Este artigo é de autoria do nosso leitor Filipe de Souza, que atualmente joga com o Fiendmercury@Azralon. Ele tem uma página no facebook sobre Curadores, e nos enviou esse artigo sobre o Theorycrafting aplicado aos healers no WoW para que a gente compartilhe com vocês!
Para quem não sabe, Theorycrafting é o estudo matemático das habilidades das classes do jogo, e através da análise de todas as variáveis delas se define o caminho para o melhor aproveitamento das habilidades – e consequentemente a otimização da cura/dano da sua classe. Como o artigo dele é bem detalhado, será dividido em partes, e o post de hoje conta com a introdução e o estudo de um dos fatores principais que alteram o desempenho de um healer: a mana.
Resumo
O objetivo do artigo é definir duas metodologias básicas para analisar magias de cura no jogo World of Warcraft, mais especificamente na expansão atual (Warlods of Draenor) e, assim, comparar as magias do jogo e obter valores concretos sobre sua eficiência.
Palavras-chave:, World of Warcraft, Wow, Healer, Theorycraft.
Introdução
Muitas pessoas jogam World of Warcraft todos os dias, mas poucas se preocupam em entender o real funcionamento das mecânicas envolvidas no jogo. Esse tipo de prática, comumente conhecida como theorycraft, é fundamental para que o jogador possa ter aproveitamento total no jogo e, assim, não se limitar a simples copia de sites e possa ter o melhor aproveitamento dentro de sua realidade no jogo seja ela qual for.
Dito isso, pela comunidade que acompanho, existe muito pouco theorycraft confiável envolvendo a função de “Healer” (ou Curandeiro em português). Em geral a maioria dos sites tratam essa função igual a função de DPS o que é totalmente errôneo, uma vez que existem inúmeras peculiaridades entre essas funções distintas. Sendo assim, o principal foco deste artigo é desmistificar a teoria básica por trás das mecânicas de Cura e incentivar, principalmente, os jogadores de “Healers” a tomar conhecimento dessas mecânicas. Como minha classe praticante é sacerdote sagrado todos os exemplos e conclusões serão voltados a essa especialização, mas os métodos citados podem ser aplicados a qualquer especialização de curandeiro desde que sejam aplicadas a estas suas teorias peculiaridades.
Antes de tudo quero deixar bem claro que o intuito deste artigo não é, de maneira nenhuma, gerar algum tipo de polêmica bem como qualquer tipo de sensacionalismo e sim promover e incentivar o uso da pratica do theorycraft. Quero, também, que os leitores do artigo notem que não sera exposto opinião pessoal de nenhum gênero ou forma e serão discutidos aqui apenas conclusões e formulas matematicamente induzidas eliminando, assim, qualquer subjetividade ou relativismo do artigo.
1 – Metodologia Utilizada
Antes de tudo, é fundamental entender os métodos que serão utilizados no artigo e porque eles foram escolhidos. Existem 3 fatores principais que regem um curador e abarcam quase toda a teoria em torno deles e são eles: Mana, Tempo e Confiabilidade. Baseado nesses 3 parâmetros é possível comparar as inúmeras magias de cura existentes no jogo e, através deles, decidir qual magia é melhor e porque.
Dito isso, vamos começar a validar e usar esses critérios em magias existentes para então obter resultados concretos.
1.1- Mana
Talvez o principal fator que influencia o healer é mana, uma vez que se sua mana chega ao fim você não pode mais realizar cura. Sendo assim, é de fundamental importância maximar o aproveitamento desse recurso. É importante frisar que a Eficiência de Mana, que será a forma como compararemos as magias, não é baseado somente em seu custo bruto. Basicamente, a magia mais “barata” nem sempre é a mais eficiente uma vez que deve se considerar a quantidade curada.
Mas como comparar uma magia que faz X e custa Y com uma magia que faz Z e custa W? Simples, é preciso, primeiro, achar uma unidade comum, no caso, todas as magias são baseadas em dois grandes fatores, que serão utilizados em nosso calculo:
2 – Mana Utilizada para castar uma unidade daquela magia.
É possível converter praticamente todos os fatores internos a classe nesses dois atributos e assim aplicar esses dois dados na seguinte formula:
O resultado dessa divisão fornecera o valor do pode mágico, usando determinada magia ou rotação, em porcentagem, utilizando 1% da mana máxima do lançador, reduzido assim, qualquer magia ou rotação a um valor que expressará sua eficiência real quanto a mana.
Vamos usar como exemplo a magia Cura célere que cura 332,657 mas custa 4,14% da mana máxima. Aplicando o nosso calculo obtemos:
Ou seja, cura célere cura 80,352% do spell power do lançador a cada 1% de mana gasto. Vamos chamar esse número de EMB (Eficiência de Mana Base).
1.1.1 – Considerando buffs de Eficiencia
A fins de exemplo, vamos considerar a especialização de disciplina dos sacerdotes. Sabemos que existe um buff para disciplina chamado Arcanjo que aumenta uma porcentagem da cura realizada pelo lançador. Sendo assim, devemos considerará-lo (vamos supor que foi usado com o máximo de cargas). Sendo assim temos para magias afetas pelo Arcanjo:
Ou nesse caso:
Aplicando isso ao nosso exemplo da Cura Célere.:
Para adicionar qualquer outro buff faremos o mesmo procedimento feito com “Arcanjo”. Note que podemos adicionar multiplos buffs ou debuffs juntos e, considerando isso, podemos chegar numa equação geral que deve ser aplicada apos o calculo do ME:
Por exemplo, vamos supor que você esteja usando a “Cura Célere” enquanto você está sobre o efeito do arcanjo em um personagem afetado pela skill Espírito Guardião de um sacerdote sagrado. Nesse cenário temos:
Nesse caso a Eficiência de Mana final da magia é 160,704 – ou seja, você cura 160,704% do seu Spellpower gastando 1% da sua mana máxima.
Porém nem todos os bônus são fixos, mas eles devem igualmente considerados. Vamos continuar com este exemplo e aplicar o bonus da maestria de Sacerdotes Disciplina. Note que o buff da maestria varia de acordo com a quantidade que você tem do mesmo atributo. Dito isso, com uma simples analise podemos facilmente perceber que ela aumenta as curas realizadas em um valor (que depende da maestria) e os efeitos de absorção em duas vezes esse valor, sendo assim vamos aplicá-los ao nosso exemplo:
Como a cura a “Cura Célere” é um efeito de cura (nota do autor: Capitão óbvio ataca novamente) ela só se beneficia da primeira porcentagem. Para fins de exemplo, vamos usar a maestria base:
1.1.2 – Considerando “Procs”
Continuando com exemplo, ainda existe um outro fator que devemos considerar nesse exemplo que é a magia égide divina. Como a Égide divina se trata de um proc (no caso um crítico) convém analisar o caso em que ele acontece.
Note também que não é necessário analisar todo o tipo de proc (como um proc de golpes múltiplos para sacerdotes disciplina) por exemplo, uma vez que a relevância deles seria extremamente baixa ou nula, ou seja, não teriam grande impacto na performance em geral. Dito isso, continuemos. Caso haja o critico, nossa conta fica:
Realizando simples procedimentos matemáticos chegamos a:
Usando o nosso exemplo (considerando novamente a maestria base para fins de exemplo):
1.1.3 – Buffs sobre a eficiencia de mana
Devemos também considerar os buffs de mana, caso existam. Para isso, devemos multiplicar o custo da magia pelo percentual reduzido. Vamos analisar esse fator usando a equação base da Eficiencia de mana:
(Total de Spell power curado / Total de mana)* 1/(1-Buff de mana) -> EMB * 1/(1-Buff de mana) -> EMB/(1-Buff de mana)
Ou seja, podemos continuar nosso cálculo sem ter redefinir a eficiencia de mana base. Devemos, porém, adicionar esse fator ao calculo de buffs chegando a uma equação de buffs de gerais:
Vamos usar como exemplo a magia Cura do sacerdote sagrado afetado pelo buff da Serendipidade. Aplicando os cálculos já visto temos:
Com 1 stack de Serendipidade (20% de redução no custo):
Com 2 stacks de Serendipidade (40% de redução no custo):
1.1.4 – Analisando as curas por tempo (hots).
Antes de entender os hots, primeiro é preciso entender como eles funcionam. Para isso, confira esse link, em inglês.
Para considerar a eficiência de mana de um hot é preciso primeiro descobrir a sua faixa de Aceleração/Haste ou sua faixa de haste desejável, uma vez que cada Tick extra aumenta o poder mágico total curado. Sendo assim, podemos definir a equação abaixo como sendo o total do valor de Spellpower curado por um hot:
Vamos usar a magia renovar como exemplo. Antes de qualquer coisa precisamos saber qual os breakpoints de haste para que a magia ganhe novos ticks, e seguindo o calculo do link apresentado no começo da sessão podemos chegar o seguinte tabela para o Renovar:
Obs: A tabela considera o uso do Glifo do Renovar
Sendo assim, considerando 62,46 um valor absurdo de haste vamos analisar as outras 3 faixas. Considerando os buffs de 15% ganho no level 64, o bonus de 25% do glifo do renovar e que a cura inicial do renovar contribui infimamente para a maestria temos:
De 12,48% a 37,47% de haste: 161,33*(1+0,15+0,25)= 225,862 De 37,47% a 62,46% de haste (praticamente apenas durante CD’s de haste): 190,67*(1+0,15+0,25)= 266,938
1.1.4 – Comparando magias e rotações quanto a Eficiência de Mana
Podemos usar os cálculos acima para definir breakpoints de eficiência ou simplesmente comprar duas magias e/ou rotações. Vamos, primeiro realizar uma simples comparação entre duas magias. Cura Célere e Cura Vinculada:
Note que os buffs afetam as duas magia da mesma forma, no caso só a maestria, sendo assim não precisamos considera-lá (podemos aplicar os métodos matemáticos para elimina-lá da nossa equação), isso nos diz que a maestria não tem influencia sobre qual magia é melhor (note que o mesmo acontece para o crítico e golpes multiplos). Continuando o calculo:
Como nossa equação não apresenta mais variáveis isso significa que uma magia sempre será mais eficiente que a outra em termos de mana. No caso se a partícula da direita tiver um resultado maior significa que a “Cura Vinculada” é mais eficiente em termos de mana; se não, significa que a cura célere é mais eficiente em termos de mana. Considerando o Glifo da Cura vinculada temos:
332,667/4,14 = 80,35
Ou seja, Cura vinculada é mais eficiente que a Cura Célere em termos de mana. Vamos considerar um caso relevante onde o lançador não se cura (ou seja, ⅓ da cura é perdida por overheal), assim temos:
Podemos concluir que, em praticamente todos os casos relevantes, a Cura Vinculada é mais eficiente que a Cura Célere! (Isso não considera os procs de Torrente de Luz). Vamos agora comparar a seguinte rotação supondo que partimos de um estado neutro e que estamos usando o “Glifo da Cura Vinculada” para a rotação 1 e o Glifo do Renovar para a rotação 2:
Cura Vinculada->Cura Vinculada->Cura X Renovar->Renovar->Renovar
Para fazermos isso bastar somarmos os EMB final dessas magias (com seus devidos modificadores) e dividir pelo números de magias utilizadas, novamente a rotação com maior valor de EMB será a mais eficiente (ela terá o melhor aproveitamento médio por magia). Note que a magia Cura Vinculada gera uma carga de Serendipidade que afeta a magia Cura. Sendo assim, isso deve ser considerado. Vamos analisar a primeira partícula:
((2xEBM(Cura Vinculada) + EBM(Cura)/0,6)*(1+Mastery))/3 ((2*137,463)+(277,2))*(1+Mastery))/3 (184,042)*(1+Mastery)
Analisando a segunda partícula:
Como envolve um hot, devemos analisar suas faixas de haste separadamente, logo devemos fazer tantas comparações quanto faixas de haste que queremos analisar: Vamos analisar as 3 principais faixas de haste citadas na sub-seção anterior:
Comparando com as duas partícula temos 184,042*(1+Mastery) (Rotação 1) X 184,48 (Rotação 2)
Note que uma partícula apresenta uma variável (no caso a partícula 1), Sendo assim podemos igualar as equações e obter um valor para essa variável que nos dirá quanto da variável em questão (normalmente um atributo) é necessário para que a Rotação 1 seja igualmente eficiente que a Rotação 2 e, no caso:
Mastery = 184,48/184,042 – 1 Mastery = 0,00238 ou 0,24%
Multiplicando por 100, para visualizarmos em porcentagem, temos 0,24%, ou seja é necessário que seu personagem tenha 0,24% de maestria total (não apenas bônus) para que a Rotação 1 seja tão eficiente quanto a Rotação 2 para essa faixa de Haste.
Fazendo os mesmos cálculos para as duas demais faixas temos:
Mastery = 225,862/184,042 – 1 = 0,2272 ou 22,72% de maestria De 37,47 a 62,46: 184,042*(1+Mastery)=266,938 Mastery = 266,938/184,042 – 1 = 0,4504 ou 45,04% de maestria
O artigo ainda está sendo escrito, então o postaremos assim que o autor o atualizar! Enquanto isso vocês podem tirar suas dúvidas direto com o Filipe, aqui nos comentários ou no email dele: [email protected] 🙂