores mais velhos influencia muito os jogadores mais jovens, seja pela experiência que eles mostram ter, seja pelo modo de agir, seja pelo jeito de ser que acaba atraindo a atenção dessas crianças. Não é novidade nenhuma que inúmeros sites e youtubers têm uma quantidade de fãs mirins muito maior que de fãs maiores de idade, e a atitude de pessoas ligadas a esses sites e esses youtubers acaba fazendo com que as crianças ajam da mesma forma. E claro, um youtuber ou site tóxico ou um pouco mais desinteressado em convívio social saudável nas comunidades de games acaba sim influenciando a atitude dessas crianças e criando uma legião de jogadores mirins tóxicos. E aí, como agir nesses casos?

Um movimento muito legal que já vi de youtubers ou mesmo em comunidades como grupos de Facebook e fóruns é contatar um responsável da criança sobre a atitude dela na internet. Há um tempo atrás uma moça que tinha um canal no Youtube começou a contatar a mãe de alguns dos meninos que a atacavam e a ameaçavam na sua página do Facebook, enviando imagens printadas de mensagens que ela recebia dos filhos dessas mães. Recentemente um grupo de WoW no Facebook fez a mesma coisa com um jogador que enviava mensagens de ódio para o mesmo grupo, já que as pessoas pararam de ajudá-lo por causa de sua ingratidão ou atitude ofensiva. Não sei se esse tipo de atitude resolve, mas fico mais feliz imaginando que o pirralho vai ficar uma semana sem internet de castigo por estar sendo babaca com os demais jogadores. Se ainda assim não resolver, o botão “Ignorar” está aí para isso.

4. Divertimento à custas dos outros é passageiro

Olha só, você atrapalhou o jogo daquele cara e riu com isso! E depois vai atrapalhar o jogo daquele outro cara e vai rir também, e depois daquele outro e daquele outro, e daquele outro.. até quando? Até quando você vai fazer de tudo pra atrapalhar seu próprio time, ou xingar e maltratar as pessoas por diversão? Até quando você acha que essa diversão vai durar? Até todos os seus amigos cansarem de você e você ter que se divertir com jogadores tóxicos iguais à você, ou sozinho porque ninguém mais te aguenta? E quando você decidir que é divertido ter um jogo legal e outras pessoas começarem a atrapalhar o seu jogo, seja porque reconheceram seu passado tóxico e quiseram vingança, ou seja porque são jogadores que são tóxicos como um dia você foi, e de repente isso não é mais tão divertido quanto você pensava? Ser um jogador tóxico não vai te ajudar em nada, mesmo.

5. Seu órgão sexual também não é licença para ser babaca com os demais

Nascer homem não lhe dá direito pra falar pra uma moça que ela tem que ir fazer um sanduíche pra você, ou que ela deveria parar de jogar porque ali não é lugar dela, ou pedir pra ela aparecer sem roupa na câmera pra você, ou justificar a pouca habilidade de jogo dela culpando o fato de ela ter nascido mulher. O contrário também vale: moças, dizer que um homem é menos homem por jogar com um personagem feminino, ou dizer que ele deve ser homossexual por querer jogar ao invés de sair com você, ou dizer que ele não é “homem suficiente” porque não consegue vencer de você dentro do jogo, etc etc também são comportamentos altamente tóxicos. Aliás, não existe isso de ser mais ou menos homem ou mulher por ter determinado comportamento, ou mesmo usar adjetivos pejorativos de natureza homoafetiva como “bichinha”, “viado”, “baitola” e outros adjetivos nada legais como forma de xingamento. Esse tipo de ofensa obviamente também é feito entre membros de mesmo sexo, e sinceramente: o dia que ter nascido com pênis ou vagina (e aparelhos reprodutores condizentes) determinar mais alguma coisa além de quem vai carregar no ventre uma possível criança e algumas características corporais, aí conversamos. Habilidade em jogo não se determina por sexo, e se você quer irritar alguém tentando rebaixar o nível a esse ponto, apenas pare.

6. O mundo dá voltas, queridinhaparece-que-o-mundo-da-voltas-queridinha

Dá mesmo! Já dizia Justin Timberlake, “what comes around back around“, e comportar-se mal pode te causar problemas futuramente. Já falei alguns deles aqui: ser banido, ser evitado, cair em descrédito, perder amigos, ser kickado de grupos. E tudo isso por um pouquinho de diversão que causa mal às outras pessoas, e em jogos competitivos isso pode fazer até com que você perca ranking e importância dentro da comunidade. Como eu sei que jogadores tóxicos perpetuam essa atitude em outros lugares, como na escola ou mesmo em casa, fica a dica: esse é o melhor jeito de fazer as pessoas perderem a paciência com você, te punirem ou se afastarem de você. E quando você finalmente perceber que essa atitude só lhe traz consequências ruins, pode ser tarde pra começar a consertar as coisas.

Esse cara, não seja esse cara. Vamos nos divertir todos de forma justa e sadia, sem desrespeitar os outros como forma de diversão, e assim conseguimos montar uma comunidade legal de jogadores. Há tantos jogos bons por aí que possuem comunidades horrorosas porque seus jogadores não respeitam uns aos outros, e sendo as franquias Blizzard parte do nosso dia-a-dia e jogos que carregamos no coração, nada mais justo que mantê-los livres de pessoas que tenham atitudes prejudiciais à toda a comunidade.