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Este é o 1º artigo de 2 posts da série Entrevista com os Raid Líderes.

Olá pessoal! Fizemos uma entrevista com os raid líderes das primeiras guildas brasileiras a matar o Garrosh heróico. O objetivo desta entrevista é fazer com que a gente conheça um pouco mais sobre as pessoas que estão por trás destas guildas que estão entre as de melhor progressão no Brasil, quais as dicas que eles têm para dar, saber como eles lidam com dificuldades, o que buscam em seus membros, entre outras opiniões sobre a comunidade como um todo.

A equipe WoWGirl agradece de coração a todos os participantes! Todas as guildas foram muito receptivas e dispostas a ajudar, obrigada mesmo ^^

Esta entrevista terá duas partes. A primeira com 3 guildas 10 man e a segunda com 3 guildas 25 man.

A entrevista de hoje tem a presença dos seguintes RL de guildas 10 man:

(Respostas em ordem alfabética dos nomes dos jogadores)

Quem é você?

Parkao: Meu nome é Gustavo moro em Campinas/SP nick ingame Parkao com várias derivações (Oakrap, Parkao, Parkenson, Parkensan, etc) comecei a jogar WoW em 2005 e meu primeiro char foi um Druida, por isso tenho maior carinho por Druid, gosto do estilo de jogabilidade. Como todos comecei a jogar em guildas pequenas com amigos e tudo mais, mas em um determinado ponto tive que optar por continuar a zelar pelos amigos ou ir para uma guilda grande e estruturada. No caso foi a Blood Faction, a primeira top BR que joguei e lá me desenvolvi. Virei class leader, mas na época eu jogava de Warlock (Bruxo) é tive muitos chars ao decorrer da minha história no wow.

Em Sunwell, final da Burning Crusade, os 2 líderes da BF decidiram parar de jogar e pediram para que não fosse usado o nome da guilda pra continuar, até porque eles criaram um grande nome que hoje já não é mais conhecido, mas muita gente por aí pode dizer que isso um dia aconteceu. Era simplesmente o time dos sonhos, tenho muitas saudades, enfim… Criamos a Blood Legacy mas sem uma liderança concreta, éramos mais ou menos 7-8 officers ativos sem intitulação. O que deu certo, éramos muito amigos, quando foi em ICC (a instance do Lich King) muitos já tinham ficado pelo caminho e restaram praticamente eu e Ragnok como liderança da guilda. Um certo dia Rag chegou e falou “Parkeke arruma um replace pra mim” já pensei Fudelvis GG guilda, acabei martelando o término da 2nd Top guilda BR, ficamos como top uns 5 ou 6 anos. Bom sem mais delongas, jogamos Cataclysm 10 man brincando com os amigos, e nesse Pandaria começamos como uma raid de Fim de Semana e quando a primeira guilda BR pegou first de Mogushan Vaults decidimos mudar pra raidar direito novamente e ficamos até o final de Orgrimmar.

Watos: Meu nick é Watos, jogo de monk brewmaster no servidor Azralon-US. Comecei a jogar no Gurubashi no final do Lich King, minha primeira guilda foi a Retaken onde aprendi a raidar. Virei um jogador extremamente dedicado, sabendo quase tudo sobre as raids que fazíamos, eventualmente ajudava os jogadores com as dificuldades deles, o que no final de ICC Heroico me tornou Raid Leader da guilda Avengers. Saí do Gurubashi pra jogar no Warsong e com a vinda dos servidores brasileiros acabei parando no Azralon. Minhas guildas mais recentes foram Keyd Team, In the Mountains e Mira la Performance e atualmente sou raid leader da guilda Ultima.

Xplucky: Olá, meu nome é Jonathan, tenho 29 anos. Na comunidade do World of Warcraft sou conhecido como Xplucky, atualmente Game Master e Raid líder da Taunta Que Eu Aggrei. Comecei a jogar na Burning Crusade, ainda em um server private, e posteriormente migrei para a Blizzard no início do Cataclysm e logo comecei a me interessar com mais intensidade pelo jogo. Tornei-me Raid Líder mais por necessidade do que por escolha, que fique claro! haha

Fale um pouco sobre a guilda de vocês, quem são, há quanto tempo jogam juntos, com que frequência vocês raidam durante a progressão, etc

Parkao: Esse grupo atual da Blood Fury tem esse nome hoje porque quando entraram os servidores BR nós não estávamos jogando WoW e um amigo nosso deu transfer na guilda, até gostaria de agradecer enfim. O nome da Blood Legacy tinha sido pego por uns BRs (Olha a polêmica TIMEEEE!) falaram que era um nome conhecido e para eles era vantagem para invitar pessoas e etc. Pedimos encarecidamente para pegar o nome porque era nossa marca etc etc. Pediram 600k de gold, enfim águas passadas… Criamos a Blood Fury e temos uma base de amigos desde a Blood Faction, que já são figurinhas repetidas da galera aí (Pastorbob, Onstriker, Globzim (Smonk), Secao(Torchia) e Azombra) no caso o Brandonlee (dnc) jogou conosco na Blood Legacy na época do Wrath, os novos que invitamos nessa xpac foram o Senx, Groover, Kany (jogou conosco no começo do Cata mas pouco tempo) e Shakaos… temos uma boa amizade, jogamos altos Doto best doto, jogamos também outros jogos, testamos Swtor, Rift, Gw2 e Wildstar recentemente, infelizmente não tem BR, mas ótimo jogo fica a dica. Raidamos de Domingo a Quinta das 19:30 às 23:30 mas tudo é relativo, a raid mesmo começa às 8 ou 8:30 e acaba no máximo meia-noite.

Watos: Começamos a raidar juntos em maio de 2013, quando eu, Hallzão, Belmore e Hexor sentamos para conversar sobre o que mais gostávamos em raidar, uma coisa levou a outra e o grupo nasceu. Ao longo do caminho os jogadores Akuh, Shadowind, Poporing, Dressa, Trixetwo, Khajar, Bomber, Kindergarten e Morimotoo se juntaram ao grupo por terem o mesmo perfil, dedicados e interessados no end-game, procurando sempre derrotar novos desafios. Como temos muitos jogadores que trabalham e estudam, nosso horário é meio apertado e raramente raidamos alem do combinado que é de Domingo a Quinta das 21h até 0h.

Xplucky: A Taunta Que Eu Aggrei foi inicialmente criada por um grupo de amigos no servidor Gurubashi e com a criação dos servidores brasileiros acabamos nos fixando por algum tempo no Nemesis. No entanto, com o intuito de crescer no cenário PvE brasileiro, decidimos vir para o Azralon ainda com ToT em andamento, onde conseguimos em um curto espaço de tempo atingir um bom nível de grupo e uma excelente progressão.

Infelizmente perdemos muitos players durante essa caminhada, mas a maioria do nosso grupo 10m joga junto desde a metade de ToT. Durante uma progressão, costumamos raidar 5 dias por semana (15 horas), estendendo nosso horário dependendo da necessidade do core, seja em um boss que exija um pouco mais de tempo ou para atingir nossas expectativas na semana.

KJ

Como vocês escolhem os membros do grupo de vocês? Quais as características que vocês mais buscam nos membros?

Parkao: Recrutamento após tanto tempo de game acabou, quando precisamos de um player nós perguntamos ao core, “e aí time conhecem um cara bom de tal classe?” e então temos respostas, conversas e invitamos. Aquela burocracia de apply, entrar no nosso forum, escrever sobre sua vida fica mais restrito às guildas 25 man que estão para se formar porque precisam de muita gente e etc. Mas depois disso creio que pedir ao seu grupo para indicar amigos é muito melhor, você cria uma dinâmica de amizade aproximação, o cara do seu core fica feliz por indicar um brother e o cara que é invitado entra mais enturmado, não fica tremendo pensando “Meu deus vou falhar ” acho essa escolha muito feliz em nossa jornada 🙂

Watos: Nós normalmente procuramos pessoas experientes em raids. Tem que ser ótimo no que faz, conhecer bem sua classe e ser participativo não apenas em horário de raid, mas gostar de forma geral de estar com o nosso grupo. Claro que nem todos são sociáveis assim, mas tentamos respeitar esse limite com uma boa relação.

Xplucky: Atualmente escolhemos novos membros através do nosso sistema de recruit (situado em nosso site). Através dele somos capazes de analisar os mais diversos e variados critérios a partir dos quais o player poderá ou não ser aceito no grupo. Após a sua eventual aceitação para um período de testes, analisamos o player por um período de 3 semanas, comumente conhecido entre as guilds como o período de trial (teste em inglês).

Durante esse tempo, o que queremos analisar consiste nos mais específicos aspectos do desempenho desse jogador: desde se o player consegue desempenhar bem sua role (DPS, Heal, Tank) e também se ele se enquadra no perfil do grupo, ou seja, se há sinergia, se os seus interesses são análogos aos nossos e principalmente a sua capacidade de jogar em grupo.

Vocês costumam usar sempre a mesma composição (tanto personagens como players) em toda progressão? Por que?

Parkao: Esta questão é muito complexa, cada líder pensa de um jeito. Eu conheço meu core, sei pontos baixos e altos, por isso muitas vezes eu não opto só pela classe e sim pelo que eu conheço do player. Mas o WoW é um jogo fantástico e facilita muito a vida de um Raid Leader, o desbalanceamento das classes é tremendo então você já sabe qual classe levar no fight, 90% dos fights melee é horrível (a Blizzard precisa se policiar nisso URGENTEMENTE). Jogo isso há 9 anos e se você quer montar um core pega ranged que a probabilidade de sucesso é infinitamente maior… Desculpas tive uma catarse, enfim é muito pessoal às vezes vejo algo que outros não viram e outros veem algo que não vi esse ponto é complicado, mas player > classe SEMPRE.

Watos: Nós fazemos rotação de jogadores principalmente no início de cada conteúdo. Sempre tem aquela classe que é mais interessante para uma mecânica/luta em específico. Quando não temos esse tipo de situação, fica quem melhor contribuir para o bom andamento da raid.

Xplucky: Bom… no início do nosso core (assim como em qualquer um que esteja começando) possuíamos um número bem limitado de players, então não tinha muito para onde correr. Raidávamos com o que tinha, e nos adaptávamos ao momento, muitas vezes com uma comp improvável para certos tipos de encontro.

Porém, após apanhar muito, vimos a necessidade de ter mais players, fosse para prevenir qualquer imprevisto (usualmente referentes a problemas de conexão ou a alguns assuntos pessoais de jogadores) ou para tornar a comp mais adequada de forma que pudéssemos progredir com mais facilidade em determinados bosses. Hoje, estudamos bem as lutas antes e durante cada boss de progressão e tentamos sempre variar nossa composição para facilitar ao máximo o encontro.

Quais são as maiores dificuldades que vocês encontram durante a progressão, e como lidam com elas?

Parkao: Nós enfrentamos o que todos os BRs enfrentam: lag, disconnect, entre outras derivações para conexão de terceiro mundo… Alguns trabalham, outros estudam, outros trabalham na Fred corporation “Não fazem nada da vida”… O dilema é sempre o mesmo, todos têm problemas de conexão, vida pessoal etc, não é porque tivemos a oportunidade de ficar como a top guilda que tudo se encaixou perfeitamente, no Garrosh ficamos 1 mês com lag, fizemos try com 9, tínhamos conclusões de curso acontecendo e pessoas pedindo para faltar. Isso sempre vai rolar, o importante é deixar a pessoa tranquila e saber que o WoW é o segundo plano dela.

Watos: Internet. Infelizmente temos um grande problema no Brasil de instabilidade de conexão, o que muitas vezes nos faz perder horas ou até mesmo dias de raid.

Xplucky: Infelizmente temos muitos problemas comuns que qualquer um enfrenta sendo um usuário de internet no Brasil. Perda de conexão e latência alta são problemas recorrentes, o que muitas vezes dificulta e atrasa determinada progressão, especialmente em encontros mais complexos. Por isso, ter um grupo maior para tentar lidar com problemas de players específicos é extremamente importante quando você busca progressão.

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Na história do grupo de vocês, qual foi o boss que mais gostaram? E o que menos gostaram?

Parkao: Fica complicado falar pelo grupo, mas pra mim (e creio que pra muita gente) fights memoráveis foram Mu’ru, Kil’jaden, Kael… enfim toda luta que você pode desenvolver uma tática pra matar o boss é legal. O que foi perdido com o tempo de WoW é que hoje temos lutas infinitamente mais “easy” no sentido de estratégia. Mas o porque eu acho isso? Hmmm a resposta eu daria falando sobre um fight por exemplo o Garrosh. Na 10 man você lida com diversos RNG (RNG é uma mecânica randômica que se não acontecer você terá sérios problemas ou até mesmo não vai conseguir). Vou dar um exemplo, na primeira transição você tem uma pequena janela de tempo pra passar de fase, e se as capas lendárias procarem ao mesmo tempo você infarta a transição. Se elas não procarem, você não vai passar a tempo e pode esquecer. Mas é claro, a gear ajuda muito, mas pra nossa progressão era um RNG escroto e 90% dos bosses têm RNG hoje em dia, não é mais estrategia pronta inteligente e sim o básico acontecendo com a convergência da lua…

Watos: Um pouco difícil de dizer,  dos que mais gostamos o grupo fica dividido entre Blackfuse, Thok e Spoils, com mecânica de luta unica, que obriga os jogadores a estarem sempre atentos. Immerseus sem duvidas é a luta mais chata para o nosso grupo, com mecânica muito simples e repetitiva, obrigando a ver a mesma coisa 20x antes do boss morrer.

Xplucky: Complicado você escolher um boss nesse momento, mas me permita pegar 2 bosses que eu curti e significam muito para nós:

Lei Shen – Além de ter sido o último boss de ToT (não é o último mas certamente o mais significante), foi uma luta muito bem feita, divertida e ao mesmo tempo desafiadora, além de possuir efeitos bem bonitos. 🙂

Garrosh – Considero o boss em que o nosso grupo foi posto à prova. Um boss extremamente maçante, no qual um pequeno erro poderia significar um wipe, 1% de dps a menos também poderia acarretar um wipe e uma decisão errada também era capaz de te wipar. Porém, o encontro do Garrosh permitiu com que o nosso grupo atingisse o seu auge, justamente a partir do trabalho conjunto para conseguir essa conquista. O desafio nos fez crescer significativamente tanto como jogadores na medida em que tornou nosso grupo mais coeso e consciente de suas forças e limitações.

Quanto ao boss que nós menos gostamos, acredito que 80% do nosso grupo dirá que certamente foi o Siegecrafter Blackfuse. Uma luta em que antes dos ajustes da Blizzard na 10m, exigia demais de todos os players: uma organização perfeita enquanto havia muita coisa acontecendo ao mesmo tempo na luta. O mínimo descuido poderia significar a morte. Muitas cabecinhas ficaram inchadas nesse boss, acredite!! haha

O que acharam das mudanças do WoD em relação às raids? Como estão se preparando para o mítico?

Parkao: Tivemos a oportunidade de testar o WoD, é uma expansão que promete. WoW começo de expansão é sempre divertido, eu acho as mudanças sempre validas. Mas o que eu disse na questão anterior, a Blizzard vem buscando adaptar o game para que todos consigam jogar e para que todos tenham acesso a todos os conteúdos, eu acho isso errado. Lembro que no começo da Burning Crusade eu tava fazendo a primeira 10 man da época e muitas guildas tops já estavam matando boss da 25 man com Tier 3 de Naxxramas e eu sempre queria chegar até aquilo. Eu tinha estímulo pra jogar o game e isso está a cada dia sendo perdido, não tem mais novidade é o arroz com feijão…

A nossa preparação pro WoD ainda não começou. Estamos ainda balanceando se vale apena tanto esforço pra raidar, liderar 20 pessoas mais 5-6 replaces é muito complicado, os lideres das 25 podem dizer isso. Já joguei muito esse game, adoro acho fantástico, é o melhor do mercado de longe, mas a idade vem chegando e ser responsável por tanta gente e motivador das mesmas é uma responsabilidade que precisa ser avaliada, vamos ver… Nós estaremos na expansão mas como só o futuro nos dirá.

Watos: Gostamos do formato único de raid, todos competindo no mesmo tamanho de raid é importante para buscar informação e saber como anda o nosso grupo. O pessoal de 25m vai ter uma certa facilidade de se adaptar ao novo modelo de raid, já o pessoal de 10m vai ter um pouco de dificuldade, tendo que se juntar a outros grupos ou até mesmo tendo coragem de recrutar como nós fizemos. O importante é correr atrás para que a transição seja feita da maneira mais suave possível.

Recebemos recentemente convites para o Beta e nossos jogadores estão ansiosos para que o WOD chegue logo, com raids novas, mudanças de classe e claro dificuldade mítica para nos desafiar.

Xplucky: Bom, existem 2 pontos que devem ser analisados quanto ao novo sistema de raid em WoD. Em primeiro lugar, veremos o fim da antiga e desgastante conversinha entre 10m e 25m players. Haverá um nivelamento, o que ao meu ver é algo positivo. Em segundo lugar, esse movimento da Blizzard torna a criação de novos cores mais difícil, tendo em vista a já existente dificuldade de alguns cores menores de formarem suas 10m, e essa dificuldade será certamente intensificada com o surgimento do modo mítico (20m). Mas no geral, o grupo vê com muito bons olhos esse novo sistema que será implantado na nova expansão.

Quanto à preparação da TQEA, iniciamos o pensamento para WoD pouco tempo após a Kill do Garrosh Heroic. Assim como muitos cores 10m fizeram e farão, primeiramente procuramos um caminho mais simples: uma fusão com outro core 10m para dessa forma conseguirmos migrar para o cenário 25m. Infelizmente, essa não foi a melhor saída. Por achar que temos um perfil um pouco diferente, decidimos desfazer essa fusão e abrir um “mass recruit”, dando um passo de cada vez e reunindo os jogadores necessários para a migração sem muita pressa! Ao reunirmos a quantidade de pessoas necessárias, começamos a raidar 25m com um grupo sólido de players, esperando atingir o entrosamento necessário para o modo mítico em WoD.

Acreditamos que WoD trará uma nova experiência para os jogadores de World of Warcraft. Serão muitas mudanças em todas as classes, item squish, novos stats, dentre tantas outras coisas. Estamos muito animados e na expectativa!

Vocês têm relação com outras guildas brasileiras? Existe rivalidade, competição, ajudas, etc?

Parkao: No começo da expansão eu não conhecia ninguém, tínhamos ficado acho que 1 ano e pouco sem jogar e muita coisa mudou e pessoas tinham parado. Mas depois que decidi junto com o Teoran criar o canal da Blood Fury pra ajudar a comunidade e estimular essa evolução do WoW brasileiro, eu comecei a ter mais contato com os players e lideres de outras guildas sim. A rivalidade existe até que o boss morra, após isso somos todos amigos. Mas é claro, assim como em um jogo de cartas você quer ganhar, é a natureza humana… quando terminamos um conteúdo eu sempre procurei chegar aos lideres e dar dicas, trocar uma ideia, e não vejo problema nenhum. Me amarro em poder ajudar as pessoas, e gosto muito do cenário atual BR, tem muitas guildas competitivas e boas.

Watos: Nós prezamos a amizade entre jogadores independente de guildas. Existe muita competição entre guildas e as vezes o clima fica tóxico. Isso não nos impede de sermos positivos e ajudar quem nos procura, mas como líder prefiro me preocupar com o meu grupo e deixar que eles se preocupem com o deles.

Xplucky: A TQEA tenta ser o mais independente e imparcial possível. Tento manter e implantar no grupo uma mentalidade de olhar e se preocupar somente com os nossos problemas. Todos jogamos World of Warcraft para se divertir, mas ao mesmo tempo queremos ser competitivos até onde podemos. Dito isso, competição e rivalidade com outros grupos que também almejam um bom rankeamento BR/US é inevitável. Dificilmente você verá um grupo ajudando ao outro durante a progressão.

blackfuse

Você acompanha a comunidade estrangeira (guildas, podcasts, sites, etc) ? Na opinião de vocês, como está a comunidade brasileira de raids? O que está faltando para que ela melhore de forma geral?

Parkao: Sim, sempre procuro ler matérias das tops, entrevistas que os caras dão, mas essas guildas top world não refletem em nada o que o resto do mundo é no WoW. Eles têm um grupo seleto de 10 – 20 pessoas, que raida 7 dias na semana de 14-18 horas por dia. Eles acabam o conteúdo em 1 – 2 semanas e então só farmam pro próximo conteúdo com 2 – 3 chars diferentes.

Eu acho que com a chegada dos servidores brasileiros muita gente começou a jogar e os frutos dessa nova galera estão aparecendo agora, você consegue perceber um cenário muito mais competitivo com um nível muito maior… vou dar uma filosofada daquelas desculpa… Pra comunidade BR crescer temos primeiro que evoluir como ser humano, vemos a seleção de futebol perdendo na semifinal do campeonato mundial e nada se é aproveitado, só o que se escuta é a vergonha. No wow não é diferente, muitos cores acabam porque os players não firmam um compromisso de ser humano com o próximo e muitas das vezes some e não volta mais… Isso é muito nerd né hahaha caraca. Enfim, o que você pode ver em uma guilda gringa assim como em todos os aspectos da vida é o respeito com o próximo e a disciplina. Pode parecer bobagem mas quando tiverem a oportunidade de vivenciar isso vão ver que é nítido.

O que eu procuro no meu core sempre é manter a harmonia no grupo, mas nem sempre é possível. BR é complicado, tem sangue quente, adora ser dono da razão. Enfim to ficando velhinho 🙁

Watos: Procuramos acompanhar as guildas grandes de modo geral, buscando o máximo de informação para nos ajudar com a progressão. O cenário brasileiro está melhorando, com vários grupos fechando conteúdo heroico, e o principal problema é que os jogadores não têm a paciência para esperar resultado, logo que pinta o primeiro problema o pessoal corre e procurar outro lugar para jogar. Eu acredito que um jogador leal, que busca mesmo nos momentos de dificuldade se manter firme, fortalece seu grupo.

Xplucky: Sim, costumo, na medida do possível, acompanhar o que é feito fora do país, seja por fóruns, streams ou mesmo vídeos de grandes guilds do cenário mundial.
Infelizmente a comunidade PVE brasileira é muito menor e menos preparada do que as estrangeiras (US e EU, por exemplo). Não creio que o problema seja tanto com relação a termos ou não bons players ou mesmo players interessados no assunto, porém a comparação já me parece desleal quando pegamos, por exemplo, a qualidade da internet/proximidade do server que eles possuem, o que os permite jogar com uma latência baixíssima, e também o baixo preço de peças (pc, mouse, teclado e cia), inferior ao que possuímos aqui no Brasil, contribuem para o desenvolvimento mais lento da comunidade brasileira. Conheço inúmeros exemplos de players excepcionais no cenário brasileiro, que jogam/jogavam com uma carroça!

Outro ponto fundamental é o nível de preparação dessas guilds estrangeiras. Em períodos de progressão, muitas delas respiram World of Warcraft, raidando de 5 a 10 horas por dia. Isso me parece inviável no Brasil por problemas diversos e que não valem ser mencionados. A conclusão que tiro disso tudo é que talvez falte um pouco mais de incentivo aos nossos jogadores e a nossa comunidade de uma maneira geral.

Na sua opinião, qual é a característica mais importante para um grupo que quer raidar conteúdo high-end? Qual dica você daria para quem quer raidar assim?

Parkao: Primeiro de tudo um core precisa de um grupo de liderança que seja amigo e tenha respeito um pelo outro, e assim independente da divergência que venha esse grupo de liderança poderá superar isso, sem problemas… Pra começar a fazer os high-end o grupo precisa dar uma pesquisada, assistir uns vídeos (de preferencia os da Blood Fury no youtube hahaha merchan) digo isso porque muito se pode aprender do fight só vendo os videos.

Mas lembrem, um core de liderança de amigos sem rivalidade besta leva o core para frente, depende só de vontade de conseguir, não adianta desistir nos recrutamentos. Muitos virão e irão mas um grupo bom vai se formar.

Watos: Esforço. Um jogador talentoso sempre se destaca, mas de nada serve talento sem esforço. O jogador que corre atrás, procura crescer em seu próprio jogo acaba eventualmente chegando no high-end.

Xplucky: A característica mais importante pra mim em um player/grupo é o comprometimento e o respeito com os outros 9/24 players que estão dependendo de você. Isso inclui muitas coisas, tais como: presença, empenho com a classe e estudo de mecânicas dos encontros. Um outro ponto fundamental em minha opinião é que os membros do grupo sejam capazes de admitir seus próprios erros, pois isso ajuda o Raid Líder a entender com mais facilidade o que está acontecendo na luta e onde estão os problemas, para que assim se possa melhorar o andamento da progressão. Percebo a existência de muitos players no jogo que são incapazes de admitir que erram, querendo muitas vezes ofuscar seu próprio erro ou mesmo transferir a responsabilidade, o que prejudica demais um grupo que busca progredir rapidamente pelos encontros. Não se trata de um jogo single player, então saber jogar em grupo é fundamental. Muitos jogadores por aí só pensam neles mesmos e esquecem que World of Warcraft é um jogo coletivo.

Para você, Raid Líder: venha sempre preparado antes de cada boss, com uma estratégia bem desenvolvida e ciente dos problemas que podem ocorrer. Cobre um desempenho satisfatório dos seus players, mas sempre sendo respeitoso com eles. Lembre-se que ter um bom ambiente de Raid é muito importante. Além de tudo, tenha paciência!! Não desista no primeiro desafio que seu grupo enfrentar. Procure motivar e incentivar sempre os jogadores que os resultados virão. São os desafios que tornam os grupos mais fortes e melhores.

Considerações finais

Parkao: Gostaria de agradecer a oportunidade de falar um pouco sobre nosso core que passou pelo Pandaria de uma forma muito legal, agradecer aos players que tiveram conosco nessa jornada (Thales, Nonaka, Todegroh, Steelzete, Sukino, Lisa@Fodux, Plume, Randy, Teoran) eu esqueci alguém mas não lembro quem… sad. E ao core que ficou até o Garrosh deitar (Pastorbob, Onstriker, Secao, Kany, Senx, Azombra, Groover, Brandonlee, Globzim, Shakaos e Parkao). Nosso Canal Youtube.

Watos: Nós da guilda Ultima queremos agradecer ao Wowgirl pela oportunidade dessa entrevista, espero que tenha sido de ajuda para todos, e  também gostaria de agradecer ao nosso grupo, sem vocês nada disso teria valor, vocês são foda!

Xplucky: Agradeço muito a oportunidade de expor os pensamentos da TQEA para a comunidade brasileira através do wowgirl. Um forte abraço a todos, espero ter ajudado de alguma forma, e qualquer coisa só whispar in-game Xplucky-Azralon. Site da Taunta Que Eu Aggrei.