- [Roleplay] Renegada – parte 1
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Aquilo que os Renegados chamavam de Lenhardente havia se transformado em uma pilha de cinzas, Halie constatou logo que se aproximou o suficiente para obter uma visão geral do vilarejo. As ruas que o transpassavam estavam poluídas por corpos sem vida, que jaziam no chão formando uma trilha sombria para os visitantes indesejados.
– Oh, isso é repugnante… – murmurou Lorde Godfrey, esticando a perna para passar por cima de um cadáver.
– Shh! – Halie levou o dedo à boca, irritada. De fato, realmente achava aquilo tudo repugnante, mas não queria que fizessem barulho demais a ponto de alertar os soldados da 7ª Legião de sua presença.
Já estavam quase chegando à praça e Halie continuava examninando rapidamente cada um dos corpos pelos quais passavam, apenas para constatar que todos pertenciam a Renegados caídos em batalha. Os mortos da Aliança, queria acreditar, haviam sido todos recolhidos.
Ou talvez isso tenha sido um massacre de mortos-vivos…
– Tomem cuidado – sussurrou, erguendo sua tocha para iluminar um beco abandonado enquanto passava.
– Oh, querida, eles já sabem que estamos aqui – respondeu Lorde Walden calmamente. – Apenas mantenha a guarda enquanto procuramos pela prefeitura. Quando você menos esperar…
Um som conhecido fez Halie virar-se habilmente para trás. Ashbury e Walden haviam interrompido um ataque sorrateiro de um batedor da 7ª Legião, que chegara por trás de Godfrey enquanto conversavam.
Halie prontamente tratou de se valer de suas habilidades mágicas para ajudá-los no combate e, em segundos, as adagas que o batedor segurava já haviam sido atiradas para longe e ele caía de joelhos no chão, ao lado do corpo de um Renegado.
Adentraram a praça central do vilarejo de Lenhardente juntos, olhando para todos os lados possíveis, apavorados com a ideia de que um exército da Aliança poderia aparecer a qualquer momento para atacá-los. Entreolhavam-se a todo momento, e, por mais que Halie tivesse aversão pelo comportamento dos três Renegados, sabia que agora precisava agir junto deles.
– Fiquem juntos – disse quando Lorde Walden ficou para trás para espiar as ruínas de uma casa, e obrigou-se a parar para esperá-lo. – Isso será muito mais difícil se nos perdermos…
Não havia se passado nem um minuto desse momento quando outros dois batedores atacaram o grupo, um de cada lado. Halie, que caminhava na ponta esquerda, recebeu a primeira investida de um deles, mas logo foi puxada para trás por Ashbury, que colocou-se à sua frente para lutar com o soldado e evitar que ela sofresse o golpe.
Enquanto isso, Godfrey segurava os braços do batedor que viera em sua direção para que Lorde Walden o matasse. Halie parou de olhar antes disso acontecer, e concentrou-se em ajudar Ashbury. Instantes depois, os outros dois se posicionaram aos lados do companheiro, empurrando-a ainda mais para trás, de modo que formaram uma parede à sua frente, impedindo-a de ser atacada pelo soldado da 7ª Legião.
Estão me protegendo, Halie concluiu, enquanto observava os três Renegados fechando-se em torno do batedor. Permaneceu quieta até que o combate tivesse fim e então prosseguiu um pouco à frente, erguendo sua tocha para iluminar o caminho.
Um novo batedor saiu de dentro de uma casa abandonada e atirou-se às suas costas. Halie mal teve tempo de reagir, pois Walden foi mais rápido e arrancou-o de cima dela com um único puxão, atirando-o ao chão logo em seguida. Halie nem se deu ao trabalho de chegar perto da briga e continuou caminhando em direção ao maior prédio que havia na pequena praça, uma estrutura de madeira de três andares, com a mesma aparência abandonada de todas as outras casas do vilarejo.
– Atire a tocha! – gritou Ashbury. – É a prefeitura! Atire a…
Halie fez sinal para que ele se calasse e deu mais um passo em direção ao prédio. Apurou os ouvidos e seguiu o som fraco que vinha lá de dentro.
– Estão ouvindo? – perguntou, mas não obteve resposta.
Era um gemido baixo, quase inaudível, que às vezes se perdia em meio aos barulhos do ambiente. Halie continuou aproximando-se da porta, pé ante pé, ouvindo o som lamuriento ficar cada vez mais alto.
– Nem pense em entrar aí, está me escutando? – Lorde Godfrey tentou segurar seu braço, mas Halie soltou-se e espiou brevemente o interior da prefeitura de Lenhardente.
Havia um enorme barril encostado a um canto, e logo ao lado deste barril uma figura encolhida se chacoalhava para a frente e para trás, encostado na parede de madeira. Halie entrou no salão, ignorando os protestos de Walden e as tentativas de Godfrey de segurá-la, e caminhou cautelosamente na direção da pobre criatura.
– Olá? – disse baixinho.
O Renegado encolheu-se ainda mais, cobrindo o rosto com as mãos. Halie tocou-lhe o ombro e sentiu-o estremecer.
– Eu vim ajudar – murmurou.
O morto-vivo levou alguns segundos para decidir se acreditava e resolveu olhá-la rapidamente. Quando constatou que era uma Renegada quem lhe falava, virou-se em sua direção e apertou-lhe as mãos com força.
– E-está seguro lá fora?
– Você pode vir conosco – Halie ajudou-o a se levantar.
Atrás dela, Lorde Walden bufou.
– Oh, Halie, por favor… – disse, mas Halie fez um gesto com a mão para interrompe-lo.
– E-eles estão p-por toda parte… – o morto-vivo se lamentava. Ainda era possível ouvir os protestos sussurrados de Walden, mas Halie ignorou-os.
– Fique tranquilo, nós vamos tirar você daqui. – o sorriso fraco de Halie pareceu acalmá-lo.
Halie guiou-o para fora do prédio e jogou a tocha no barril. O incêndio tomou conta da prefeitura mais rápido do que podia imaginar, e tiveram que se afastar correndo para o outro lado da praça.
Batedores da 7ª Legião deixaram as casas que ocupavam assim que notaram o fogo se alastrar e correram na direção dos invasores. Halie ajudou a combatê-los, ao mesmo tempo em que chamava outros Renegados vivos, que, apesar de amedrontados, agora começavam a se mostrar, curiosos pela mudança nos acontecimentos.
– Recuem – ordenou Godfrey baixinho, ocupado com dois batedores que o atacavam. – Vamos sair daqui logo.
Halie olhou para Ashbury e apontou na direção de uma estalagem, na entrada da praça. Ashbury entendeu o comando e posicionou-se ao lado da entrada. Assim que Halie guiou os Renegados sobreviventes pela pequena rua que levava à saída do vilarejo e correu logo atrás deles, seguida por Lorde Godfrey e Walden, Ashbury atirou sua tocha no telhado de madeira da Taberna de Lenhardente e em segundos a passagem foi bloqueada pelas toras em chamas que se desprendiam do prédio.
Os poucos batedores da 7ª Legião que conseguiram passar da barreira logo foram subjugados pelos Renegados. Walden e Godfrey ainda atiraram suas tochas em duas casas antes de deixarem Lenhardente, e, quando olharam para trás, tudo o que se via era uma enorme nuvem de fumaça preta envolvendo o vilarejo.
Permaneceram encarando a queda de Lenhardente durante alguns momentos, até que gritos interromperam o momento de deleite e fizeram com que todos se virassem para trás.
– COVARDE! COVARDE! – Lorde Walden berrava. Quando se virou para ver o que acontecia, localizou-o em meio aos sobreviventes, apontando o dedo para cada um deles conforme gritava. – É isso o que você é! Um soldado covarde! Todos vocês!
Sob a cortina de fuligem que caía do alto, Halie ignorou os olhares das dezenas de soldados que se encontravam presentes e abriu caminho até Walden.
– Quem você pensa que é? – gritou, puxando-o violentamente pela gola do colete. – Eles lutaram bravamente…
– Eles se esconderam! – Walden berrou em resposta. – Se esconderam e esperaram que alguém viesse salvá-los, como os bons covardes que são…
– E o que você faria no lugar deles? – Halie abaixou o tom da voz. – Se mostraria aos inimigos sabendo que não há chances de vitória? Me diga, Walden, em que isso colaboraria para a causa dos Renegados?
– Eu… eu poderia…
– Você se esconderia e aguardaria reforços, assim como qualquer soldado sensato.
Halie soltou-o e deu-lhe as costas. Dois passos à frente, mudou de ideia e virou-se mais uma vez para olhá-lo.
– Não que eu considere que qualquer um de vocês três realmente possua a sensatez necessária para lutar sob o comando da Dama Sombria – disse calmamente, e em seguida ordenou aos soldados resgatados que caminhassem à frente de volta à Linha de Frente dos Renegados.
Godfrey aproximou-se imediatamente, batendo os pés e falando alto.
– O que quis dizer com isso? – perguntou.
– Exatamente o que eu disse – Halie respondeu-lhe, sem parar para conversar.
– Oh, pois escute aqui, mocinha! – Godfrey bufava. – A parte de mim que era humana morreu em Tempestária. Só nos resta a vingança, e temos muito trabalho a fazer se quisermos obtê-la. Por gentileza, poupe-nos desse discurso inútil…
– Ei, vocês, parem de brigar – Ashbury intrometeu-se. – Precisamos falar de uma coisa séria.
– Que seria…?
Lorde Walden chegara logo atrás, já recomposto. Tinha no rosto uma expressão de calma e, pelo que parecia, pretendia fingir que nada havia acontecido. Ashbury não lhe deu atenção e virou-se na direção de Halie.
– Não deviam estar comemorando tanto ainda – disse baixinho, apontando com o queixo para um grupo de soldados que caminhava à frente. – Isso não acabou ainda.
– De fato – Lorde Walden concordou. – Muito embora tenhamos obtido uma vantagem sobre a Aliança com a destruição de Lenhardente, o nosso objetivo real é incapacitá-la.
Halie encarou um e depois o outro.
– O que querem dizer?
– A sudoeste daqui, próximo à Muralha Greymane, fica o Acampamento da 7ª Legião – Walden explicou, ignorando os murmúrios de revolta que Godfrey começara a proferir quando ouvira o nome “Greymane”. – Precisamos vasculhar o acampamento. Enquanto não encontrarmos os planos de batalha da 7 Legião, não teremos o controle da situação.
– Exato, exato – Ashbury chacoalhou a cabeça com entusiasmo. – Se conseguirmos os planos de batalha, poderemos identificar todos os deslocamentos das tropas da Aliança em Pinhaprata.
Halie apertou os olhos por um momento, inconformada com a ideia de precisar passar mais tempo na companhia daqueles três. Logo depois, decidiu que preferia fazer o que era preciso de uma vez e acabar com aquilo o mais rápido possível.
– Perfeito – disse a contragosto, girando nos calcanhares para mudar de direção. – Vamos indo. Montamos um plano no caminho.