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Este é o 1º artigo de 9 posts da série Vida e Morte de Arthas Menethil.

“Meu filho, no dia em que você nasceu, as próprias florestas de Lordaeron sussurraram o nome Arthas.
Minha criança, eu vi com orgulho você crescer como uma arma de Justiça.
Lembre-se, nossa linhagem sempre reinou com sabedoria e força. E eu sei que você vai mostrar contenção quando exercer seu imenso poder.
Mas a mais verdadeira das vitórias, meu filho, desperta dos corações de nosso povo.
Eu te digo isso, pois quando meus dias chegarem ao fim, você será Rei.”

-Rei Terenas Menethil II

 

Olá, heróis e heroínas de Azeroth afora!

Está aqui um personagem que eu acho difícil conter minha ‘fangirlsice’, mas vou ter de fazê-lo para o bem de todos. Posso passar horas e horas falando sobre o Arthas, detalhes minuciosos de sua personalidade e afins, afinal pra escrever a bendita história da minha paladina – a tal da Lianne – eu tinha que entender literalmente tudo o que tinha para se entender de Arthas.

Bom, pelo tanto de coisa que eu acabei escrevendo eu resolvi separar de 3 à 4 partes. Vou lançar todas consecutivamente, e espero conseguir o nível de detalhes que consegui aqui.

Essa primeira parte vai ser mais a infância e início da adolescência dele. Vai ter muitas citações do livro e poucas figuras. Why? Porque eu não terminei de desenhar as ilustrações pro livro e não achei nada de legal nas internetz. >(

Eu quero fazer deste primeiro post meu do ano algo especial, e fazer da espera de vocês valer a pena. Não sei se vou conseguir exprimir todos os detalhes de Arthas que eu conheço, mas podem fazer perguntas nos comentários.

Tem coisas como “Where in the World is Calia Menethil” – a versão nova da Carmen Sandiego, que existem menções nos livros de RPG, que não são canon – ou seja, não são oficiais -, mas se surgir perguntas desse tipo, eu vou deixar claro que é RPG e a Blizzard descanonizou tudo.

Dica: Ouça o tema do Arthas lendo alguns pedaços deste artigo, fica realmente épico. Eu quase chorei quando esta música foi tocada no Videogames Live em 2011… Épico demais… Isso ao vivo é indescritível…

Segue vídeo com o tema:
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=D4AoXMh0Di4]

 

O Menino Dourado

O pequeno Arthas nasceu como segundo filho do rei do reino humano de Lordaeron, Terenas Menethil II e sua esposa Lianne Menethil, 4 anos antes da abertura do Portal Negro [Dark Portal]. A característica marcante de Arthas é a cor de seus olhos, azul-esverdeado constantemente citados no livro que carrega seu nome no título.

Lordaeron

Sua irmã, Calia, é 2 anos mais velha que ele, e pela lei de Lordaeron, o filho homem mais velho deveria assumir o trono após a morte de seu pai – já uma idéia com a qual Arthas teria de se acostumar desde jovem. Calia deveria se casar com alguém que seu pai fizesse acordo e Arthas deveria casar com alguém que fizesse bem para o reino – uma filha de outro monarca seria perfeito.

Conforme Arthas ia crescendo, a diferença dele para os demais meninos da idade dele se tornava cada vez mais irritante. Arthas era um garoto hiperativo e carismático. Ele não tinha permissão de brincar com meninos que não fossem de origem nobre, mas ele o fazia escondido de qualquer forma, com a ajuda dos servos, que gostavam muito do garoto.

Aos 9 anos, Arthas e seu amigo Jarim, presenciaram o nascimento de um potro. E é aqui onde começamos oficialmente a saga de Arthas Menethil. Este potro se chamaria Invincible – Invencível, em inglês – e se tornaria o objeto de fixação de Arthas, talvez pelo resto da vida…

“Úmido, cinza, com as longas pernas entrelaçadas e olhos grandes, o potro olhou em volta, piscando à luz da lanterna fraca. Aqueles grandes olhos fixaram nos de Arthas.

-Você é lindo. – Arthas pensou, sua respiração parou por um momento, e ele percebeu que o muito falado ‘milagre da vida’ era realmente bastante milagroso.”
Arthas: Rise of the Lich King, capítulo 1

Após o nascimento de Invincible, Arthas estava todo sujo, mas antes de voltar ao castelo ele pensou em se jogar na neve e fingir que havia se sujado brincando. É nessa hora que ele ouve sons lá fora e finalmente Uther entra no estábulo. (Da hora a vida, né Arthie? – ok ok parei.)

Ele já ia achando que ia levar a maior bronca quando reparou que Uther usava armadura. Não era normal um guerreiro usar armadura fora de tempos de batalha. Na volta para casa, Uther explica que houve um ataque à Ventobravo [Stormwind] e a cidade não resistiu. Arthas estava chocado, perplexo, Ventobravo era uma cidade grande e maravilhosa. Ele pergunta a Uther como isso aconteceu. Uther apenas diz que eles já irão descobrir, uma caravana de sobreviventes estava a caminho da Cidade Capital [Capital City] neste exato momento, e entre eles estava o jovem príncipe Varian e o campeão de Ventobravo, Lorde Anduin Lothar.

Perplexo pela notícia e animado que teria outro garoto para brincar com ele, Arthas estava muito ansioso e, nos próximos dias, ficou a espreita de vultos à distância que poderiam ser os sobreviventes com dois soldado chamados Falric e Marwyn (Familiar pra alguém? :D) que tinham muita afeição ao menino (Sim, Arthas era amado por todo mundo.). Uther não havia mencionado sobre o pai de Varian, o rei Llane, então Arthas supôs que ele havia morrido. Logo, o príncipe Varian sentiria o peso da coroa sobre sua cabeça. Lembrando que Varian é poucos anos mais velho que Arthas, então isso coloca Varian entre 10 a 12 anos na Queda de Ventobravo.

Príncipe Varian na queda de Ventobravo

Arthas estava ficando entediado depois de alguns dias e queria logo ver o potrinho. Quando ele pensou em sair do castelo, ele avistou a caravana. Todo feliz, Arthas saiu correndo e foi avisar seu pai das novas.

Terenas estava em uma audiência, e aos poucos a ficha de Arthas caía. Um dia ele estaria ali, e Varian estará naquela posição ainda antes. Ele ainda tinha um pai. Foi quando o rei notou o filho e agradeceu as novas que ele trazia. Porém não permitiu que Arthas fosse ao encontro da caravana.

Quando finalmente foi apresentado formalmente à Varian, este agradece a amizade e o suporte nestes tempos difíceis, e a ansiedade de finalmente ter alguém para brincar, para duelar, acabava aos poucos. Varian estava devastado. Arthas até tentou conversar…

“Os dois meninos se encararam. A mente de Arthas era um branco total. O silêncio se prolongava desconfortável. Finalmente Arthas disse:

– Sinto muito pelo seu pai.

(…)
– Obrigado.

– Tenho certeza de que ele morreu lutando honrosamente e deu o melhor de si.

– Ele foi assassinado. – A voz de Varian era fraca e sem emoção. (…) – Uma amiga de confiança conseguiu com que eles se falassem sozinhos. E aí ela o matou. O apunhalou bem no coração. (…) – Eu odeio o inverno.”

– Arthas: Rise of the Lich King, Capítulo 1.

É interessante citar que a neve caía lá fora. Por quê? Muitos eventos ruins na vida de Arthas vão acontecer na neve, mas eu não vou dar spoiler aqui, vocês verão…. Se tiverem paciência de ler isto tudo! Hahaha! Ok, ok, voltando…

Conforme os dias passavam, o humor de Varian melhorava e ele e Arthas começaram a se aproximar. A ponto de chegarem a duelar tal como Arthas desejara, mas Varian era infinitamente melhor, mais rápido, mais forte, tinha mais técnica do que Arthas. Disse que em Ventobravo eles começavam o treinamento bem cedo e na idade de Arthas ele já tinha seu próprio set de armadura. Isso só serviu para deixar Arthas mais bravo… Terenas não havia colocado-o para treinar desde cedo e por isso Varian estava muito acima dele, isso o irritava. Desde pequeno Arthas já era orgulhoso. Para animar o amigo, Varian, entusiasmado  falou que quando a guerra acabasse, ele iria com Arthas até Terenas pedir para que ele pudesse treinar.

Eventualmente a Guerra acabou, e a Aliança formada por Lothar foi vitoriosa. Orgrim Martelo da Perdição [Doomhammer] fora capturado e agora seria aprisionado na Cidade Baixa [Undercity], a necrópole abaixo da Cidade Capital, da qual ninguém escapara (Agora você pensa naquele buraco enorme de esgoto que a gente usa pra invadir UC!). Varian está nervoso, ele observa o Orc passando pelas ruas, sendo vaiado, xingado, mas acha que aquilo não é o suficiente. Ele queria ver o Orc morto, morto e seu pai e seu reino vingados – ele mesmo disse que Turalyon devia ter matado Doomhammer quando teve a chance. Arthas nunca havia visto Varian com tanto ódio, mas ele supôs que fosse justo, se alguém tivesse matado seu pai a sangue frio e ter derrubado seu reino, ele gostaria que o responsável pagasse também.

Orgrim Doomhammer

Eventualmente Doomhammer escapa de Undercity e some. Dois anos se passam e nada de encontrar o Orc, Varian volta pra casa e aparentemente tudo volta ao normal. E de novo, Arthas se encontra pensando no cavalo, aquele cavalo que seria seu – Invincible. E então ele decide desobedecer as regras e montar no bicho. Eles estavam galopando quando o cavalo derruba Arthas e sai correndo.

Nervoso e frustrado, Arthas volta para o castelo onde ele encontra um Uther não muito feliz – nada feliz – que dá-lhe uma bronca pois o cavalo chegou sozinho aos estábulos e Arthas estava todo sujo e atrasado. Ele se arruma e corre para a capela real, onde sua familia e convidados estão ouvindo um sermão de um sacerdote da Luz. Ele reconhecia alguns: sua família, Uther, Muradin, o embaixador de Alta Forja, o rei Matatroll [Trollbane] e uma menina magra e loira, sentada de costas para ele. Obviamente ela deveria ser uma nobre porque estava entre a familia dele. Curioso e desastrado ele dá um encontrão com um banco e chama a atenção de alguns… Sua mãe olha para ele como se ele tivesse derrubado a prataria de casamento caríssima, Calia – com 14 anos – só olha feio, Terenas anui e ninguém mais parece perceber que ele está lá.

As bênçãos foram dadas eventualmente e Arthas descobre que a menina é na verdade Lady Jaina Proudmoore, filha do Lorde de Kul Tiras,  um ano mais nova que ele e a caminho de Dalaran onde ela estudaria para se tornar uma maga.

Ele nunca podia brincar com Calia, a irmã parecia uma boneca de porcelana. Já Jaina andava como alguém que estava acostumada a fazer coisas mais legais como cavalgar, correr, escalar. Arthas decidiu que definitivamente ela era uma garota que não se importaria de nadar num dia quente ou tomar uma bola de neve na cara – muito diferente da irmã dele. Mas quando ele foi falar com Jaina, eis que surge Muradin, se oferecendo para treinar Arthas. Ele ficou feliz, mas ao mesmo tempo triste pois ele não poderia conhecer a filha do Almirante direito.

A semana em que Jaina passou com a família Menethil poderia ser resumida em uma palavra: Responsabilidade.

Os treinos de Arthas demandavam muito do garoto e quando ele deitava, ele literalmente capotava, nos jantares ele não tinha chance de falar com Jaina pois Calia estava sempre de braços dados com a menina mais nova, tirando-a de perto de Arthas sempre que surgia a oportunidade.

Então para resolver todos seus problemas, Arthas chegou a uma brilhante conclusão. Ele se oferecera para escoltar Jaina até Dalaran. A proposta veio do garoto, o resultado foi um pai orgulhoso da responsabilidade do filho, uma menina sorridente e dias sem Uther dando sermão e sem apanhar de Muradim, Arthas estava muito satisfeito.

Ao invés de pararem na estalagem, Arthas teve outra brilhante idéia – ênfase em brilhante – ele sugerira que seria melhor que o grupo acampasse, afim de ganhar tempo e chegar em Dalaran antes do meio dia do dia seguinte. E então os soldados e as damas de companhia de Jaina montaram o acampamento – não, um menino de 12 anos não ia ficar andando com uma nobre de 11 por aí sozinhos…

No meio da noite, Arthas vai até a tenda de Jaina. Ela acorda em silêncio e calma. Ele… “Tá afim de sair em uma aventura?”, Ela…  “Que tipo de aventura?”, Ele… “Confia em mim.” – Eles são crianças, não vão pensar besteira… – “Ok”, ela disse.

Nas redondezas havia um campo de Orcs, sobreviventes da Segunda Guerra que Terenas mantinha vivos ao invés de assassiná-los como os demais reinos da aliança haviam sugerido. A idéia de Arthas era testá-la. Se ela era menininha mesmo não ia querer ver seres como os orcs, brutamontes, assassinos e terríveis (como lhes havia sido ensinado, e de fato a 1ª Horda foi… bastante assim, digamos…). Ela diz que não gostaria de vê-los, ele fica meio chateado e começa a atiçar a curiosidade dela sobre os Orcs. Ela não se importa, eles assassinaram o irmão dela, Derek. Arthas reforça a ideia de que eles estão nesses campos para não matar mais ninguém como o irmão dela e o pai de Varian.

Ele tinha tudo planejado, ele havia decorado as patrulhas para que eles não fossem vistos enquanto se aproximavam. O casal de crianças viu próximo de onde estavam uma família orc, um macho e uma fêmea que carregava um bebê.

” – Eles parecem tão tristes…
(…)
– Tristes? Jaina, esses brutos destruíram Ventobravo. Eles queriam extinguir a humanidade. Eles mataram seu irmão, pelo amor da Luz. Não desperdice nenhuma piedade com eles.
– Mesmo assim… De alguma forma eu não imaginei que eles podiam ter filhos…
(…)
– Claro que eles podem ter filhos, até ratos têm filhos. – Arthas disse, ele estava irritado, e novamente, ele deveria ter esperado isso de uma menina de onze anos.
– Eles parecem inofensivos o suficiente. Você tem certeza que o lugar deles é aqui? – Ela virou para ele, um rostinho branco sob a luz da lua, procurando pela opinião dele. – É caro mantê-los aqui. Talvez a gente devesse soltá-los.
– Jaina. – Ele disse, tentando manter a voz baixa. – Eles são assassinos. Mesmo que agora eles estejam letárgicos, quem sabe o que pode acontecer se eles forem soltos?.”

– Arthas: Rise of the Lich King. Capítulo 3.

A discussão se encerrou e eles voltaram para o acampamento. No caminho um guarda quase os avistou. Arthas pegou Jaina pela cintura e ambos se jogaram no chão. Depois que o perigo passou eles conseguiram cada um ir para sua tenda. Arthas finalmente conseguiu dormir, com um sorriso no rosto e satisfeito. Jaina havia se mostrado inteligente e conseguiu acompanhá-lo, ele estava feliz.

Dalaran naquela época

Na manhã seguinte, o grupo chega a Dalaran. Jaina está muito feliz por estar lá, mas a beleza da cidade dos Magi e sua ostentação deixavam Arthas um pouco desconfortável, ele estava muito feliz por ela, mas ele não se sentia bem vindo ali.

” – Me disseram que forasteiros não são bem vindos. – Ela disse. – Eu acho que é uma pena. Seria muito legal ver você de novo.
Ela corou, e por um momento, Arthas esqueceu a cidade intimidadora, e concordou do fundo do coração que seria muito bom ver Lady Jaina Proudmoore novamente. Muito legal mesmo.” 

O treinamento com Muradin continua e Arthas vai melhorando sua técnica. Muradin era definitivamente uma pessoa com a qual Arthas se importava. Em uma tarde enquanto voltava de um bom treino para seus aposentos, Arthas ouve sua irmã Calia chorando. Terenas sai dos aposentos de Calia. Arthas pergunta qual é o problema.

Terenas gostaria de casar Calia com um nobre, ela já estava próximo da idade e deveria ter um bom pretendente, porém ela não gostou do acordo que seu pai havia feito com o Lorde Prestor – quem vocês conhecem como Asa da Morte [Deathwing], mas ninguém sabia disso na época; ele estava fazendo um esquema para derrubar a Aliança por dentro. – O ponto é que Terenas estava dando uma ordem à filha e ela se recusava a obedecê-lo.

Quando Arthas foi falar com Calia, ela disse que o dever dela era casar com quem o pai dela quisesse, como princesa ela não podia fazer nada e isso a deixava triste, mas Arthas, ele não, ele poderia escolher alguém que fizesse bem para o reino. Mas ele não queria pensar nisso agora, ele não precisava pensar nisso agora. Tudo o que ele queria era o cavalo dele.

E juntos eles cavalgaram um pouco…E Arthas esquecia de seus problemas…

 

O jovem príncipe

O Brasão dos humanos, por Sam Didier, carrega o ‘L’ de Lordaeron.                                    For Lordaeron! For the Glory of the Alliance!

Mais velho, agora com dezessete anos, Arthas se ofereceu para fazer uma inspeção surpresa em um dos campos de Orcs mantidos por um homem chamado Aedelas Blackmoore, afim de ver se os caros impostos cobrados de seu povo estavam sendo colocados em bom uso. E Blackmoore não tinha boas referências, seu pai Aedelyn Blackmoore fora um traidor condenado por vender segredos de estado, apesar de ter sido apenas uma criança na época dos crimes de Aedelyn, Aedelas resolveu seguir carreira militar, diferente de seu pai. Blackmoore particiou de diversas vitórias na Segunda Guerra e fez um nome para si. O que mais irritava Arthas sobre o homem era o hálito forte de álcool que fazia presença toda vez que ele abria a boca.

Durante o jantar Arthas já estava de saco cheio de Blackmoore e de seu associado, Langston. E seu desgosto pela dupla só aumentou quando uma serva se aproximou e Blackmoore a tocou de modo impróprio. Ela uma jovem loira, magra, de olhos azuis e extremamente parecida com outra menina que ele conhecera anos atrás. Apesar do sorriso parecer legítimo, ele percebera uma infelicidade profunda nos olhos da moça.

Taretha Foxton era o nome dela, Blackmoore disse. Arthas sorriu, tentando animar a moça, mas ela apenas se foi. Blackmoore brincou com Arthas, que um dia ele teria uma dessas para ele, que ele ainda era jovem e brindou. Arthas pensou em Jaina e se forçou a acompanhar o brinde. Uma hora depois ele já tinha esquecido de Taretha e das dores que ele tomou dela.

Modelo de Taretha quando viva, e o de Jaina, quase 10 anos depois.

Sua garganta estava rouca de tanto gritar, e na arena, homens se digladiavam por diversão. Eles eram pagos para isso, mas tinha um gladiador em particular que não. Como Orc, ele era escravo de Blackmoore, ele era o Orc premiado e atendia pelo nome de Thrall – que se traduz basicamente como Escravo, por isso da Aggra preferir que ele se chame de Go’el – Thrall era o preferido do público e nunca havia perdido um duelo. Blackmoore diz que ele foi treinado para temer e respeitar os humanos. Thrall foi recolhido do campo de batalha quando bebê, seus pais mortos, Blackmoore o adotou, mas Taretha foi a responsável por ensiná-lo a ler, a escrever e pelos costumes humanos. Thrall a considerava sua irmã mais velha.

Aedelas com o bebê Thrall

O que Arthas mais temia sobre Thrall é que ele era tão habilidoso que se um dia ele escapasse ele poderia ensinar suas habilidades para outros orcs… Arthas sabia que apesar da segurança daquele lugar, era possível, se Orgrim Martelo da Perdição fugiu de Cidade Baixa, este Orc, muito mais jovem, poderia escapar dali. A noite Blackmoore envia Taretha aos aposentos de Arthas para “entretê-lo”, mas ele a manda embora. Ela protesta, se ela voltar para seu mestre ele vai machucá-la. Arthas vê as marcas roxas pelos braços da mulher e permite que ela faça compania, desde que os dois conversem.

Antes de sair do quarto, Taretha diz que está feliz em saber que seu próximo rei tem um coração tão bom, e que a dama que ele escolher para ser a rainha será muito feliz. O jovem príncipe então recorda da conversa que tivera com Calia anos antes. Ela era um ano mais nova que ele quando Terenas a forçou o casamento – que no final não deu certo, a identidade de Prestor foi revelada e tudo foi cancelado. Yay! – Ele provavelmente teria de encontrar alguém para ser sua rainha mais cedo ou mais tarde… Agora ele queria sair daquele lugar.

A Queda do Invencível

Eis que chega aquela época do ano quando o outono se despede e a brisa gelada começa a passear por entre as florestas de Lordaeron. O treinamento de Muradin finalmente estava completo e Arthas agora treinava com Uther. Mais alguns meses e ele faria 19 anos, e estaria pronto para integrar a ilustre Ordem do Punho de Prata.

Os conceitos passados por Muradin eram bem diferentes do que Uther agora o ensinava. Enquanto os guerreiros se utilizavam de qualquer artifício para ganhar, os paladinos tinham todo um ritual, muito mais focados nas atitudes dos combatentes do que na técnica do mesmo com a espada. Arthas julgava ambos os métodos válidos, mas ele não sabia se poderia aplicar as coisas que ele aprendera em batalha.

Era para ele estar numa sessão de rezas para a Luz, em seu treinamento de Paladino, mas seu pai havia ido resolver questões diplomáticas em Stromgarde e Uther estava acompanhando-o. Eis que Arthas tem mais uma de suas ‘brilhantes’ idéias. Invincible!

Claro, porque ele adorava aquele cavalo. Ele sentia como se um tivesse nascido para o outro, que eles em batalhas seriam companheiros inseparáveis, invencíveis… Invincible…

Arthas desceu para os estábulos e pegou seu amigo para dar uma volta. Estava frio, mas logo eles cavalgavam pelos campos brancos de neve próximos à Cidade Capital. Depois Arthas levaria Invincible para um estábulo quente e ele tomaria seu chá quentinho e gostoso.

Mas o frio deixou o rosto de Arthas meio adormecido, e com a velocidade que estavam, só piorava. Eles se prepararam para pular, Arthas segurou forte as rédeas de Invincible e logo eles estavam no ar, não pulando. Arthas sentia como se eles voassem. Só que eles não voavam. A queda foi muito pior do que se podia imaginar, no ultimo momento, os cascos de Invincible deslizaram no gelo. O cavalo derrapou. Quando Arthas deu por si, sua garganta estava seca de tanto que gritava. Não havia nada que ele pudesse fazer agora.

Um som, ele caiu no chão. Ele não conseguia se mover quando ele voltou a consciência. Onde estava Invincible? A neve havia ficado muito mais grossa e o jovem príncipe não conseguia ver nem 5 palmos à sua frente.

Quando ele encontrou o cavalo, ele estava sofrendo e ensanguentado. Suas patas dianteiras estavam todas quebradas. Arthas sentiu enjôo e vontade de vomitar, e o cavalo não conseguia se levantar mais. Ele gritou por ajuda, e o cavalo gritava de dor. Arthas chorava, não havia o que fazer. Ele não sabia manipular a Luz para curar.

Arthas nunca soube por quanto tempo ele ficou ao lado do cavalo, esperando para fazer o que ele sabia que tinha que ser feito. Ele chorava incontrolavelmente até reunir coragem.

Ele pediu desculpas. O cavalo já estava sofrendo em silêncio até lá. Arthas retirou a espada da bainha e a enterrou em seu amado animal, seu amigo.

Arthas nunca se perdoou por isso.

E quando ele voltou aos estábulos ele fez um voto. Um voto à si mesmo.

Se qualquer um precisasse de proteção – se um sacrifício precisasse ser feito pelo bem de todos – ele o  faria. Não importa o que custasse… ele o faria.

Considerações Finais

Bom, como podemos ver, Arthas foi uma criança bastante normal, psicologicamente falando. Ele buscava a aprovação do pai – isso vai se tornando pior com o passar do tempo – tal como as suas inseguranças – começou a treinar tarde, ter que se preocupar com casamento, audições, o peso da coroa. Essas coisas vão atordoar Arthas mais tarde…

E a perda do cavalo não ajudou em nada. Muito pelo contrário, essa culpa que Arthas sente em relação a não poder curar o cavalo e o sacrifício que ele teve de fazer vão assombrá-lo pelo resto da vida. Esse voto… vocês o verão novamente em Stratholme, Arthas vai decaindo conforme ele vê seu povo à mercê da praga…

Mas no fundo, ele era uma pessoa boa. A preocupação que ele tem com a irmã, a vontade de ver o sorriso de Jaina, o laço que ele cria com Muradin, a revolta pelo tratamento da Taretha, …

Bom, comentários são muito bem vindos, perguntas também. Não vale perguntar o tamanho da bota do Arthas – respondi essa hoje de manhã pro Aldareym – então esta está fora.

Espero que tenham gostado da parte 1. 🙂

Fontes utilizadas para a elaboração deste artigo:

Warcraft III – por Blizzard Entertainment
World of Warcraft – por Blizzard Entertainment

Arthas: Rise of the Lich King – por Christie Golden (2009)
Lord of the Clans – por Christie Golden (2001)

Warcraft Legends – Comic