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Este é o 12º artigo de 23 posts da série Renegada.

 

Halie encolheu-se novamente junto a um canto e tirou o D.C.R. da bolsa. Chamou o Comandante com um sussurro amedrontado, temendo uma possível falta de resposta, mas quase levou um susto quando a voz do superior respondeu-lhe de imediato.

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– Onde você está? – perguntou o Comandante, um tanto irritado.

– Em Guilnéas – respondeu Halie. – Precisava descobrir como foi que…

Guilnéas? Estamos sendo atacados aqui, do outro lado!

– Eu sei disso, Comandante. Mas a minha presença não mudaria muita coisa por aí, não é mesmo? – ela olhou para os lados e diminuiu o tom da voz. – Descobri como a 7ª Legião conseguiu se infiltrar sem ser vista. Eles vieram em submarinos a princípio, então trataram de dizimar todas as forças navais dos Renegados. E agora… agora há uma frota de navios da Aliança chegando.

Por alguns segundos, tudo o que Halie obteve como resposta foram os chiados do dispositivo. Quando o Comandante finalmente manifestou-se, sua voz saiu num murmúrio que misturava incredibilidade e desespero.

– Nós tínhamos tudo sob controle acima do nível do mar, tudo. Mas abaixo… não tínhamos nada.

Halie quase podia imaginá-lo escondido em um canto, meneando a cabeça em desaprovação, em dúvida sobre o que mais lhe aborrecia no momento: o duro combate se desenvolvendo nas instalações da base dos Renegados ou o truque utilizado pela 7ª Legião para despistá-los.

– Eles devem ter se infiltrado pelas nossas defesas e explodido nossos navios em mil pedaços – continuou o Comandante. – E agora o resto da esquadra da Aliança está quase chegando… Recuar!

A fala do Comandante foi interrompida por um uivo que parecia mais próximo do que deveria. Após isso, Halie só escutava o D.C.R. zumbir e estalar enquanto alguns sons de luta soavam ao fundo, e tudo o que pôde fazer foi fechar os olhos e desejar com todas as suas forças que tudo aquilo acabasse logo.

– Halie, está aí ainda? – gritou o Comandante. – Responda!

– Estou aqui – respondeu, aflita.

– Escute com muita atenção – ele baixou o tom. – Esta é minha última transmissão. É provável que você não consiga mais fazer contato comigo. Os worgens invadiram o Comando Avançado, e agora é só questão de tempo até que a base caia. Belmonte e Artura, a val’kyr, estão partindo daqui a pouco. Eles precisam encontrar-se com você na Vila da Pedra Incandescente, a nordeste de Guilnéas.

O Comandante Avançado da Ofensiva ficou em silêncio por mais um momento e então completou num sussurro:

– Encontre Belmonte, Halie. Nossa missão… nossa própria existência depende disso. Adeus. Você é nossa última esperança.

– Até logo, Comandante – Halie rebateu. – Nos vemos em breve.

Conseguiu distinguir outro uivo antes de encerrar a transmissão. Apertou o dispositivo nas mãos e apertou novamente os olhos, procurando clarear os pensamentos antes de partir. A seriedade da situação atingiu-a com tanta força que Halie sentia que quase podia tocá-la. Não sabia ao certo as condições da batalha no Comando Avançado dos Renegados, mas, se bem entendera, mais uma vez o destino de seus companheiros encontrava-se em suas mãos.

Guardou o dispositivo e aguardou até que pudesse sair do canto em que estava agachada. Depois, esgueirou-se pelas colunas e correu sob a chuva, em direção à Vila que mal sabia onde ficava, temendo as notícias que receberia quando finalmente encontrasse o Comandante Sicário Belmonte.

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Demorou mais do que devia para chegar ao local do encontro. Belmonte e Artura, que certamente haviam voado até ali, a aguardavam em frente a um chafariz quebrado no meio da Vila, cercado pelos corpos de dezenas de soldados dos Renegados caídos em batalha. Como acontecia sempre, Halie tentou ignorar a presença da val’kyr, mas seu tamanho descomunal e a luz gélida que emanava tornavam impossível não prender a atenção.

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– Oh, Halie – disse Belmonte num tom triste. – Como é bom vê-la novamente, e a salvo.

Halie tentou sorrir de forma amigável.

– É bom vê-lo também, senhor.

– Antes de tudo… – ele colocou uma das mãos em seu ombro e apertou-o levemente. – Sinto muito por precisar lhe dar essa notícia, menina. O Comandante Avançado da Ofensiva lutou até o amargo fim. Foi necessária uma matilha de worgens sedentos por sangue para derrubá-lo.

Halie desvencilhou-se do conforto de Belmonte e olhou-o suplicante.

– Ele… ele…

– Sim, filha – Belmonte sacudiu a cabeça. – Infelizmente.

– Oh – ela encarou o chão. – Ele… acabou de falar comigo…

– Halie, não deixaremos que a morte dele e dos nossos soldados seja em vão. Nossa missão tem de ser bem sucedida.

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Belmonte ergueu os olhos para Artura. Halie conseguiu enxergar de relance a val’kyr assentir com a cabeça.

– Agora vou contar a você o motivo de estarmos aqui – disse o Comandante Sicário. – Bem, existiu por aqui um homem chamado Godfrey. Ele passou a vida defendendo o Reino de Guilnéas. Quando a maldição worgen assolou esta terra, Godfrey foi um dos primeiros guilneanos a pegar em armas contra as feras. Dizem que tirou a própria vida quando descobriu que seu Rei estava amaldiçoado. Ele preferiu morrer a servir as criaturas que havia combatido em defesa da pátria. Bem, nós vamos dar uma segunda chance à ele.

Belmonte parou de falar e encarou-a com ar triunfante. Halie ficou parada, olhando-o sem reação, até que o Comandante abaixou os ombros e explicou:

– Você irá nos ajudar a recuperar o cadáver dele, Halie.