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Este é o 4º artigo de 10 posts da série O Diário da Kinndy.

Tenha uma boa leitura e espero que gostem!


– O que é isso?
Ouvi uma voz imponente acima de mim, fechei os olhos fingindo não estar ali.
– Estou falando com você garota!
Fiquei ali, imóvel, imaginando que se não respondesse ele iria embora e eu não seria devorada por aquele monstro gigantesco.

– Tinha que ser uma escória da Aliança mesmo, não sabe nem falar essa raça inferior.
– Ei, olhe como lá como fala comigo!
Levantei num pulo e apontei o dedo pra cima, mirando no nariz dele. Ele era tão alto que batia no seu joelho. Se ele resolvesse não gostar do meu atrevimento viraria comida de monstro imediatamente.
– Ahhh, agora você fala e é insolente!
Ele olhou pra baixo e pude ver que tinha os dentes enormes! Já estava mentalmente me despedindo de papai e mamãe quando ele se virou e começou a sair de perto de mim.
– Mas… sua mãe não te deu educação? Você não sabe que é feio sair de perto das pessoas sem se despedir! Seu… seu grosso!
Ele parou de costas e eu senti um bloco de gelo se formar dentro do meu estômago. Adeus Azeroth cruel…
– É falta de educação sair sem me despedir da minha nobre raça, ou dos meus nobres companheiros de facção. Você não passa de um inseto pronto pra ser esmagado.
E continuou de costas, quando ele deu o primeiro passo pra ir embora eu corri para alcançá-lo. Não podia deixar que ele saísse sem eu dizer tudo o que estava engasgado.
– E porque você acha que é melhor do que eu? Por que sou pequena? Por que sou de uma raça diferente da sua? Por que você é um monstro gigantesco e forte?
Ele olhou pra baixo e fez algo que me surpreendeu: Sorriu.
– É pequenina, é assim que as coisas funcionam em Azeroth.
Sorrindo ele não parecia tão assustador, fiquei sem saber o que falar e quando menos esperava tomei outro susto, ele me pegou pelos braços e me levantou até a altura do rosto ele. Ele tinha olhos verdes e pequenos.
– Mas não é justo.
Disse sem conseguir parar de examinar os pequenos olhos dele.
– A vida não é justa.
E me colocou de volta no chão.
– Você ia me comer?
Uma risada ecoou por toda rua de Dalaran, os que passavam por perto pararam o que estavam fazendo para nos observar.
– Eu não ia comer você. Por que achou isso?
Encolhi os ombros e disse o óbvio.
– Porque você me odeia.
O sorriso sumiu dos lábios dele e fez um gesto com a mão para que eu o seguisse.
Ele foi alguns passos a minha frente e eu o segui fingindo não estar seguindo. Afinal, Dalaran era uma santuário, mas as facções não eram amigáveis uma com a outra.
Ele sentou num banco próximo ao monumento do Arquimago Antônidas e eu sentei ao lado dele.

– Qual o seu nome?
Disse balançando as pernas para fora do banco, percebi que o movimento estava o incomodando e parei, colocando as duas mãos nas pernas.
– Malvino.
Assim que me disse seu nome tirou o capacete e pude ver que sua pele era bem esverdeada.
– Seu nome é Malvino porque você é mal?
Outra risada. Ele deve ter me achado muito engraçada.
– Recebi esse nome em homenagem a meu avô, que foi um grande guerreiro.
– Você me odeia mesmo?
– Sim.

*Este capítulo ficou bem grandinho, então vou dividí-lo em duas partes. Até semana que vem!