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Boa leitura!
Acordou em mais uma manhã fria, encarando aquele mesmo céu cinzento e cansativo que nunca mudava. Havia perdido a noção do tempo e mal podia imaginar quantos dias passara dormindo, mas suas recordações lúcidas eram tão escassas que não podia ter certeza se estivera realmente acordado alguma vez desde que fora capturado.
Piscou quando as gotas de chuva atingiram seus olhos e ergueu parte do colete que vestia para secar o rosto. Ficou imóvel durante um segundo, acostumando-se à ideia de estar livre novamente. Esticou os braços com força e, como se fosse uma pancada, sentiu a dor nos ombros atingir-lhe de uma só vez. Precisou curvar-se, tentando adaptar-se forçadamente ao tamanho de seu corpo.
Estivera deitado no chão, perto do local onde antes ficava sua jaula. Ergueu-se lentamente e esfregou a cabeça, sentindo fios secos e emaranhados enroscando-se em seus dedos. Moveu-se desajeitadamente até que finalmente conseguiu parar em pé, equilibrando-se com dificuldade sobre a terra úmida, enquanto olhos raivosos o observavam de todas as direções.
Farejou o ar. Encarou cada um dos worgens firmemente, tentando imaginar a luta interior que travavam contra si mesmos enquanto exteriorizavam sua fúria com rosnados ameaçadores e uivos lamentosos. Quase desequilibrou-se novamente ao lembrar dos momentos de terror que vivera enquanto ficara preso naquela mesma situação.
– Oh, que grande surpresa – gritou uma voz, mas em seu tom não existia nenhuma satisfação. – Realmente espero que você saiba quem é.
Dareon olhou-o firmemente, observando sua forma irritante de andar. Lorde Godfrey caminhava com calma, trazendo um sorriso dissimulado no rosto e uma espada longa na cintura. Não conseguiu conter o ímpeto de mostrar-lhe as presas, rosnando baixinho.
Uma lembrança repentina assolou-o, fazendo com que, por um momento, se sentisse novamente enjaulado, encolhido num canto depois de debater-se contra as grades de aço.
“Olhe para o que você se tornou”, dissera Godfrey com repulsa, observando-o através de seus óculos. “Aqueles animais amaldiçoados… fizeram de você nada mais do que um vira-lata miserável.”
Dareon o encarara do fundo da jaula, atordoado por sedativos, enquanto o homem continuava a falar.
“Você ao menos se lembra do que fez aos seus amigos?”, Lorde Godfrey perguntara, batendo nas grades para fazer barulho. “Você e sua espécie… assombrando as florestas sem controle algum… até que o encontramos. Você só está vivo porque eles ainda acreditam que pode ser salvo. Mas para quê? Existe mesmo um pingo de humanidade em você?”
Dareon rosnou mais alto, tentando livrar-se da memória indesejada, por mais que soubesse que jamais esqueceria daquelas acusações. Godfrey vacilou quando notou a ameaça e desembainhou a espada.
– Você pode falar? – ele gritou.
Não sabia. Ainda não havia tentado, e com certeza não o faria na frente de Lorde Godfrey.
– Certo… – Godfrey continuou, dando um passo para trás quando Dareon caminhou em sua direção. – Então a poção de Krennan não o matou, é? Bem, agora você está entre humanos, outra vez. Suponho que esteja no controle agora. Acho que não vou ter que atirar em você, afinal de contas. Pelo menos por enquanto – ele deu uma risada seca. – Pode falar com Aranas, dê-lhe as boas notícias. Ele é o responsável pela casa onde mantemos os… da sua espécie. Mas lembre-se, Dareon, eu estou de olho em você. Faça uma gracinha sequer e eu tasco um balaço no meio da sua testa.
Dareon passou por Godfrey sem responder e adentrou a pequena vila que observara de longe durante tanto tempo. Recebeu alguns olhares tortos enquanto caminhava pela estreita estrada de pedra, mas tentou ignorá-los e manter o pingo de dignidade que ainda lhe restava.
– Dareon? – ouviu alguém chamar e virou a cabeça na direção do som com violência demais. – É você?
Krennan Aranas estava parado na entrada de uma estalagem, olhando-o sob seu capuz acinzentado. A esperança em sua voz fez com que Dareon se acalmasse e relaxasse os ombros, curvados de tensão desde que acordara. Balançou a cabeça em afirmação e o químico abriu os braços para recebê-lo.
– Oh, funcionou! – dizia ele, emocionado. – Pela Luz, funcionou!
Dareon aproximou-se calmamente, com receio de que se fizesse qualquer movimento brusco, duvidariam de seu controle e o prenderiam novamente. Deixou Aranas encostrar a mão em seu ombro e conduzi-lo lentamente para dentro da estalagem, e logo que entrou ouviu mais saudações animadas.
– Oh, bem-vindo de volta, Dareon! – disse Gwen Armstead, a simpática jovem que havia conhecido quando chagara em Guilnéas. Ela estava sentada em um canto, mas logo levantou-se para falar-lhe mais de perto. – Você teve sorte. O tratamento de Krennan nem sempre funciona tão bem assim…
– Ah, sim – concordou Krennan. num tom mais contido. – Seja cauteloso. Não espere ser convidado para tomar chá na casa das pessoas, mas pelo menos elas não vão chegar atirando em você… Até onde sabemos, não é possível reverter por completo os efeitos da maldição. Com o devido tratamento, no entanto, você terá a sua própria mente… e não a de um animal selvagem. Tivemos sorte em curá-lo, geralmente só infecções recentes respondem ao tratamento. Mas eu não esperava que você se recuperasse tão rápido, rapaz! – Aranas sorriu amplamente. – Mas agora precisamos continuar medicando-o… Preciso fazer outra partida de soro. Dareon, acho que seria bom se você andasse por aí um pouco. Pode trazer para mim uma caixa de essência de mandrágora? Está escondida debaixo de uma cabana, a sudoeste daqui.
Dareon tentou abrir um sorriso, mas, pela reação de Gwen, tudo o que conseguiu foi mostrar as presas e parecer assustador. Esticou a mão para se desculpar, mas a moça encolheu-se mais ainda diante da visão das garras compridas que se aproximavam de seu braço.
– Não – Dareon tentou murmurar, mas o som saiu mais parecido com um latido.
– Tudo bem – disse Gwen, e tocou levemente seu rosto. – Eu entendi. Você não vai nos machucar. Ainda precisa aprender a se comunicar.
Dareon encarou o chão, envergonhado, e balançou a cabeça. Gwen sorriu e mostrou-lhe a direção em que ficava a cabana, ensinando-o o caminho que deveria percorrer para chegar até lá. Saiu em busca dos ingredientes, tentando decorar o formato da vila e os destinos aos quais as ruas irregulares o levavam. Acabou encontrando a cabana com facilidade, mas logo que se aproximou soube que havia algo errado.
Conseguia sentir o cheiro da essência de mandrágora bem demais. Encontrou uma caixa meio aberta, rodeada de frascos quebrados com o líquido esparramado pelo chão. Logo ao lado, jazia de barriga para baixo o corpo do vigia da cabana, morto por uma lâmina cravada em suas costelas por trás.
Dareon agachou-se para estudar a cena e notou a grande caveira entalhada no cabo de madeira da faca. Ergueu-se num pulo, farejando em todas as direções e tentando enxergar qualquer pista sobre o ataque… então seu olhar recaiu sobre a baía logo à frente. Sentiu um cheiro diferente no ar e permaneceu imóvel, apenas encarando as figuras muito nítidas dos dois navios de guerra inimigos ancorados na praia.