- [Roleplay] Renegada – parte 1
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Halie olhou para cima e encarou a Rainha Banshee com sua mais perfeita expressão de terror, achando que não havia compreendido direito.
– Uma cilada? – perguntou com a voz fraca.
– Oh, sim – respondeu Sylvana batendo as mãos rapidamente, após o que chamou Artura e rapidamente lhe falou algo ao pé do ouvido. A val’kyr assentiu e afastou-se em seu bater de asas lento e ritmado, e a Rainha voltou sua atenção novamente para sua Renegada. – Precisamos agir rápido, Halie. Eles não podem ter chance de escapar. Já dei ordens à Artura para que mande nossas tropas mais poderosas à Mina Elenfunda, e com eles o Cavaleiro, para garantir que nada dê errado. Deixe-os ir na frente para limpar a área e então encontre-os e se apresente ao Mestre Forteski na Mina Elenfuda, a oeste da Miséria de Olsen, e ESMAGUE aqueles ratos!
Halie fez uma vênia com a cabeça e afastou-se com pressa. Andou durante algum tempo, sem procurar nada em especial, apenas observando os pinheiros sendo balançados pelo vento forte que soprava àquela hora. Sentou-se no chão atrás de um arbusto e assim permaneceu por sabe-se lá quanto tempo. Já anoitecia quanto Ágata aproximou-se para lhe informar que devia partir.
– A Rainha lhe deseja uma boa sorte – disse Ágata em sua voz sombria antes de se afastar, deixando Halie sozinha novamente.
Sem tchau, então?, suspirou. Certo.
Ergueu-se lentamente, batendo a terra das roupas, e procurou algum cavalo disponível. Partiu imediatamente, seguindo a trilha deixada pelas patas dos cavalos em que as tropas dos Renegados estavam montadas, o que acabou deixando a tarefa de encontrar seu destino muito mais fácil. Após algum tempo, avistou alguns soldados em frente à Mina, preparando-se para o ataque.
– Hum, olá? – disse ao Renegado que mais se parecia com um líder. – É o Mestre Forteski?
– Oi – sussurrou o morto-vivo em resposta.
– Oh, certo. eu sou Hal…
– Halie, é? Eu sei, heh. Estava te esperando, menina.
– Estava? Bem, que bom… Então, o que faremos?
– A Senhora me pôs como encarregado dessa tropa – disse o Mestre Forteski, empinando-se para melhor mostrar o símbolo dos Renegados que trazia ao peito. – Nossa missão primária é entrar lá, encurralar os ratos e matar todos eles, incluindo Dentessangue. Você nos prestou um excelente serviço quando conseguiu essas informações, Halie. Agora pode compartilhar de nossa glória e empalar os crânios daqueles miseráveis!
Halie arregalou os olhos, consternada. Não achava que realmente teria a capacidade de empalar alguém ou que ao menos pudesse ser útil em alguma coisa naquela missão, mas, mesmo assim, assentiu rapidamente e aceitou a posição de honra que lhe era oferecida.
– Então – continuou O Cavaleiro –, se estiver pronta, darei a ordem de ataque.
– Estou pronta, eu acho – respondeu Halie tentando soar confiante.
– Ótimo, então vamos andando. Tente não ficar para trás, Halie.
Os soldados dos Renegados se puseram em posição e iniciaram a marcha, seguindo sempre atrás de Forteski, que os guiava pelos caminhos tortuosos da Mina Elenfunda. Halie seguia no final da fila, tentando não chamar atenção, apenas seguindo os comandos dados pelo Cavaleiro.
A certo ponto, Mestre Forteski parou subitamente e, preocupado, pôs-se a examinar todos os cantos da larga caverna de pedra a que tinham chegado. Seu olhar se deteve em duas carroças de madeira recheadas com barris de explosivos, uma de cada lado de uma viga que sustentava a Mina, esta também rodeada de explosivos amarrados em sua base.
– Mas o que é isso? – murmurou o Mestre. Halie decidiu examinar a cena e percebeu que haviam alcançado o final da Mina sem encontrar nenhuma reunião entre líderes de matilha ocorrendo por ali.
– Sua ruína! – berrou Ivar Dentessangue, que aparecera de repente no final do caminho por onde tinham vindo. O gigantesco worgen atirou algo na direção dos Renegados e saiu correndo logo em seguida, deixando para trás uma tropa de mortos-vivos sem reação, todos encarando o lugar onde estivera segundos antes.
– BOMBA! – berrou Forteski, assustando a todos com a reação repentina. – É UMA ARMADILHA! CORRAM!
Halie não teve tempo de questionar quando notou o Mestre Forteski correndo em sua direção enlouquecidamente, berrando ordens para se afastar. Recebeu um empurrão violento do Cavaleiro, que acabou atirando-a alguns metros à frente. Derrapou no chão escorregadio até se chocar com a parede de pedra e um grito ficou sufocado em sua garganta quando sentiu o impacto da explosão atrás de si, seguido pelo calor do fogo.
Halie virou-se rapidamente, um tanto atordoada, e procurou desesperadamente a figura do Mestre Forteski em algum lugar em meio à destruição.
– Lembre-se de hoje como o dia em que Forteski salvou sua pele – disse uma voz fraca. Halie girou a cabeça em todas as direções até encontrar Forteski estirado a uma pequena distância de onde ela própria estava. – Agora vá! Volte para Sylvana!
Halie ainda demorou mais alguns instantes, tomando coragem para deixar toda a tropa ali, perecendo diante da armadilha montada por Dentessangue, e perguntando-se se seria aquilo o certo a fazer.
Saiu da Mina correndo, após uma última olhada à situação devastada de seus companheiros Renegados. Não posso fazer nada sozinha, pensava, procurando aliviar sua preocupação. Sylvana mandará alguém para tentar salvá-los, ou… recolher seus corpos.
Subiu em sua montaria e cavalgou o mais rápido que podia. O caminho até o Sepulcro parecia não ter fim e, por mais depressa que tentasse cruzá-lo, a paisagem parecia se arrastar ao seu redor. Chegou até a Rainha Banshee depois do que lhe pareceu um século e saltou de seu cavalo ainda em trote, sentindo-se uma criança trêmula e perdida.
– Mas já? – perguntou Sylvana olhando-a de cima.
– Deu errado – Halie respondeu chorosa. – Tudo errado! Era uma armadilha! Dentessangue nos deixou encurralados na Mina, sem ter pra onde correr, e então jogou uma bomba e… e… Mestre Forteski conseguiu me salvar, mas ele e os soldados…
– O QUÊ? – berrou a Rainha, chocada. – Bastardos malditos! Alguns de nossos soldados mais fortes estavam lá – bufou. – Eu subestimei Crowley e Dentessangue pela última vez. Pelos visto, eles não são como os inimigos que conhecíamos… Estão dispostos a sacrificar o próprio povo numa armadilha como essa… Isso é inédito na história da Aliança.
– Vossa Alteza – Halie murmurou. – E se eles… se eles tiverem sobrevivido? Alguém precisa ir até lá verificar, alguém tem que…
– É claro, querida – Sylvana tranquilizou-a. – Halie, é chegada a hora de destruir Crowley, Dentessangue e os cães que eles comandam. Precisaremos de astúcia e planejamento em níveis com os quais eles sequer sonham! Você tem a minha confiança, Halie. Vá para o Comando Avançado dos Renegados, em Guilnéas, e fale com o Comandante Sicário Belmonte. Mandarei a ele os planos e o avisarei para esperar sua chegada. Artura escoltará você até lá assim que estiver preparada.
Halie percebeu que tinha a boca um tanto aberta e tratou de fechá-la rápido. Condenou-se pela atitude boba, uma vez que já deveria estar acostumada com as surpresas que lhe eram oferecidas sob as ordens da Rainha Banshee. Mas jamais, em nenhum de seus piores devaneios, imaginou que pudesse ser mandada para Guilnéas. Ainda parecia-lhe uma hipótese extrema demais.
– E-eu… eh, certo… – gaguejou, observando Artura aproximar-se lentamente.
– Ótimo – disse Sylvana apressadamente. – Podem ir.
Soltou um gritinho agudo quando a mão etérea de Artura a ergueu do chão como se não pesasse mais do que uma trouxa de roupas, da mesma forma com que Ágata a havia levantado quando precisaram fugir dos worgens. A val’kyr prendeu-a entre seu braço e sua cintura e subiu cada vez mais enquanto sobrevoava as terras de Pinhaprata em direção à Guilnéas.
– Não tenha medo – disse Artura, percebendo seu receio. – Não vou deixar você cair.
Halie não respondeu, preferindo concentrar-se em manter os olhos bem fechados durante todo o caminho. Artura iniciou a descida sobre seu destino bem antes do que esperava, e Halie até se despediu, contente por não precisar passar mais tempo naquela situação.
– Comandante! – gritou assim que avistou Belmonte andando de um lado para o outro em frente às tendas do Comando Avançado.
– Ora, mas se não é a Halie! – disse ele. – Espero que você esteja pronta para a batalha, porque é só o que tem nesse muquifo do inferno. Estamos no coração do território disputado, e os vira-latas worgens não estão cedendo um centímetro.
Halie não se sentia pronta para a batalha, mas achou melhor guardar a informação para si. Deu um meio sorriso simpático ao Comandante e continuou a ouvi-lo, desejando internamente que a próxima ordem que recebesse não fosse nada ligado a cavernas.
– A Dama Sombria enviou Artura e você aqui com um propósito bem específico – continuou Belmonte. – Antes que eu possa dizer mais, precisamos fazer preparativos. Preciso que siga para leste, para a floresta de Guilnéas, e procure perto das árvores e pedras da região por uma planta especial chamada acônito, ou “mata-lobos”. Colete o máximo que puder carregar e traga para mim – ele a encarou seriamente por um momento. – Nossa missão vai muito além do campo de batalha, Halie. Com o tempo, tudo será revelado.
Halie assentiu, aliviada. Por menos empolgante que fosse precisar adentrar a floresta de Guilnéas, ao menos estaria livre para correr e se esconder. Além disso, se o combate entre worgens e Renegados estivesse mesmo tão acirrado como o Comandante havia lhe informado, ninguém estaria perdendo tempo àquela altura da floresta.
Já ia saindo quando ouviu seu nome ser chamado.
– Ei, Halie! Aqui!
Procurou e encontrou a fonte da voz: um jovem Renegado, coberto por armadura da cabeça aos pés, que acenava para ela de trás de seu escudo brilhante.
– Você é a Halie, não é? – perguntou ele quando Halie aproximou-se. – Que bom. Sou o Comandante Avançado da Ofensiva. Belmonte me avisou sobre a sua chegada. Deve ser uma combatente e tanto, hein, garota? – piscou. – Pois veja bem, Halie, perdemos comunicação com todos os postos avançados da linha de frente. Neste momento, não tenho a menor ideia do que está se passando com as nossas tropas em Guilnéas. Precisamos reestabelecer comunicação. Já que você vai seguir para leste, poderia ir até o promontório também? Fica para aqueles lados. Se apresente em nosso posto avançado na costa. A essa altura, os soldados devem estar todos mortos, mas o D.C.R. deles ainda deve estar operacional. Traga os dispositivos para mim, se for possível.
– Oh, certo… – respondeu Halie, confusa. – Mas o que é um D.C…
– D.C.R. – completou o Comandante Avançado da Ofensiva. – É a sigla para Dispositivo de Comunicação dos Renegados.
Halie assentiu e caminhou em direção à saída do Comando Avançado dos Renegados, odiando cada centímetro do novo lugar. Tudo parecia estar à beira da destruição e simplesmente não era possível acostumar-se à visão de dezenas de Renegados combatendo worgens por toda a estrada. Sentiu-se na obrigação de parar e ajudar alguns pobres mortos-vivos que pareciam estar perdendo terreno para os worgens, sendo empurrados cada vez mais para longe da central do Comando.
Acabou demorando mais do que devia para encontrar o que procurava. Avistou de longe a bandeira dos Renegados e aproximou-se para verificar o que o Comandante Avançado da Ofensiva já previra: os soldados estavam todos mortos, mas o D.C.R. estava intacto no centro da pequena base do Comando. Halie abriu a caixa que o protegia e retirou-o lá de dentro, guardando-o em seguida na segurança de sua bolsa.
Halie olhou para trás e percebeu que havia se afastado demais da floresta. Deu meia-volta e, quando chegou perto o suficiente da mata fechada, pôs-se a olhar com atenção para as pedras e árvores, em busca de alguma planta cuja aparência não sabia. Depois de um tempo de procura, fuçando por entre folhas secas e arbustos, começou a notar a presença de uma plantinha com flores minúsculas na base de algumas árvores. Coletou o máximo que pôde e só então voltou ao Comando Avançado dos Renegados.
– Aqui estão, Comandante – disse a Belmonte, entregando-lhe as plantas. – São esses os acônitos?
– São – respondeu Belmonte. – Muito bom. Agora, faça exatamente o que o Comandante Avançado da Ofensiva mandar. Se esforce para se misturar com o resto dos soldados, não queremos que a Frente de Libertação de Guilnéas desconfie de nada.
– Hum – murmurou Halie –, mas por que desconfiaria?
– Ah, você não sabia que eles estão nos observando? – perguntou Belmonte com uma risadinha. – Neste exato instante, há cinco espiões worgens de olho em nossa posição. Mas não se assuste, apenas fique calma e siga as ordens.
Halie caminhou, tensa, até o Comandante Avançado da Ofensiva, já com o D.C.R. em mãos para entregar-lhe.
– Oh, maravilhoso, você conseguiu recuperá-lo! – vibrou o Comandante. – Com este dispositivo, serei capaz de me comunicar com você em campo. Em seguida, vamos averiguar o resto de nossos postos avançados de linha de frente.
– Com licença, Comandante, mas o Senhor sabe que os arredores da base do Comando estão infestadas de worgens? – perguntou Halie. – Os pobres Renegados estão sendo subjugados, levados cada vez mais adiante…
– Eu sei – respondeu o Comandante com um aceno de cabeça. – Não sei por quanto tempo mais vamos aguentar, Halie. Crowley e os worgens Dentessangue conhecem cada esconderijo e local seguro em Guilnéas. Num minuto eles estão bem na sua frente, no outro, eles desaparecem! Vamos perder essa guerra por causa de ataques oportunistas, mesmo tendo um contingente maior. Mas minha mãe não criou nenhum molenga. Sou Renegado até o fim, minha camarada.
– Parei no caminho para ajudá-los – disse Halie, sentindo simpatia pelo Renegado armadurado que falava de sua causa com tanto fervor. – Conseguimos aliviar um pouco a situação.
– Oh, que ótimo! Se eu ainda respirasse, daria um suspiro de alívio – falou o Comandante após um sorriso. – Mas não vá ficando muito à vontade, Halie. Sua missão aqui está só começando.