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Este é o 26º artigo de 46 posts da série Entre Homens e Lobos.

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Belrysa encolheu-se por um momento, sorrindo de forma tão acolhedora que Dareon achou que estava prestes a ganhar um abraço.

– Há outros como você, Dareon – disse ela de repente, sem desmanchar o sorriso. – Eles também já estiveram perdidos e confusos…

– Ehhh… Outros worgens, você diz? Ah! – Dareon interrompeu-a com um movimento da pata quando ela assentiu. – Não estou perfuso… Quero dizer, perdido! Nem confuso. Isso. Confuso, perdido, nada disso! Imagina só, há. Estou ótimo… Não precisa se preocupar, olha só, sou o worgen mais resolvido que existe…

A risadinha divertida de Belrysa fez com que parasse de falar. Dareon fitou-a por um momento e, vencido, abaixou a cabeça, recostando-se a uma tábua de madeira que se soltara da parede. O olhar que a elfa lhe lançava substituía as palavras que não dissera para não feri-lo ainda mais.

“Não se engane”, é o que ela quer dizer, Dareon sabia. Mas não diz porque acha que eu não passo de um animal machucado…

– Não há nada de errado comigo! – gritou numa explosão, e girou em torno de si mesmo para exibir todo o seu tamanho. – Olhe só! Não tive escolha, mas aprendi a ser assim…

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– Sua ferida é interna, Dareon – Belrysa respondeu. – Lá no fundo da alma. Você pode até tentar, mas não vai conseguir escondê-la para sempre… Uma hora, ela vai acabar transparecendo, e então mudará quem você é. Afetará quem você ama, todos aqueles com quem se importa e especialmente os que se importam com você.

Belrysa tocou-lhe o ombro suavemente e fez com que a olhasse mais uma vez.

– Existe um lugar ao qual você pertence – prosseguiu. – Se chama Tal’doren, a terra selvagem. Nem só de terrores é feita a Floresta Negra, não é? Tal’doren já foi o lar de uma ordem de druidas que se transformavam em lobos, e agora… Bem, lá você encontrará não só as respostas que procura, mas também alguém que lhe oferecerá assistência. Um… um velho amigo, creio eu.

Dareon arqueou as sobrancelhas, desconfiado.

– Que amigo?

– Acho melhor não entrar em detalhes agora – a elfa chacoalhou a cabeça. – Desculpe, Dareon… Mas é melhor que saiba de tudo por ele. Não posso lhe dar muitas informações agora. Você sabe, caso… Caso você seja…

– …Capturado pelos Renegados – Dareon completou.

– Isso – Belrysa assentiu brevemente. – Achamos que eliminamos o perigo por enquanto, mas nunca podemos realmente saber o que Sylvana planeja. Você precisa ir.

Cansado, Dareon suspirou longamente. Tinha as orelhas caídas, o olhar vago, como se as palavras de Belrysa tivessem sugado todas as suas forças.

– Vai ficar mais fácil – ela lhe disse como despedida, e recebeu um último sorriso em resposta.

Dareon virou-lhe as costas e bravamente deixou a serraria em direção ao coração da Floresta Negra, aquele covil das piores criaturas que podia imaginar.

– Você não tem como saber – resmungou para si mesmo como objeção ao último comentário de Belrysa, mas ela certamente não o ouvira. Lá estava ele: distante, confuso e sozinho outra vez.

Perdido em meio à lugubridade da Floresta, Dareon mal pôde acreditar quando uma fortaleza cintilante surgiu diante de seus olhos. Suas patas, já fracas de tanto caminhar sobre as pedras e galhos quebrados, pararam quase que sozinhas enquanto ele encarava, pasmo, a cascata inacreditavelmente azul que desenhava-se nos contornos daquilo que parecia ser um abrigo construído dentro de uma árvore.

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Encantado, Dareon respirou aquele ar que parecia até mais leve por ali. Notou como as plantas eram mais vivas, como a luz do luar conseguia encontrar uma brecha e derramar sua serenidade sobre o solo. Sob seus pés, sentia a suavidade das pétalas de minúsculas flores que formavam uma trilha vermelha até a entrada daquele lugar que exalava magia.

– Essa névoa… – reclamava um worgen do lado de fora, carregando uma pilha de roupas dobradas. Outro worgen grunhiu e concordou com a cabeça, então ergueu do chão um maço de galhos secos e os levou para dentro da terra selvagem.

Lentamente, como se tivesse medo de que tudo aquilo fosse desaparecer de repente se fizesse algum movimento brusco, Dareon saiu detrás do arbusto em que se escondia e ergueu as patas na altura das orelhas para demonstrar que não pretendia qualquer ataque. O worgen que trazia a pilha de roupas notou que se aproximava e o encarou, muito sério.

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– E-eu… Olá? – Dareon gaguejou, ainda de longe. – Quero dizer, eu sou…

– Worgen – o outro assentiu e largou as roupas em um canto e apoiou-se no enorme tronco de árvore. – Isso eu posso ver.

Dareon abaixou as patas, perdido.

– Achei que vocês poderiam… Sabe…

Por mais que tentasse, não conseguia explicar o que tinha achado. Afinal, o que fora fazer ali? Todos vivem em harmonia, pensou. Não deve haver lugar para mim…

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– Não é nada – disse, já de costas para o worgen de Tal’doren. – Foi uma amiga que me disse para vir… Se chama Belrysa. É uma elfa, dessas com o cabelo colorido, cheiro de flores e… E essas coisas de elfos. Você deve saber… Bem, não importa, não é? Já estou… sabe… indo.

– Ei! – o worgen gritou assim que Dareon deu o primeiro passo para ir embora. Se aprumou de repente e correu para alcançá-lo. – Você disse… Belrysa?

– Disse – Dareon deu de ombros. – Está numa serraria abandonada. Fica naquela direção… E, desculpe, ela me fez andar muito para chegar até aqui, tenho um caminho bem comprido até o…

O worgen segurou-o pelo braço.

– Você se chama Dareon? – perguntou ele, ao que Dareon assentiu com a cabeça, confuso. – E por que não me disse antes? É um prazer conhecê-lo! Sou Benjamin Sykes. Sinto muito pelos maus modos, é que…

– Como é que você sabe quem eu sou? – Dareon o interrompeu. – Peço desculpas se nos conhecemos antes de… você sabe… antes disso

– Oh, não, não – Benjamin riu e correu até a pilha de roupas. – É que estávamos esperando por você. Aqui, troque esse colete sujo…

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Dareon aceitou o colete vermelho que Benjamin lhe oferecera e o vestiu no lugar do peitoral encardido que vinha usando nos últimos dias. Quando estava pronto, Benjamin o conduziu até a brecha no tronco que servia de entrada e abriu um sorriso assustador – mas de certa forma simpático – com todos os seus dentes afiados.

– Bem-vindo à terra selvagem! – disse, animado, enquanto Dareon espiava a multidão de worgens que se reunia em um círculo irregular em torno daquele que parecia ser o líder. – Lorde Darius Crowley gostaria de falar com você.

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