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Este é o 39º artigo de 46 posts da série Entre Homens e Lobos.

Depois de descobrir qual era a real situação, Dareon sentia-se cada vez mais apreensivo. Vez ou outra, ouvia partes de conversas entre refugiados, que encorajavam-se mutuamente e demonstravam certeza plena de que tudo daria certo.  Onde é que eles encontram inspiração para serem tão otimistas?, Dareon se perguntava, encarando o cenário melancólico que era aquele lugar cinza e chuvoso.

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Havia um refugiado em especial que fazia questão de iniciar calorosos discursos acerca da força do povo guilneano. Seu nome era Marcus, se Dareon bem lembrava, e quando começava a falar, todos se amontoavam para ouvi-lo.

– Esta é a nossa terra! Eles não vão tomá-la sem lutar! – dizia ele, ao que os demais refugiados davam vivas e erguiam suas trouxas de roupas como se fossem bandeiras. – Nós não morreremos como escravos! Somos guilneanos!

Após isso, iniciava-se toda uma discussão acerca da necessidade de matar um tal de Brothogg. “Nós não seremos escravos!”, Marcus repetia a cada dez segundos, então Dareon parava de ouvir. Estão desesperados por ação…

Durante o curto tempo desde que chegara, Dareon já havia presenciado três cenas como esta. A última delas, observara ao lado de Lorna, um pouco distante da aglomeração, enquanto tirava a pele de dois cervos que havia caçado para ajudar a cozinheira do grupo, uma gentil senhora chamada Magda Whitewall.

– Está ajudando a preparar a última refeição? – perguntou Lorna antes de soltar um riso entristecido.

– A pobre cozinheira talvez não consiga correr atrás de uma galinha. Se é que há galinhas por aqui… – Dareon limpou a faca. – Achei que deveria ajudá-la. Ao menos sirvo para algo enquanto não temos um plano. Aliás, nós realmente não temos um plano? – perguntou, incrédulo.

– O que você acha?

– Um ataque pelos flancos seria a melhor opção – Dareon suspirou. – Não podemos esperar para sempre, Lorna. Ninguém quer lutar, mas agora é necessário… Aqueles pobres mineradores…

Lorna concordou tristemente.

– Os refugiados falam muito de um cara chamado Brothogg, sabe quem é? – quis saber Dareon.

 

O que, não quem. Porque aquilo é uma coisa, entende? Monstruosidade nojenta! – Lorna torceu o nariz. – Eliminá-lo seria um favor para o mundo. Foi o desgraçado que comandou os Renegados no ataque à Vila da Pedra Incandescente. Soubemos disso há pouco tempo…  Talvez os aldeões ainda estejam vivos, mas não há como ter certeza sem ir atrás de Brothogg e descobrir que fim deu aos pobres coitados. Torço muito para que ainda estejam vivos… A maioria deles resistiu a muitas das desgraças causadas pela Maldição.

– Certo – Dareon deu de ombros. – Então vamos formar um grupo para caçá-lo e procurar os aldeões capturados. Você fica, eu vou.

– Se você faz questão… – ela deu de ombros. – Se quer uma dica, acho que deveria começar pelas minas.  Há alguns dias vimos alguns Renegados rondando a região. E, bem, os aldeões são mineradores…

– Ótimo! Se estiverem vivos, poderão nos ser de grande ajuda…

Lorna suspirou.

– … E de ajuda nós realmente precisamos