- Entrevista com Raid Líderes Brasileiros – 10 Man
- Entrevista com Raid Líderes Brasileiros – 25 Man
Olá pessoal! Fizemos uma entrevista com os raid líderes das primeiras guildas brasileiras a matar o Garrosh heróico, e hoje iremos mostrar a segunda parte da entrevista, com as guidas 25 man.
O objetivo desta entrevista é fazer com que a gente conheça um pouco mais sobre as pessoas que estão por trás destas guildas que estão entre as de melhor progressão no Brasil, quais as dicas que eles têm para dar, saber como eles lidam com dificuldades, o que buscam em seus membros, entre outras opiniões sobre a comunidade como um todo.
Lembrando que o único critério que usamos na hora de escolher os entrevistados foi sua progressão de acordo com o WoWProgress, não levando em consideração reino, facção, raça, credo, e etc.
A entrevista de hoje tem a presença dos seguintes RL de guildas 25 man:
(Respostas em ordem alfabética dos nomes dos jogadores)
Crysil: Meu nome é Eduardo, tenho 29 anos. Dentro do jogo meu nick é Crysil, jogo de Warlock desde 2005. Jogo games MMORPG’s desde o Ultima Online, lá por meados de 1996, e vi o gênero nascer e crescer ao longo do tempo.
Dvd: Eu jogo WoW desde o vanilla, porém só comecei a raidar no TBC, e como raidava em um servidor ruim, só consegui fechar Tier 5. No WOTLK fiz todo o conteúdo, raidei na Senhores do Medo (Antiga Absolution), na Vendedores de Reagente, Omnislash e por fim criei a Damnation com meus amigos Laifa, Cabrom e Doidinhu, que fechou ICC 25H. No começo do Cata a guild Damnation se dividiu, porque certos jogadores não conseguiam fazer mecânicas básicas, e o GM na época resolveu transformar a guilda em 10m, o resto que não concordou criou a Malevolence. Joguei lá em Firelands, final de Dragon Soul, começo do MoP, final de ToT e o que restou da guilda em SoO (sendo Officer).
Leeflow: Leeflow aqui, eu comecei a jogar no patch de AQ, então peguei do meio pro final do vanilla e tenho jogado desde então. Eu raidei inicialmente em molten core e blackwing lair, mas não fazia idéia ainda de como as coisas funcionavam então eu era só mais um “corpo” no grupo de 40 pessoas.
Comecei a raidar de fato no Burning Crusade, e meu grupo de 10 man fazendo Kharazan perdeu a pessoa que organizava, e como eu era o tank do grupo, acabou sobrando pra mim organizar. Desde então foi meio natural virar main tank/raid leader dos grupos que passei. Na Rise Above eu comecei a raidar em fevereiro de 2013, e cerca de 1 mês depois a guilda passou por uma “reforma na administração”, e me chamaram pra ajudar a organizar a raid. Então já faz um pouco mais de um ano que eu divido com o Ferozan a responsabilidade de Raid Leader da guilda.
Crysil: Entrei na Toca do Goblin no início de 2009, quando era liderada pelo Krussk. Ao longo do tempo fui crescendo dentro da guilda até virar Guild Master e Raid Leader. Atualmente sou RL do nosso core 25 junto com o Tsantsa. A Toca é uma guilda que por estar em atividade há muito tempo, temos um core misturado de players antigos e novos. Raidamos às sextas 23h-03am, sábado 16h-21h e domingo 19h-23h. O nosso foco é fechar content, buscando um equilíbrio entre competitividade e diversão. Isso não quer dizer que sempre jogamos rindo, e nem que sempre somos competitivos. Existem horas que é necessário jogar sério, existem horas de stress, de broncas, e existem horas de mais diversão, relaxamento. Pelo nosso core 25 já passaram mais de mil players, e muitos ainda jogam em outras guildas do server e fora dele.
Dvd: A Forward Momentum na verdade tem dois lideres, eu e o meu amigo Nouway. Ambos éramos Officers na Malevolence, até rolar uma briga com o GM da Malevolence e a guilda se dividir, nós continuamos o trabalho que estávamos fazendo e conseguimos fechar 14/14H em top 2 das 25m do Brasil. Nós raidamos Sábado e Domingo, das 14:30-19:30 em progressão, atualmente raidamos apenas sábado, e se necessário, Domingo 30 minutos.
Leeflow: A Rise Above é um grupo onde praticamente todas as pessoas estão na faixa de 25-35 anos, então é uma galera bem madura. O ambiente de raid é bem tranquilo e descontraído, mas todo mundo sabe a “hora de jogar sério”. O grupo atual raida junto há pouco mais de 1 ano. Obviamente sempre tem uma ou outra pessoa entrando e saindo do grupo, mas de um modo geral, uns 80-90% do core é fixo. Durante a progression nosso horário de raid é das 21-24h, com invites começando às 20h30. Raidamos de 2ª à 5ª feira, pra que todo mundo tenha o fim de semana disponível pra fazer o que quiser.
Crysil: Os membros que têm interesse fazem o apply no nosso fórum respondendo perguntas pré-determinadas. Nós procuramos principalmente jogadores dedicados. Com dedicação você consegue qualquer coisa, como aprender um boss ou jogar melhor. Paciência também é um fator, pois podemos chegar a dar mais de 500 tentativas num boss. Paciência, nunca passividade. Comunicação e experiência de jogo também valem muito. Outra coisa muito desejada são players que puxam responsabilidade, que se oferecem a fazer funções difíceis quando necessário, ou que não reclamam quando são escolhidos. Fazendo bem estas tarefas, estes players passam muita confiança pro core, e passam a ser vistos com bons olhos por todos.
Dvd: Nossa diretriz de recrutamento é baseada em eficiência, não importa se ele é uma pessoa odiosa ou não, claro que existem limites para ser odioso. E sempre cobramos consistência de nossos jogadores, os que não conseguem manter o padrão levam demote e os que conseguem subir o padrão, são premiados. Basicamente focamos em progressão, já que raidamos apenas 2 dias na semana, temos que focar na seriedade e no potencial de nosso jogadores, não basta ser muito legal, tem que jogar bem.
Leeflow: De um modo geral, qualquer pessoa que jogue bem pode dar apply a qualquer hora. Pra bons jogadores “sempre tem vaga”. Quando estamos buscando alguma classe específica, aí sim anunciamos em sites, fórums etc. O que a gente busca? Pessoas que saibam jogar com a classe, que sejam confiáveis e maduras. Basicamente procuramos jogadores que não tenhamos que ficar “ensinando” a jogar. Na hora do apply, nos questionamos escolhas de talent/stats/spec, fazemos perguntas sugerindo situações de luta pra saber como a pessoa reagiria, etc.
Na hora da raid, a gente espera que os jogadores tenham feito o dever de casa quanto à classe dele. Iremos passar a estratégia e o que cada um tem que fazer. Mas é obrigação do jogador saber quais são os melhores talentos para aquela luta, qual é a melhor spec pra ele usar etc.
Quanto à postura do jogador, tem que ter maturidade. Irão rolar brincadeiras e broncas, como em qualquer “jogo em equipe”. Ninguém irá desrespeitar ninguém, mas não pode rolar frescura. Pessoas que ficam reclamando ou arrumando problema com qualquer coisa não costumam durar muito na guilda. Pessoas “estrelinhas” (que só pensam na performance individual e não no grupo) também não tem muito futuro aqui. A gente tem uma frase aqui que resume bem como organizamos a raid: “Se na luta você for colocado pra ficar interrompendo um add no canto da sala, você VAI fazer isso, e vai gostar de fazer isso. Você tem que vir pra raid pensando “vou ser o cara que melhor interrompe add do server!!”. Pra jogar aqui a pessoa tem que ter noção de o grupo é mais importante do que ela. Você tem que fazer sua parte na luta, não importa quão “não-gloriosa” ela é.
Crysil: Nós buscamos fixar as vagas de classes que são essenciais ou ajudam muito na execução dos bosses, como dk’s no Lei Shen por exemplo. Depois, procuramos fixar o número de healers, melee e ranged dps POR BOSS e preenchemos estas vagas com os players que estiverem tendo o melhor desempenho entre estas funções. A composição varia bastante, pois podemos ter um boss de 3 a 4 healers como Siegecrafter e bosses de 7 a 8 healers em seguida, como o Thok. Tendem a ficar na composição na progressão os players que apresentam uma melhor combinação de dps (ou heal), sobrevivência e execução de funções específicas.
Dvd: Usamos a melhor composição, porém players melhores vem sempre à frente de classes boas. Na Forward Momentum nós não damos murro em ponta de faca, se a composição da raid está ruim para tal boss, nós damos replaces, até nos nossos mais antigos jogadores, se necessário. Eles sabem que quando isso acontece é apenas para o bem do grupo, e que futuramente eles irão matar o boss, quando estiver em farm.
Leeflow: A composição da raid varia de acordo com o boss. Tem boss que precisa de muito melee, boss que precisa de muito ranged, boss em que algumas classes levam vantagem etc. Então na primeira kill, todo mundo tem consciência que loot não importa. Iremos colocar o melhor grupo possível (tanto em relação à performance individual, quanto specs/classes) para matar o boss do modo mais eficiente possível. Depois começamos a rotacionar as pessoas pensando em loot, disponibilidade, etc
Crysil: Uma das maiores dificuldades, além é claro da própria dificuldade dos bosses, é manter o ânimo de 35, 40 players durante bosses que exigem várias tries. Conseguir manter um core 25 durante 550 tries no lei shen 25H não é uma tarefa nada fácil. Nesses momentos ter um core de officers bem montado é o essencial. Saber conversar com o grupo e ter alguns momentos bem dosados de descontração também.
Distribuir loot também gera muitas dificuldades, por isso tentamos ser o mais o transparente possível e o mais justo possível. Nós utilizamos um sistema que refinamos com o tempo, utilizando DKP, ranks de players, e um raro loot council quando achamos que existem injustiças. Existem vários outros sistemas, mas este foi o que mais nos ajudou a equalizar a distrubuição de loots.
Outro problema é PC velho (pense bem), gente que toma DC porque ligaram pro tel da casa dele, net com problemas (GVT SOS), e os tradicionais fakes da vida (um gato me atacou no caminho de casa, um mendigo invadiu minha casa e tá dormindo no sofá, uma barata entrou pela janela e posou no monitor, minha namorada ta beijando meu pescoço e errei a skill, minha net cai todo dia as 2:33 da manhã, etc etc). Ter um core de replaces bom é importante, e ter players que têm offspec com outra função é muito bom pra isso.
Dvd: A Forward Momentum foi criada a partir de um grupo 13/14H da antiga Malevolence, então não tivemos muitos problemas com progressão, apenas na Malevolence, aonde o maior problema era falta de compromisso de alguns e outros que não sabiam jogar direito. Em relação a player jogando mal, se ele for ruim sempre, vamos recrutar alguém para o lugar dele, se ele estiver indo mal em 1 final de semana, ou em 1 certo boss, nós conversamos com ele e tentamos dar suporte para que ele melhore em tal luta.
Lag e DC não da para controlar, se for algo espontâneo como a internet do BR inteiro estar ruim em certo final de semana, nós só choramos no mumble, ficamos reclamando do país etc, mas é a vida. Se for constante em 1 pessoa, nós iremos recrutar alguém para o lugar desta pessoa, e se a internet dela melhorar, ela poderá voltar para nosso Core, assim como aconteceu com o nosso shaman Invest.
Faltas, novamente, recrutamos alguém para o lugar dessa pessoa, se for constante. Loot Drama não acontece aqui, todas as regras de loot são muito bem explicadas aos nossos jogadores, deixando pouquíssimo espaço para essas discussões. Costumamos ser justos, às vezes acontecem erros e eles são corrigidos.
Leeflow: As únicas dificuldades que encontramos são relacionadas às lutas em si. Em geral nós estabelecemos uma “estratégia 1.0” e vamos adaptando de acordo com o que vemos que funciona ou não. Player jogando mal é raro acontecer, mas quando acontece as pessoas tem maturidade de saber por que estão sendo substituídas. Se é um problema recorrente, nós chamamos a pessoa de lado e explicamos o por que ela está sendo substituída. Drama quanto à isso não é tolerado.
Questão de loot é decidido por loot council. Os 4 officers decidem quem leva o loot (pensando sempre em qual player vai ter o melhor aproveitamento com o item novo) e em 99.9% das vezes, a guilda confia no nosso julgamento. Eventualmente rola um drama por uma besteira ou outra, mas as pessoas sabem que qualquer problema é só chamar um officer, conversamos com os envolvidos e resolvemos o problema ali na hora. Jamais deixamos ou toleramos os problemas ficarem acontecendo por “baixo do pano” por que é dae que nascem as intriguinhas, birras e discussões que enfraquecem o grupo.
Crysil: Olha só escolher melhor boss dentre as dezenas que matamos é bem difícil. Eu pessoalmente gostei demais do Lei Shen 25 heroic. É um boss muito completo e difícil, e uma luta muito muito bem feita. Vocé consegue fazer ela de várias formas diferentes e cada uma delas muda totalmente o jeito de lidar com as mecânicas.
Anub’arak heroic também, era um pesadelo ver a raid inteira sem HP nenhum e ninguem morrendo. E por fim, Spine of Deathwing heroic 25, no último tendão, depois de uma luta de 10 minutos, a luta se resumia a 10 segundos de sufoco absurdo, com o tank kitando cerca de 100 adds, um dano na raid ABSURDO, e os dps usando todo cd possível pra zergar aquele tendão durante os 10 segundos. Era alucinante e o coração ia na boca toda vez que chegávamos lá. A kill desse boss foi emocionante.
Dvd: Essa pergunta é difícil de responder. Eu sei que os raiders sempre reclamam do Immerseus, porque as gosmas bugam e ficam paradas, do Galakras porque a luta é muito chata e finalmente dos Klaxxi, ninguém pode errar nos Klaxxi. Acho que a que mais se divertem é o Blackfuse ou o Fallen Protectors.
Leeflow: De longe foi o Lei Shen Heroic. Foi a luta que mais “colocou a guilda no limite”, de chegarmos por 2 semanas seguidas e todo o dia wipar durante 3h nele até matar. Foi bom porque vimos que o grupo tem o mesmo foco: de vir e matar boss. Dificilmente rola choro por causa de extend, ou muitos wipes. O grupo de um modo geral tem a mentalidade: wipou? ressa, buffa, tenta denovo. Na minha opinião foi uma das melhores lutas do wow e ver a estratégia evoluir de “morremos no comecinho da luta” pra “estamos quase matando” foi muito recompensador pro grupo. E também serviu pra solidificar bem a união do grupo.
O Garrosh Heroic (com o realm first) foi mais uma “recompensa já esperada” pelo trabalho que fizemos ao longo de SoO. Apesar de ter sido legal, o Lei Shen teve um gostinho melhor pq foi o que marcou a evolução do grupo antigo, pro grupo que é hoje.
Crysil: Bem, pra nós vai dar trabalho. Nosso core está bem inflado, 44 players. Ter que fazer cortes e tirar gente do grupo nunca é legal. Mas na minha opinião foi ótimo, foi a correção de um ENORME erro da blizzard lá em firelands de dividir PvE em 10 e 25. Demorou mas eles viram isso, e acho 20 um número bem melhor que 25. Pras 25 man, este número vai ser bem melhor de organizar. Pras 10 man, bem, ao meu ver elas nunca deveriam ter existido então vão ter mais trabalho mesmo. Fixar em 20 man volta a frase “Raidar no WoW é uma sensação mítica”. Eu raidei um bom tempo 10 man junto com 25 em alt, e nunca senti essa sensação mítica em 10 man, parecia dungeon. Gostei muito dessa alteração.
Dvd: Ainda está incerto se as pessoas vão gostar ou não das mudanças, testando o Beta a maioria das pessoas está falando que está chato jogar, tanto dar DPS como curar ou tankar. O jogo ficou mais devagar, mas só vamos descobrir isso jogando raid mesmo. Por sermos uma guilda 25m, fica extremamente fácil se adaptar para o novo modo, é só diminuir 5 jogadores, sem grandes problemas para a guilda. Poderia dizer que estamos prontos.
Leeflow: De um modo geral as mudanças são boas. Ter uma dificuldade unificada (pondo um fim na briguinha de “10 x 25” man) abre muitas possibilidades. Tem muitas mecânicas que não podem ser feitas em 25 por que a luta tem que funcionar em 10 man também e vice-versa. Então com uma dificuldade unificada, a possibilidade de mecânicas de luta mais interessantes e balanceadas é muito maior.
Em relação ao nosso grupo, a gente não está tendo muito problema porque é meio natural as pessoas pararem de jogar, resolver mudar de guilda entre uma expansão e outra etc. Então essa “sobra” de jogadores que temos nos da liberdade para adequar o grupo pra 20 man com mais facilidade. Fora que acho que o cenário de raid brasileiro vai ser bem mais competitivo, já que atualmente temos apenas algumas guildas 25 man, e um monte de guilda 10 man. Todo mundo no mesmo “campeonato” certamente vai ser interessante.
Crysil: Temos sim. Já tivemos relação com muuuuitas 25 man que acabaram (no Warsong existiam 53 guildas 25man, que chegaram ser reduzidas em DUAS início de Pandaria). Das em atividade, temos boas relações com a Rise Above, ironicamente, pois era uma guilda que tínhamos péssima relação há alguns anos atrás. Outra guilda é a Last Legion, temos um pessoal que raida lá e aqui. Por sermos a guilda mais antiga em atividade PvE 25 man, já recebemos muitas provocações, a maioria de guildas que já não existem mais. A rivalidade existe, mas eu considero um problema quando ela ultrapassa o desejo de jogar e se divertir. Nós buscamos balancear isso, mas nunca se esquecer o principal motivo de estarmos aqui: nos divertirmos, passarmos um bom tempo no jogo.
Dvd: Nada oficial. Existe sempre competição quando a progressão está rolando, mas nada aberto, sem troca de farpas ou ofensas. Sempre existem x números de jogadores em uma guilda que não gostam de outra guilda, mas não é o meu caso.
Leeflow: Existe rivalidade com certeza. Algumas são mais “saudáveis”, como a relação que temos com a Toca do Goblin, ja que temos vários conhecidos/amigos lá, pessoas que raidam em ambas as guildas (já que os horários são diferentes), etc. Então em geral temos uma relação bem diplomática mesmo. A gente costuma se avisar de potenciais players problemáticos, às vezes trocamos figurinha em relação a estratégias etc.
Porém algumas outras guildas literalmente se odeiam. Seja por briga individual entre jogadores, pessoas acusando guilda A ou B de roubar player da outra guilda e por aí vai. Tem de tudo. Mas isso é natural … em quase todo server que joguei sempre tinha um pouquinho de rixa entre as guildas top.
Quanto à competição, a gente busca ficar em primeiro, respeitando as limitações de horário da guilda. Se dentro do horário que raidamos e do que nosso grupo é capaz, conseguimos matar antes o boss primeiro, maravilha. Mas não vamos se descabelar ou raidar por mais tempo etc, sob o risco de estressar o grupo só pra matar o boss 1 dia antes.
Crysil: Acompanho bastante, tenho que acompanhar né, faz parte de ser RL. Bem, o Brasil está bem atrás no quesito PvE. O que mais falta é player dedicado. O que você mais acha é player falando “sou o melhor priest BR”, e realmente achando isso, mas o cara não é 001% de um priest de guilda gringa top. Falta empenho, muito empenho e humildade. Temos players exceção, sim, temos players brasileiros muito bons, de nível internacional, mas não dá pra fazer uma 25 man com esses caras.
Um local centralizado de discussão PvE, estilo fórum, seria bem legal pra fomentar a comunidade, mas não temos um local assim. Outra coisa que ajudaria demais é server no Brasil. Jogar com 150~250 ms é uma desvantagem ABSURDA em PvE.
Dvd: Não acompanho, somente quando é algo especial, como teste de raids em beta, ou coisas parecidas. A Comunidade brasileira é muito separada, cada guilda tem suas próprias regras e não dividem informações, o máximo que eu diria de dividir informação, seria os vídeos de guia que a Blood Fury fazia. Acho que só faltam mais jogadores, para ter um maior numero de guildas e menos monopólios.
Leeflow: Eu acho que as guildas top brasileiras são bem competitivas. Nós conseguimos nos manter entre top 50 US em 25 man, e a Blood Fury está entre as melhores guildas 10 man US, então de um modo geral existem players muito bons.
O problema que eu vejo na comunidade de raid “menos séria” é aquela atitude antiga de brasileiro: “não quero falar inglês, tem que ter conteúdo na minha língua”. Não… não funciona assim. O conteúdo de qualidade sobre o jogo é todo em inglês, tem que ter uma noção do que os players top US/EU estão fazendo pra saber se você está no caminho certo. Sites brasileiros os poucos guias traduzidos que tem são só uma fatia do bolo. Então falta um pouco o “player mediano” fazer o dever de casa dele … tem que correr atrás do conteúdo se você quer ser competitivo, e não simplesmente esperar ele traduzido no seu colo.
Crysil: Bem, pra mim o mais importante é foco. Decida o que você quer (existem vários níveis de high-end, desde semi-casual até world first) e foque nisso. Se quiser fazer parte de um grupo, busque procurar o perfil das guildas e veja qual se encaixa com você. Demonstre interesse quando estiver num core. Não seja imediatista nunca. Tenha paciência. Leia, leia, leia muito sobre sua classe. Leia mais sobre os bosses. Treine, pergunte, sugira.
Se quiser formar uma guilda PvE, minha dica principal é: forme um core bom de officers. Procure um core heterogêneo, com pessoas que tenham competências diversas e sejam bons nisso, e que principalmente sejam confiáveis. Converse bastante com seus officers e seus players, se abra com eles, seja sincero, e principalmente, aprenda a se doar pelo grupo. Dê autonomia aos seus officers, traga eles pro seu lado, faça eles sentirem que eles são partes tão importantes da guilda quanto você. Liderar ou ajudar a liderar uma raid envolve quase sempre a ceder seu tempo e necessidades em prol do grupo. Busque players com o perfil que eu falei no outro ponto.Treine seus players, as vezes você pode ter uma jóia bruta em mãos, já tivemos muitos muitos exemplos de players assim, que treinamos aqui e agora estão tendo um desempenho ótimo em outras guildas,
Eu não sou o dono da verdade, mas eu aprendi muito durante todos estes anos de raid, aprendizado que utilizei até no âmbito profissional. Tenho meus defeitos, que não são poucos, mas estou sempre em busca de melhorar minha performance como RL.
Dvd: A característica mais importante pra mim seria a habilidade dos jogadores que estão no seu grupo, seguido de seu compromisso e interesse com a raid e em melhorar suas próprias habilidades. Eu diria para essas pessoas se prepararem para dizer não aos seus amigos, para possivelmente perder alguma amizade e tomar todas as atitudes pensando no melhor para o grupo, independente se é o melhor para seus amigos. Jogadores bons e compromissados normalmente não gostam de panela, e nem que o GM, ou Officer, ou Raid Leader, proteja seus amigos que jogam mal e os mantenha no grupo, é assim que a maioria das guildas perde seus melhores jogadores. Então na hora que você resolver fechar o conteúdo e quiser transformar sua guilda em competitiva, você vai ter que tomar essa decisão.
Leeflow: Acho que as pessoas precisam saber diferenciar “progression” com “tempo de raid”. Acho que ainda existe essa falsa impressão de que jogar bem significa “não ter vida social”. A grande maioria aqui na guilda trabalha, tem namorada(o), ou é casado etc. Temos diversos players que logam praticamente só no horário da raid porque têm mais o que fazer da vida. Enquanto tem gente que fica 10h por dia parado na ilha e não sabe fazer o básico dentro de uma raid.
As pessoas tem que ter seriedade e ser competitivo. Buscar melhorar, baixar a bola e ser humilde. Muitas vezes eu vejo gente falando “ah mas eu jogo bem pra caramba”. 99.9% dos casos a pessoa não joga bem. Pelo menos não tão bem quanto ela acha que joga. Aprenda, se informe, melhore, pergunte pras pessoas que sabem mais que você.
Pras guildas, o conselho que eu posso dar é organização. 20 man com foco em progression é um bicho completamente diferente do que raidar “10 man com os amigos”. Você não vai ser amigo de todo mundo, tem que aprender que as pessoas na raid são como colegas de trabalho. Você tem que respeitá-los e aprender a jogar em prol do grupo.
Então coisas tipo: passar loot pra amigo, deixar amigo faltar na raid, ou vir jogar de qualquer jeito… não funcionam em guilda 20 man progression. Tem que ter horário certinho, as pessoas precisam confiar que o loot está indo pra quem merece, tem que ser tratadas como iguais, sem regalias etc. Tem que ser tudo muito às claras. E ter noção de que tem que organizar bastante coisa pra manter a casa em ordem. Se não vira zona, as pessoas saem da guilda e começa a ter muita troca de player e eventualmente a guilda quebra.
Pra Raid Leaders o que eu posso dizer é: confie no seu taco. É como um líder de qualquer atividade, você tem que ser respeitado por mérito, saber do que esta falando, jogar bem. Você tem que transmitir segurança. As pessoas tendem a naturalmente a respeitar quem mostra que sabe o que está fazendo. Então você tem que estar sempre um passo à frente pra deixar a raid em ordem pras coisas fluírem bem.
Em diversas lutas os officers são os primeiros a puxar a responsabilidade pra eles de fazerem o “trabalho sujo”, funções mais delicadas (ou chatas). Não adianta, como raid leader você tem que ter pulso firme e saber dar o exemplo.
Crysil: Existem vários jeitos de encarar “Raidar no WoW”. Busque guildas que tenham o mesmo perfil que o seu. Tente sempre balancear as coisas. Sim, ser o primeiro é legal, mas as vezes pode ter um custo caro. Esteja aberto, jogue de coração aberto, esse é um jogo que basicamente reside no erro, então todos vão errar inclusive você. Seja paciente e lembre-se que é um jogo.
Aproveito para agradecer o espaço dado e parabenizar a Linissa e todos do grupo WoWGirl pela iniciativa! Boa sorte a todos 🙂
Dvd: Eu queria agradecer a oportunidade de poder me expressar perante a comunidade Brasileira, tanto os high end, quanto os que querem ser, ou os que não querem ser. Ser Raid Leader não é fácil, vão duvidar de você e a culpa vai ser sua quando algo der errado, mas se você fizer tudo direitinho, com a ajuda de seus Officers, que têm um papel MUITO importante dentro da guilda, vale a pena.
Agradeço a todos da minha guild, Officers, Core, Raiders e até os Trial que chegaram agora, espero que consigamos prosperar no WoD, como prosperamos em SoO. Agradecimentos especiais ao Nouway, meu braço direito e esquerdo dentro da guilda, além de ser o melhor jogador que eu já conheci, é de fato o melhor Officer. Abraços a todos.
Leeflow: Acho que as perguntas foram muito bem colocadas, e quero só agradecer ao grupo da Rise. Dá um trabalho do caramba mas é muito legal ser Raid Leader e é muito maneiro ver as coisas fluírem bem. Fica aquele gosto de “trabalho bem feito”. Que venha o wod pra gente “mata boix”!