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Este é o 10º artigo de 23 posts da série Renegada.

Tropeçou em uma pedra solta, que rolou à sua frente pelo chão molhado, chapinhando água para os lados. A chuva diminuíra de intensidade, e agora era possível enxergar melhor o resultado de sua intervenção na base da 7ª Legião na cidade de Guilnéas.

Halie preferiu desviar o olhar. Deu as costas às ruínas e correu pelo enorme portão de entrada, deixando a estrada principal assim que encontrou uma brecha. Quando chegou À Guarda de Rutsak, a fumaça preta que se desprendia dos corpos havia sido atenuada, e das chamas quase nada se via.

Adentrou a pequena casa de madeira com pressa e largou-se no banco mais próximo.

– Olá, Capit…

– Ah, você! – Rutsak correu em sua direção. – Oi! Você o matou? Por favor, me diga que sim…

Halie encarou o chão.

– Matei – torceu as mãos no colo.

– Oh – o Capitão abriu um sorriso apodrecido e bateu palmas rapidamente –, eu nem posso acreditar! O-obrigado, menina. Fico feliz que você tenha entendido o motivo… Nós fomos humilhados em batalha, mas o inimigo não venceu, Halie, não venceu! Não vou me esquecer disso tão cedo.

– Certo – disse Halie, encabulada. – Obrigada, eu acho. Eh… Capitão, com todo o respeito, o senhor não acha que precisa de um descanso?

– Acho, Halie, é claro que eu acho – suspirou. – Se conseguir voltar para Pinhaprata, vou dar baixa do serviço. A guerra não está no meu sangue.

Halie concordava, mas preferiu guardar a opinião para si. Assentiu levemente com a cabeça e sorriu de forma amigável, deixando o Capitão voltar a ocupar-se com a arrumação de seu baú.

Seus olhos se arregalaram quando notou de relance a bolsa que havia largado em cima da mesinha quando chegara. Deus dois passos rápidos e abriu-a desesperadamente, lembrando-se do pergaminho com o selo de Ventobravo que jogara lá dentro assim que o retirara do bolso do primeiro-sargento.

“Zaren,

            Seu objetivo principal é tomar o Distrito da Catedral de Guilnéas. De lá, eu quero que você se junte aos worgens de Lorde Crowley para invadir o território inimigo. Tome os postos mais próximos e corte as linhas de comunicação.

            O Rei Wrynn assegurou-me de que há uma armada inteira de navios de guerra a caminho e que não demora a chegar. Assim que o resto da frota houver chegado, lançaremos uma investida contra o Comando Avançado dos Renegados e faremos aqueles vermes recuarem até a Floresta de Pinhaprata.

            Assim que garantirmos o controle da Aliança sobre Guilnéas, começaremos os preparativos para a retomada de Lordaeron.

            Pela glória da Aliança!

            Alto Comandante Haraldo Serpecida

            P.S.: Enviaremos um sinal de fumaça quando estivermos prontos para atacar o Comando Avançado dos Renegados. Mantenha os soldados em alerta.”

            Halie precisou sentar-se novamente e reler as ordens do Alto Comando para ter certeza de que entendera direito. Só voltou a si quando a mão de Rutsak tocou em seu ombro, depois que ela não lhe respondera se estava tudo bem pela segunda vez.

– O que foi que houve, menina? – insistiu o Capitão, preocupado.

– E-eu… preciso falar com o Comandante! – começou a remexer na bolsa desesperadamente.

– É algo grave?

Halie ignorou-o. Ligou o D.C.R. e aproximou-o da boca.

– Comandante! – gritou para o dispositivo, sentindo-se mais agoniada a cada segundo. – Alô, Comandante!

O D.C.R estalou e, em meio a chiados, a voz do Comandante respondeu-lhe.

– Halie! – murmurou. – Você está… você conseguiu? Você conseguiu, minha nossa!

– Comandante, é urgente! – ela continuava a berrar. – Uma armada de navios de guerra da Aliança deve chegar aí a qualquer momento! Encontrei os planos de Zaren, os soldados se unirão aos worgens no ataque ao Comando Avançado…

Escutou um uivo vindo de algum lugar. Parou de falar ao ver Capitão Rutsak arregalar os olhos e tapar a boca com as mãos. Estava prestes a perguntar o que havia acontecido quando ouviu outros uivos.

Só então notou que vinham diretamente do dispositivo em suas mãos. O dispositivo do Comandante permanecia ligado, mas tudo o que emitia eram sons confusos, uma mistura aterrorizante de grunhidos, gritos e armas chocando-se umas contra outras.

– Comandante! – desesperada, Halie apertava o D.C.R. nas mãos, encarando-o firmemente como se fosse ajudar em algo. – Comandante!

Ela bateu com uma das mãos nas pernas e olhou para o Capitão, tão apavorada quanto ele estava.

– Não acredito, Rutsak… – murmurou chorosa. – Eu me esqueci de ler isso antes, era tão importante! Como foi…

– Halie – a voz do Comandante voltou a soar após alguns minutos. – Halie! Você precisa se apressar! Estamos sendo massacrados!