- [Roleplay] Entre Homens e Lobos – parte 1
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Dareon coçou a orelha, perdido. Deixou que as palavras de Belrysa ecoassem duas, três vezes em seus ouvidos, até finalmente se sentir seguro para emitir algum som.
– Como é que…
– Shh! – Belrysa sussurrou, e seu sopro o atingiu feito uma brisa de verão. – Você fala demais – completou, logo em seguida, mas seu tom não era de reprovação. – Suponho que você tenha muitas perguntas, mas não é… prudente falar sobre isso agora. Eu sei porque você veio aqui, Dareon. Infelizmente, não posso levá-lo até onde você deseja enquanto houver inimigos no seu encalço…
Por algum motivo, Dareon não conseguia reagir imediatamente ao que ela dizia. Se distraía ora com o movimento de seus cabelos, que refletiam o brilho amarelado das lanternas, ora com a musicalidade de sua voz, que de tão suave mais parecia sair de uma harpa. E tudo ao seu redor tinha cheiro de flores, como podia aquilo ser possível quando…
Uma gota de água gelada pingou em sua testa e o carregou de volta à realidade. Belryssa o encarava, preocupada.
– Que… que inimigos? – perguntou Dareon, e até virou-se para trás e apertou os olhos, numa tentativa inútil de enxergar alguém que o estivesse seguindo.
A elfa deu de ombros, tranquila. Começou a remexer em uma pequena bolsa que apoiada aos seus pés e, ainda abaixada, explicou:
– Ah, uma das batedoras de Sylvana vem seguindo você – disse ela, sem alterar o tom de voz, e se levantou segurando um pequeno objeto na palma da mão. – Não podemos deixar que os Renegados sejam conduzidos ao lugar que você procura.
Belrysa puxou-o para perto e lhe entregou um pequeno pingente prateado. Dareon girou-o várias vezes e, desistindo de tentar entender sozinho o que significava, olhou-a com cara de dúvida.
– Guarde bem – ela falou. – Ande pela estrada a norte daqui a deixe que a batedora o atraia para a armadilha que está preparando. Depois que estiver preso, use o poder do talismã para se libertar e contra-atacar.
– Tem certeza de que vai dar certo? – Dareon fez uma careta enquanto examinava o pingente.
Ela riu suavemente.
– É claro que vai.
Dareon suspirou, cansado. Assentiu com a cabeça baixa e deixou o pingente cair dentro do bolso. Agir naturalmente, pensou, já que provavelmente não teria outra chance de enganar a batedora de Sylvana. Adotou uma postura mais confiante e iniciou sua tentativa de encenar uma partida, como se realmente fosse caminhar em direção à estrada deserta ao norte da serraria em busca das respostas aos mistérios que viera investigar.
De longe, ainda recebeu um aceno encorajador da elfa e decidiu que gritar uma despedida pareceria verídico. Depois de berrar um adeus desajeitado, no entanto, percebeu que ele próprio não acreditaria numa encenação daquelas. Era óbvio que não estava de fato partindo, não era? Trocara meia dúzia de palavras com Belrysa e, de repente, guardara algo no bolso e tomara um outro caminho. Certamente que a batedora de Sylvana estava, de alguma forma, ciente de tudo aquilo. Onde ela está?, se perguntava enquanto caminhava, fazendo um esforço tremendo para evitar olhar para trás.
Ao andar pela estrada agourenta que Belrysa lhe havia indicado, sentia-se feito um animal ameaçado. Arrepiava-se por qualquer barulho, farejando involuntariamente enquanto seus dentes afiados permaneciam tão trincados que achava que iria quebrá-los se aquilo tudo não acabasse de uma vez.
Enquanto caminhava sozinho, não conseguia se acalmar diante da ausência de qualquer acontecimento ou sinal da batedora inimiga, tampouco podia deixar de pensar em como havia confiado cegamente na elfa. E se não houver ninguém me seguindo?, pensava, preocupado, acatando a possibilidade de que talvez retornasse à serraria e Belrysa não estivesse mais lá. Por que razão ela o ajudaria, afinal? Talvez ela não quisesse que os guilneanos descobrissem o destino da população do Vale Tormenta. E se estivesse apenas tentando despistá-lo, fazer com que se perdesse e nunca mais encontrasse seu caminho? Achava que os elfos eram um povo pacífico, mas não tinha como saber quais eram seus interesses em relação à Guilnéas. E se ela só estiver me tirando da reta?
Estava a ponto de dar meia-volta e retornar à serraria para esclarecer a situação quando sentiu um calafrio particularmente forte. Retirou o talismã do bolso e prendeu-o entre as garras. Esqueci de perguntar como se usa, pensou, mas já era tarde demais. O cheiro pútrido o fez virar-se num ímpeto, rosnando bestialmente na direção do inimigo que já conhecia de muitas lutas – e que, por um momento, chegara a acreditar que sequer estaria ali. A morta-viva sorriu e virou-lhe as costas para correr. Sem pensar mais, Dareon segui-a imediatamente, pronto para saltar sobre suas costas…
… E foi obrigado a parar quando uma redoma de gelo o envolveu das patas à cabeça, congelando-o completamente em menos de um segundo. Imóvel, observou a Renegada se aproximar, rindo ainda mais enquanto tirava suas adagas da cintura, encarando-o com ar triunfante. Belrysa, me solte!, Dareon gritava silenciosamente. Não podia apertar o talismã, mas de alguma forma sentia sua presença. Belrysa!, continuava chamando, mas nada acontecia e a morta-viva chegava cada vez mais perto. Me desculpe por ter duvidado!, pediu finalmente. Belr…
A batedora Renegada tinha as adagas prontas para serem cravadas em seu peito quando Dareon conseguiu se mover. Instintivamente, cobriu os olhos com as patas, tentando ofuscar o feixe de luz cegante em que de repente se transformou o bloco de gelo em que estava preso.
A morta-viva, desorientada, caminhou para trás e bateu as costas em uma árvore seca. De alguma forma, a luz parecia segui-la, contornando-a por todos os lados, de modo a acabar com qualquer chance de orientação que tivesse. Dareon conseguiu aproximar-se e ergueu-a no ar pelo pescoço.
– Vocês… não… – a morta-viva tentou falar, mas tinha a garganta apertada brutalmente pelas duas patas gigantescas.
Dareon não tinha interesse no que ela fosse falar. Reuniu toda a força que possuía e atirou-a contra o rochedo que ladeava a estrada. O corpo da batedora escorregou pela pedra úmida até finalmente cair no chão com um baque seco, escondido pelas folhas mortas de um arbusto particularmente alto.
O talismã de Belrysa ainda estava seguro entre suas garras. Dareon ergueu-o contra a luz por um momento, então guardou-o novamente dentro do bolso. A morta-viva permanecia inerte no chão, numa posição estranha, meio encoberta pelos galhos quebrados que trouxera consigo durante a queda.
Dareon fez questão de lançar-lhe um último olhar enojado.
– E fique aí – resmungou, raivoso, e tomou novamente seu caminho para a serraria.
Demorou a eternidade para alcançar a serraria novamente. Enxergou a cor berrante dos cabelos de Belrysa já de longe, o contraste de sua pele pálida se destacando em meio à escuridão da Floresta Sombria.
Dareon aproximou-se, um tanto embaraçado. Ela sabe que eu duvidei, pensou assim que conseguiu analisar sua expressão de perto.
– Eu… – ele encolheu os ombros, sem saber o que dizer.
– Oh, sim – Belrysa sorriu –, você foi muito bem. A batedora não teve a menor chance.