Em 22 de julho de 2011, um homem louco explodiu um carro bomba em Oslo, na Noruega, e saiu atirando em um acampamento, matando no total 77 pessoas. O julgamento dele vem acontecendo há uns meses, e por isso muito tem se falado nesse assunto. Mas infelizmente, ao invés de focarem nas motivações políticas do assassino, ou no fato de que ele simplesmente é um psicopata que vive uma realidade paralela, a imprensa mundial e a promotoria norueguesa vêm batendo em uma mesma tecla repetidamente: O assassino era um gamer, e jogava, principalmente, World of Warcraft.
Siim, amiguinhos. Não importa ele ser doente, não importa ele querer que a pureza racial na Noruega e ter confessado que a motivação do assassinato era para se livrar de pessoas que apoiavam a imigração e a mistura étnica. A única coisa que importa é que, durante o tempo que ele tirou ‘férias’ para planejar o massacre, ele jogava videogame.
E segundo a imprensa, ele não apenas jogava videogame. Segundo veículos especializados e a própria promotoria norueguesa, os jogos foram os responsáveis pelo treinamento de ‘combate’ do assassino, e o vício dele nos jogos foi o motivador do crime – porque claramente ter idéias deturpadas e um certo desequilíbrio mental não têm absolutamente nada a ver com isso.
O maior problema disso tudo não é o fato do cara ter jogado Modern Warfare e WoW, mas sim o fato de que, quanto mais gente falando nisso, mais pessoas acreditam no que é dito. Veja, nós criamos nossas opiniões e idéias sobre qualquer fato nos baseando nas impressões que temos desse fato – sejam elas impressões próprias, de nossa vivência, ou impressões que chegam até nós por meio da imprensa e internet. O que uma pessoa que não conhece absolutamente nada de jogos, não se entende com esse tipo de tecnologia, nunca considerou ter esse tipo de hobby, depois desse bombardeio de notícias vai ter como impressão do jogo E das pessoas que o jogam? Qual o motivo de, após cada tragédia desse tipo nós termos que nos defender desse tipo de acusação? Porque podem não nos acusar diretamente, mas a partir do momento que dizem que o jogo muda a cabeça de quem o joga, todos nós passamos a ser suspeitos de potenciais crimes.
Infelizmente parte da imprensa de hoje não se preocupa mais em noticiar a verdade, e sim, em chamar a atenção. E um matador que foi influenciado por um jogo rende muito mais que uma pesquisa que prova que, com o aumento de vendas de games nos EUA, houve uma queda significativa em atos criminosos, como ilustrado no seguinte gráfico:
Não, nós não devemos nos sentir mal porque um assassino em massa jogava WoW. Afinal de contas, para quem tem tendências psicopatas e maníacas até teletubbies pode incitar violência e ser inspiração de táticas de ataque; também não devemos reagir de forma exaltada a essas notícias, já que esse tipo de reação tende a afirmar o que esse povo tanto insiste em dizer sobre jogos e suas influências. Se forem questionados, digam apenas que o cara era louco, e com ou sem jogo ele teria feito o mesmo – o que é nada menos que a verdade.