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Tauren___AppleBlossom_by_frisket17Olá, eu sou uma Tauren. Prefiro manter meu nome em sigilo, para evitar possíveis retaliações… hoje estou bem comigo mesma, mas nem sempre foi assim, e infelizmente a situação continua crítica para muitas da minha raça. Sou desprezada pelo meu tamanho e falta de delicadeza… sofro muito com os olhares rudes das humanas, night elves, gnomas, e até das blood elves, da minha propria facção! Me consideram inferior só porque tenho cascos e chifres. Me chamam de vaca. As drainei também tem cascos e chifres, mas todo mundo só repara nas coxas delas… tudo bem que eu sou peluda, e elas não. Mas isso ainda não é motivo para tanto desprezo!

Eu, ao contrário de muitas amigas Taurens, sou druida, e por muito tempo me escondi atrás de minhas outras formas, para evitar os comentários maldosos. Mas na maioria das vezes nem com as minhas características camufladas em minha forma de leão ou pássaro eu conseguia me livrar do bullying. Sim, posso dizer qu sofro bullying, assim como a grande maioria das Taurens. Por um tempo tínhamos a ajuda das trolls e orcs, mas desde que Magatha Grimtotem traiu a Horde provocando o assassinato de Cairne Bloodhoof, a simpatia delas desapareceu. Estamos sendo todas julgadas por conta de uma traidora! Que ainda por cima, é uma Grimtoten!

Hoje consigo conviver melhor com isso, depois de muita terapia, chocolates, escolha de tiers que favoreçam meu corpo e matando umas critters de vez em quando, para desestressar, já que só encontramos chocolates em Azeroth na época do Valentines. Mas o caminho até o estado de aceitação em que vivo hoje não foi nada fácil. As mulheres podem ser muito, muito cruéis. Isso porque nem mencionei o que acontece quando por acaso nos apaixonamos por um belo orc, por exemplo. Eles mal nos olham! E nossa auto-estima vai ao chão. E olha, da altura que somos, é uma queda enorme.

Foi difícil achar uma terapeuta que aceitasse me escutar, e que entendesse que meu problema, assim como de muitas outras Taurens, era real. Tudo é muito dissimulado, e em sociedade, somos os amiguinhos pacifistas, que todos gostam e admiram pela calma e pelo amor à natureza. Mas uma nobre Goblin percebeu a profundidade das cicatrizes emocionais que eu carregava, e aceitou fazer sessões que me mostraram que devo ter orgulho da minha raça, do meu porte, do meu corpo, e até dos meus chifres! Nós também passamos muito tempo falando dos defeitos das outras raças, o que sempre dá um up no ânimo. Eu continuo com minhas sessões, que se tornaram mais esparsas, pois a terapeuta encontrou o nicho de mercado e conquistou muitas outras pacientes, pois, como ela diz, ‘time is money, friend’! Mas é fato que sem ajuda profissional eu não teria conseguido forças para voltar a andar pelas ruas de Orgrimar de cabeça erguida.

Encontrar um amor também foi um fator determinante na minha recuperação, pois o apoio e segurança que recebo de meu querido companheiro. Ele não é um Tauren, mas por motivos de privacidade, prefiro deixar a raça dele em segredo. Ele consegue me enxergar além dos chifres e pêlos, e faz com que meus dias sejam mais felizes. Me encontrou deprimida chorando às margens do Stonebull Lake, depois de uma longa temporada no Inn de Thunder Bluff, e cuidou de mim de uma forma que eu não imaginava merecer! Por isso digo a todas que me procuram para aconselhamento, ou que vejo seguindo pelo caminho em que eu me encontrava: não se fechem ao amor inesperado… pois ele pode salvar sua vida!

Aprendi, além de gostar mais de mim mesma, e evitar usar outras formas só para me esconder, a respeitar mais todas as outras raças. Viver na pele o preconceito e o desprezo me fez ter empatia com aquela pobre undead que não pode tirar a mordaça, pois sua mandíbula cai. Ou a goblin que já nasceu com tantas rugas que nem todo o botox de Azeroth poderia esticar. Ou até mesmo com a linda blood elf que não sabe nem soletrar o próprio nome, pois foi ensinada que beleza e feitiços valem mais que todo o resto.

Finalmente, deixo o seguinte pensamento: trate todos com a mesma delicadeza e cuidado com que gostaria que fosse tratado. Ainda é um exercicio difícil para mim, que aprendi a ser rude para me defender dos ataques, mas não se esqueça que, quanto pior alguém se sente, mais tristeza ela espalha pelo mundo, contaminando todos à sua volta, trazendo desunião – e criando um ambiente perfeito para que o mal se estabeleça em Azeroth.