Já parou pra pensar há quanto tempo você joga WoW? Já pensou daqui a dez anos, se ainda vai estar? Já pensou que pode ter gente que joga desde que o jogo foi lançado, e até hoje se mantém firme e forte, expansão após expansão? A variedade de pessoas e idades do jogo é tamanha que hoje vemos moços e moças de diversas idades, todos envolvidos numa mesma diversão. Diferentes maturidades, diferentes visões de mundo, diferentes níveis escolares, modos de vida distintos, e mesmo assim a gente sai fazendo amizade por esse mundão de Azeroth.
Hoje contaremos com uma entrevista, com um jogador muito especial. Ele sugeriu ao WoWGirl que tivéssemos um papo sobre pessoas com mais de quarenta anos que jogam WoW, segundo ele: os “coroas” que jogam WoW. Interessantíssimo na minha opinião, porque hoje a sociedade impõe que você, com quarenta ou mais anos de idade, tem que estar se estar casado, ter filhos, ter uma vida estável, ou seja, ser o cara estático, o famoso casa-trabalho-casa. Eu penso que qualquer fase da vida é fase para se superar, começar algo novo, ter experiências novas, e não seguir uma vida linear em direção a uma velhice comum, como uma predestinação. O que dizer dessas pessoas que preferem aproveitar essa fase de jogando WoW?
O jogador em questão é o Vinicius Orsatti, 41 anos, mora no interior de SP. Ele é médico intensivista (UTI) e coordenador de UTI, é casado, tem dois filhos de 10 e 7 anos. Se personagem principal é um paladino chamado Rakinn.
Milena – WoWGirl: Primeiro, queria que você contasse como se interessou por jogos e como conheceu o World of Warcraft? Vinicius: Acho que minha geração foi a primeira a ter contato com vídeo games na adolescência. Meu primeiro vídeo game foi um Atari, joguei muito. Então tive contato desde a infância e continuei jogando ate hoje. Temos ainda em casa um WII e um Play 3, jogo muito com meus filhos. Tive contato com o WoW há uns quatro anos (lendo pelo UOL Jogos, acredite se quiser), aí resolvi testar e não larguei mais. Comecei no Scryers (servidor privado de WoW) e jogo com uma galera desde aquela época. Estamos juntos até hoje.
WoWGirl: Alguém teve alguma reação diferente com você, por começar a jogar jogos online? Vinicius: Sim, minha esposa (risos)! E os amigos de trabalho também. Onde já se viu um médico jogando online? Esse aqui é meu Lexotan (Nota: Lexotan é um calmante), depois de um dia de trabalho na UTI isso aqui é o paraíso. Imagina só: Trabalho como um louco o dia inteiro, uma pressão enorme, aí chego em casa, coloco as crianças para dormir e posso jogar à vontade (mas a televisão é da esposa).
WoWGirl: Incentiva seus filhos e sua mulher a seguir pelo mesmo caminho? Vinicius: Tentei trazer minha esposa milhares de vezes, sem chances. O mais velho às vezes joga, mas não curte muito. Agora o mais novo é de lascar, joga bem. Meu filho mais novo tem uma conta só para ele, já tem um guerreiro lvl 30 e esta aprendendo curar com meu paladino (até covardia nessa expansão…).
WoWGirl: Fale mais das outras pessoas que jogam com você. São mais ou menos da mesma faixa etária? Eu imagino que os motivos deles jogarem sejam iguais aos seus, conheço bastante gente que usa o WoW como fonte de relaxamento pós dia cansativo. Vinicius: Todos têm entre 35 e 45 anos, todos eram viciados desde a infância em vídeo games, começamos com o Atari. Todos aqui na guilda temos profissões, enquanto em outras a maioria são estudantes. Uma coisa que eu e os outros “coroas” temos no jogo é o que chamamos de “The most powerfull wipe on the game”: o chamado das esposas. Raidar com os “coroas” e com as pessoas de fora tem diferença, por exemplo: Temos muito mais paciência (e por isso temos pouca progressão, mas sempre terminamos as raids dando gargalhadas – seguidas de um esporro do raid líder…), tomamos wipe dando risada, não brigamos por loot, levamos muito a sério os compromissos com a raid semanal. Para nós que somos de outra geração isto é um jogo, focamos em diversão e não em progressão. Além disso, no meu grupo de raid temos advogados, dentistas, gerentes de banco, bombeiro, e acredite se quiser: até um gari. É um grupo muito eclético, mas ao mesmo tempo todos são iguais.
WoWGirl: A sua idade ou a de algum colega interfere em alguma parte do jogo? Digo interferir no sentido de mudar, se faz alguma diferença. É muito legal pessoas com maior maturidade se interessar por jogos que muitos dizem ser “infantis” (não pelo modelo do jogo, mas pelo simples fato de ser um jogo). Vinicius: Já pensei, até como médico, que a idade poderia interferir nos reflexos in game. Mas WoW não é um jogo de reflexos tipo Call Of Duty, então realmente não interfere. Quanto à maturidade, o que você faz na vida real você faz no jogo, simples assim: ou joga limpo, ou joga sujo.
WoWGirl: O que mais você gosta no WoW e porque? Vinicius: Esse jogo owna (risos)! Imagina falar isso no hospital! Meus personagens todos são curadores, assim como na vida real: eu fico lá, curando as pessoas na UTI. O nome Rakkin do meu personagem principal, em árabe, significa médico. Curto DPS, detesto tankar. Com paladino ta uma covardia curar nessa expansão.
WoWGirl: Como faço pra fazer meus pais jogarem WoW? (risos) Vinicius: Só falo se me disser como trago minha mulher pra jogar também (risos).
WoWGirl: Já que você sugeriu esse post, queria que você terminasse ele. Você me pareceu muito apaixonado pela sua profissão, tem algo que você leva do jogo pra vida real? E algo que gostaria de passar adiante? Vinicius: Levo do jogo alguns fundamentos: lealdade, liderança, companheirismo… isso tudo é importante na vida real. É importante que o pessoal mais novo entenda que isso é um jogo, aqui se criam laços de amizade e unem pessoas, ao contrário do que dizem dos jogos online. Tem que levar menos a sério, porque além de criar amizades e nos divertirmos à beça, o WoW é um jogo de nota mil.
Me diverti a beça entrevistando o Vinicius, e quero eu estar aos 20, 30, 40 jogando também. Acho que até lá o WoW vai sofrer muitas mudanças. Uma coisa que foi bastante falada: as amizades. Quero levar todas as amizades que adquiri in game pro túmulo, as pessoas que conheci aqui são muito importantes. E aquela martelada de sempre, make love, not Warcraft! Mais diversão, menos tensão.
Muito obrigada aos leitores, aos futuros comentários, e ao nosso entrevistado. Até a próxima quinta!